Descrição de chapéu Congresso Nacional

Governo Lula traça estratégia para se prevenir de ataque bolsonarista a preço de combustíveis

Planalto aciona aliados para defender alta da gasolina e contra-atacar discursos bolsonaristas

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Brasília

O governo Lula acionou, nesta terça-feira (28), sua base aliada para um contra-ataque às críticas dos bolsonaristas à reoneração dos combustíveis no país.

Enquanto no Palácio do Planalto colaboradores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) traçavam estratégia de articulação no Congresso, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reuniram, ainda na noite de terça, aliados para justificar as medidas anunciadas menos de uma hora antes.

O movimento tem como objetivo debelar resistências e atrair defensores não somente nos demais partidos da base governista, mas também no próprio PT, de Lula.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista para anunciar a reoneração dos combustíveis - Pedro Ladeira/Folhapress

Segundo petistas, a ideia é neutralizar no nascedouro uma ofensiva dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). Primogênito do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi às redes criticar a decisão do governo Lula. "Vai no posto de gasolina e aperta 13 para ver se tem desconto!", publicou.

Antes acuados, especialmente após as invasões e depredações das sedes dos Três Poderes, bolsonaristas teriam agora munição e a intenção do governo seria oferecer contra-argumentos aos parlamentares.

"Estamos consertando o desmonte que eles fizeram com a economia. O desmantelamento e irresponsabilidade que fizeram no país", afirmou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), ao final do encontro com Haddad.

O parlamentar chamou o modelo anunciado por Haddad de "desmame progressivo até a redefinição de uma política de preços da Petrobras".

Originalmente, só os líderes de partidos aliados na Câmara seriam convidados para a reunião com Haddad. Mas, por sugestão do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), os senadores também foram chamados.

Durante o anúncio, Haddad fez questão de reforçar que os parlamentares seriam consultados sobre as conversas envolvendo a reoneração.

"Estamos ouvindo muitos parlamentares. Eu já recebi todos líderes [partidários] aqui para conversar sobre as medidas de 12 de janeiro [pacote econômico]. Vou receber os líderes para conversar sobre as medidas de hoje", afirmou.

O ministro disse que os parlamentares não foram alijados da decisão. "Até porque a última palavra é do Congresso. Quero lembrar também que nós estamos aqui reparando um grave problema que foi cometido durante o processo eleitoral."

"Isso tudo foi gerado ano passado. Passados dois meses, 70% do nosso tempo ainda é dedicado a corrigir as enormes infelicidades praticadas pelo governo anterior, eu quero chegar a um dia em que os problemas do governo anterior não existam mais, para a gente se dedicar ao futuro."

Ao longo do dia, interlocutores de Lula se esforçaram para afastar a ideia de divergências entre Haddad e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR). Ao fim da noite, Gleisi —que tinha criticado publicamente a reoneração— elogiou a medida nas redes sociais.

A presidente do PT, que tinha sido informada pelo próprio presidente dos termos da proposta, publicou nas redes sociais um elogio à fórmula, que atribuiu a Lula.

"Presidente Lula teve sensibilidade para diminuir o impacto da reoneração de combustíveis no bolso do consumidor, com redução de alíquotas dos impostos e do preço na refinaria", afirmou Gleisi.

Sem citar diretamente o ministro da Fazenda, a deputada defendeu a construção de uma política de preços mais justa e revisão do que chamou de indecente distribuição de dividendos da Petrobras.

Além de uma resposta aos ataques bolsonaristas, a convocação de aliados traduz, segundo colaboradores do governo, a disposição de municiar a base contra reações de setores do mercado que venham a ter seus interesses contrariados, por exemplo, com a taxação da exportação de óleo cru.

Guimarães lembra ainda que a decisão favorece o setor alcooleiro e tem, em seu favor, a proteção do meio ambiente.

Durante a discussão da reoneração, representantes do setor alcooleiro apelaram ao governo para que não fossem abatidos com a medida. Segundo petistas, saíram satisfeitos com o modelo apresentado nesta terça.

"Há os contrariados, os bolsonaristas. Mas há setores favoráveis, como o alcooleiro. Este foi na mosca", argumentou Guimarães.

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