Como tuíte de 2018 de Musk acabou no tribunal, governo monitora caso Americanas e o que importa no mercado

Leia edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (19)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (19). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:

O julgamento de um tuíte

O bilionário Elon Musk é alvo de uma ação coletiva de investidores da Tesla por um tuíte que ele publicou em agosto de 2018.

O julgamento começou nesta semana nos EUA, e há a expectativa de que o CEO da montadora seja ouvido nos próximos dias, segundo a agência Reuters.

Entenda: Musk disse no Twitter na época que "estava considerando fechar o capital da Tesla por US$ 420 por ação. O financiamento está garantido".

  • Musk e Tesla concordaram ainda em 2018 a pagar US$ 20 milhões cada um para encerrar o processo na SEC (CVM americana). O bilionário também teve que deixar o cargo de presidente do conselho da companhia.
Elon Musk no evento "Cyber Rodeo", no Texas (EUA) - Suzanne Cordeiro - 06.abr.2022/AFP

Volta para 2022. O investidor Glen Littleton, que toca a ação coletiva, disse que os acionistas da Tesla sofreram prejuízos na negociação dos papéis por causa da publicação.

  • O juiz Edward Chen, que atua no julgamento, já determinou que as declarações de Musk sobre o negócio eram falsas e que o bilionário as publicou de forma imprudente.

O que cada lado já disse no julgamento:

  • O advogado representando os acionistas da Tesla que se sentiram lesados disse que Musk mentiu ao afirmar que o financiamento estava garantido.
  • O representante do bilionário disse que o empresário se "expressou mal" e que ele realmente considerava a opção de fechar o capital da montadora, mas não teve apoio dos acionistas na decisão.

Um júri de nove pessoas deve decidir se os tuítes de Musk inflaram artificialmente o preço das ações da Tesla, e se sim, em quanto.


BTG pode bloquear R$ 1,2 bi da Americanas

O banco BTG Pactual conseguiu um mandado de segurança contra a liminar obtida pela Americanas no último dia 13, que impedia que seus ativos fossem bloqueados.

Entenda: a decisão permite ao banco reter R$ 1,2 bilhão que a Americanas tinha depositado na instituição como garantia de financiamentos.

  • O BTG tinha entrado na Justiça para garantir a trava a esse valor no dia 12, portanto antes da cautelar obtida pela varejista.
  • Outros bancos também recorreram da decisão liminar que, na prática, antecipa os efeitos de uma recuperação judicial (RJ) –processo cujo pedido deve ser feito pela companhia nos próximos dias.

Governo monitora o caso: por concentrarem um terço (R$ 6,4 bilhões, sem considerar juros) da dívida de R$ 20 bilhões da Americanas, bancos públicos devem participar, via AGU (Advocacia-Geral da União), como parte interessada na RJ da companhia.

  • Conforme antecipou a Folha, a varejista pedirá o "congelamento" de aproximadamente R$ 20 bilhões em dívidas, mas o valor pode mudar a depender do tamanho da dívida e da avaliação do juiz.
  • O processo deve envolver desconto das dívidas durante o plano de recuperação e por isso será monitorado pelo governo.

Um levantamento feito à Folha mostra que a RJ da Americanas, levando em conta a cifra de R$ 20 bilhões, seria o quarto maior processo desse tipo já feito no Brasil. Ficaria atrás de Odebrecht (R$ 80 bilhões), Oi (R$ 65 bilhões) e Samarco (R$ 55 bilhões).



Mais sobre o escândalo na Americanas

A companhia mais que dobrou o valor médio pago a diretores entre 2020 e 2021, passando de R$ 4,3 milhões, em valor corrigido pelo IPCA, para R$ 8,5 milhões. A remuneração considera salários, bônus e pacote de ações.

Opinião | Sem uma recuperação judicial ou uma doação milagrosa e instantânea dos atuais acionistas, a companhia não tem saída, escreve o colunista Vinicius Torres Freire


US$ 2 por hora para treinar o ChatGPT

A OpenAI, startup de inteligência artificial (IA) por trás do ChatGPT, contratou o serviço de uma empresa que pagava menos de US$ 2 por hora para que quenianos treinassem o popular chatbot, segundo uma reportagem da revista Time.

O trabalho incluía a análise de identificação de conteúdos abusivos e ilegais, segundo a publicação. A OpenAI disse que a responsabilidade de gerir pagamentos era da empresa contratada.

Entenda: robôs de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, são treinados com uma quantidade imensa de dados e informações disponíveis na internet para construir uma rede de linguagem neural, que reunirá as informações e criará textos (artigos, poemas etc) coerentes.

  • No caso reportado pela Time, os trabalhadores terceirizados por meio da empresa Sama treinavam um algoritmo auxiliar que evita que o ChatGPT ecoe declarações tóxicas e preconceituosas, comuns na internet.
  • Segundo a revista, o conteúdo envolvia inclusive pornografia e abuso sexual. Um dos quatro trabalhadores ouvidos afirmou que teve de analisar uma passagem sobre relações sexuais de um homem com um cachorro na frente de uma criança.

Em números: os contratos intermediados pela Sama, que diz atuar na área de inteligência artificial ética, envolviam pagamentos entre US$ 1,46 e US$ 3,74 por hora, segundo a empresa.

  • A Time, que fala em valores entre US$ 1,32 e US$ 2, afirma que a companhia recebia US$ 12,50 por hora de serviço contratado. O pagamento incluía um adicional de US$ 70 (R$ 356), em função do trabalho com materiais explícitos.

Outro lado

Em nota, a OpenAI disse que "fomos informados que a Sama oferecia um programa de bem-estar e aconselhamento individual aos trabalhadores, que podiam recusar tarefas sem penalização. Pelo contrato, exposição a conteúdos explícitos deveria ter um limite e informação sensível deveria ser tratada por profissionais especializados".

Em março de 2022, a Sama decidiu romper o contrato após a OpenAI solicitar a classificação de imagens abusivas. Nos pacotes enviados à intermediadora, havia imagens de pedofilia.

A OpenAI afirmou que seus empregados foram instruídos a não coletar materiais sobre abuso contra crianças.


Madri oferece 'cashback' a estrangeiros

O governo da comunidade autônoma de Madri vai lançar um incentivo fiscal que funciona como uma espécie de "cashback" para os estrangeiros que investirem na região.

Entenda: pessoas que moram fora da Espanha e fixarem residência fiscal na comunidade de Madri terão 20% de volta do que investirem.

  • Não há valor mínimo exigido e o aporte pode ser financeiro, em ações ou fundos bancários, colocado numa empresa ou na aquisição de imóveis, como um apartamento.
  • A devolução virá como um desconto no imposto de renda anual. O incentivo vale para qualquer um que não tenha morado no país nos últimos cinco anos —mesmo que seja espanhol.

A Comunidade de Madri é um dos 17 estados da Espanha e compreende uma região em torno da capital que engloba 179 municípios.

Veja outros incentivos de governos à população:

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.