Neon anuncia demissão em massa, após ter arrecadado quase R$ 4 bi

Ex-funcionários dizem que foram quase 200 demissões; fintech afirma que cortes visam desafios macroeconômicos

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São Paulo

As demissões do setor de tecnologia e do ramo financeiro chegaram à fintech Neon, que confirmou à reportagem a redução em sua folha de pagamentos, mas não detalhou o tamanho do corte.

Colaboradores dispensados estimam que os desligamentos devem atingir de 9% a 10% do pessoal do banco digital —o que representa quase 200 pessoas. Uma planilha que circula no LinkedIn para reunir os currículos das pessoas demitidas tem mais de 70 nomes. Mais de dez ex-funcionários anunciaram nas redes sociais ter recebido a notícia da demissão nesta quarta-feira (15).

Pedro é um homem branco com cabelos castanhos e cacheados. Ele usa uma camisa azul e está de braços cruzados. No fundo, há um púlpito de madeira e um painel azul, onde é possível ler a palavra "responsável".
Pedro Conrade, CEO e fundador da fintech Neon - Divulgação

Entre os demitidos, há trabalhadores de tecnologia, venda, gerência, analistas de negócios e de atendimento aos clientes. Colaboradores que chegaram ao nível de sócio do banco também divulgaram a demissão no LinkedIn.

Procurada, a Neon afirma que as demissões tiveram base em avaliação de performance e redução de setores. "O movimento foi difícil, mas fundamental para preservar o que nossa eficiência operacional exige: manter a sustentabilidade do negócio sem onerar o cliente final." Segundo o banco, o objetivo é se preparar para os desafios macroeconômicos deste ano.

A instituição não respondeu às questões da Folha sobre o seu atual número de colaboradores.

Funcionários ouvidos pela reportagem, que pediram para não ser identificados, afirmaram que, por volta das 9h, já estavam sem acesso aos sistemas da empresa e só foram notificados da demissão perto das 11h. Alguns estavam na empresa há poucos meses e outros há quase quatro anos.

Parte deles disse ter ouvido de suas lideranças que o enxugamento no quadro de funcionários foi motivado porque a fintech não teria alcançado as metas propostas para 2022.

Até este ano, a Neon arrecadou quase R$ 4 bilhões e passou a ser um "unicórnio" —startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão antes de abrir capitais na Bolsa de Valores. A empresa divulgou, em nota do fim de 2022, ter mais de 22 milhões de clientes.

Em dezembro de 2022, a Neon comprou a também bilionária fintech Leve Capital, especializada em crédito consignado. O valor da aquisição, feita em ações da Neon, não foi notificado na ocasião.

Outras startups do ramo financeiro anunciaram demissões em massa nas últimas semanas, sob a justificativa do cenário econômico instável no país. Neste mês, o C6 Bank anunciou redução na folha de pagamentos e, em janeiro, o Nubank confirmou o desligamento de 40 pessoas.

No exterior, big techs como Google, Amazon e Microsoft anunciaram ondas de demissões de mais de 10 mil pessoas. Na última sexta-feira (10), o Google Brasil dispensou cerca de 70 pessoas. Na quinta (9), o Yahoo informou aos funcionários que deve encerrar as operações no Brasil no fim de março.

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