'Engrossar o coro pela redução da taxa de juros é fundamental', dizem montadoras

Produção de veículos tem alta de 5% em janeiro, segundo dados da Anfavea divulgados nesta terça

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São Paulo

O ano da indústria automotiva começa com 152,7 mil veículos leves e pesados produzidos, segundo a Anfavea (associação das montadoras). Houve alta de 5% em relação a janeiro de 2022, mas queda de 20,3% na comparação com dezembro.

Grandes oscilações nas viradas de ano são o padrão do setor, devido a férias coletivas e aceleração nas vendas registradas na época do pagamento do 13º salário. Mesmo assim, 2023 começa com resultados melhores um ano após um dos períodos mais críticos no fornecimento de componentes.

Carros estacionados em pátio da fábrica da Volkwasgen em Taubaté - Paulo Whitaker - 19.jun.2015/Reuters

Mais do que mostrar os resultados, a apresentação dos números do mercado foi um sinal dos novos tempos da relação entre a indústria automotiva e o poder público.

A divulgação online dos dados de produção foi feita a partir da nova sede da associação em Brasília. A entidade disse que tem recebido representantes do governo ao longo desta semana, confirmando o trabalho de aproximação com o entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O encontro mais importante será com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB). Na ocasião, Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, vai reforçar o pedido de previsibilidade na indústria e também mostrar apoio ao discurso em favor da redução da Selic, a taxa básica de juros do país.

"Algumas falas foram muito marcantes para o setor automotivo no mês de janeiro, o presidente Lula tem ressaltado o seu compromisso com a reindustrialização do país e também tecendo críticas em relação aos juros", disse Leite.

"Aqui não estamos discutindo a forma como isso tem ocorrido, mas, principalmente, a essência. O setor automotivo tem falado que precisamos ter condições de vendas para o consumidor, e com a taxa de juros que temos hoje, esse consumidor tem saído do mercado."

O presidente da Anfavea ressaltou que esse movimento não é simples, por considerar os desafios do cenário global, mas necessário. "Engrossar o coro pela redução da taxa de juros é fundamental para a nossa indústria."

Nesta segunda (6), durante a posse do novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, no Rio, Lula disse que a atual taxa básica de juros do país é "uma vergonha". Representantes da associação das montadoras estiveram presentes na cerimônia.

O presidente da Anfavea gostou de ouvir as falas sobre reindustrialização. "Essas palavras soam como música nos nossos ouvidos", disse durante a coletiva da entidade, nesta terça (7).

A entidade tem insistido na pauta da retomada industrial e questiona até a isenção do imposto de importação sobre veículos eletrificados.

"Essa alíquota zero não pode travar a produção local, mas o que que desejamos é previsibilidade para que as montadoras decidam como irão investir no Brasil", afirmou Leite. "Tudo o que queremos é atrair a produção local."

As empresas têm investido em veículos com tecnologia híbrido flex ou que concilim apenas etanol e eletricidade, como o grupo Stellantis. Na visão da Anfavea, esses aportes podem ser mais vultosos caso haja incentivo à produção local conciliado a mudanças nas regras atuais.

Uma das ideias é manter a redução do imposto de importação apenas para empresas que também invistam na montagem nacional de veículos elétricos. Atualmente, apenas os segmentos de ônibus e caminhões oferecem alternativas nacionais que não queimam combustível.

Na última semana, a Fenabrave (associação dos revendedores de veículos) divulgou os resultados de vendas. Foram emplacadas 142,8 mil unidades, número que inclui carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões. Houve alta de 12,7% na comparação anual, mas recuo de 34,1% em relação a dezembro.

José Maurício Andreta Júnior, presidente da entidade, lembrou que, em janeiro de 2022, o setor registrou o pior resultado para o mês desde 2017.

"Os estoques das concessionárias estavam baixos, por conta da crise de abastecimento global, além de ter sido um período em que a variante ômicron da Covid-19 causava grande preocupação na população", afirmou o executivo.

Agora esses estoques se mantêm estáveis, com carros suficientes para atender a 38 dias de comercialização. Não é um número preocupante, mas já há campanhas de venda e reduções pontuais de preço de modelos zero-quilômetro. Essas iniciativas ocorrem após um longo período de altas.

As exportações registraram alta de 19,3% na comparação entre os meses de janeiro. Houve queda na demanda de Chile e Colômbia, mas a Argentina deu sinais de melhora, embora sobre uma base comparativa rasa.

Com Reuters

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