'Zara da China', Shein prevê vender US$ 60 bi em três anos, mas é desafiada por imitadores e geração Z

Grupo de moda online prevê vendas de US$ 60 bilhões ao ano até 2025, mesmo com aumento da concorrência

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Eleanor Olcott Arash Massoudi
Hong Kong e Londres | Financial Times

O grupo de moda online Shein prevê que a sua receita anual vai mais do que dobrar, chegando perto de US$ 60 bilhões até 2025, enquanto busca convencer os investidores de que está a caminho de uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de grande sucesso neste ano.

Em uma apresentação para investidores, à qual o Financial Times teve acesso, a Shein informou uma projeção de receita anual de US$ 58,5 bilhões em 2025, ante US$ 22,7 bilhões do ano passado. Isso excederia as vendas anuais combinadas das gigantes do varejo H&M e Zara.

A empresa também projeta que o valor bruto das mercadorias –do inglês Gross Merchandise Volume, ou GMV, o valor total dos produtos vendidos em sua plataforma– crescerá para US$ 80,6 bilhões em 2025, um aumento de 174% em relação ao do ano passado.

escritório em que se lê um letreiro em branco escrito Shein
Escritório da Shein no distrito comercial de Singapura. - Chen Lin/REUTERS

As metas grandiosas surgem no momento em que a empresa planeja lançar neste ano um dos maiores IPOs de empresas chinesas nos EUA, depois de se tornar o destino de compras preferido dos consumidores da geração Z no Ocidente.

Dois investidores confirmaram o conteúdo da apresentação, que revela que a Shein deve alterar significativamente os padrões de vendas para atingir suas metas de receita, conquistando, em particular, mais clientes recorrentes e começando a vender linhas de roupas mais diversificadas e caras.

Analistas alertam de que isso será um desafio para a Shein, que tem sede em Singapura, já que seu público-alvo são os compradores mais jovens, que anteriormente demonstraram pouca lealdade à marca.

As metas estão sendo sugeridas em um momento em que os investidores globais reveem as altas avaliações das startups de tecnologia, em meio a uma desaceleração mais ampla do mercado.

Questionada, a Shein respondeu que "como empresa privada, não comenta especulações de mercado."

O Financial Times informou no mês passado que a Shein, liderada pelo fundador e presidente-executivo Xu Yangtian, estava em negociações para levantar US$ 3 bilhões, diante da redução significativa do seu valor de mercado, para US$ 64 bilhões. A empresa havia sido avaliada em pouco mais de US$ 100 bilhões na sua última rodada de financiamento, em abril de 2022, tornando-se a terceira empresa privada mais valiosa do mundo à época.

A apresentação da administração aos investidores indica o registro mais recente das finanças da Shein. De acordo com o documento, a varejista online obteve lucro por quatro anos consecutivos, atingindo US$ 700 milhões em 2022. No entanto, o montante representa uma queda perante o resultado de US$ 1,1 bilhão em 2021, já que os altos custos de frete aéreo e o aumento dos custos de produção afetaram seus ganhos.

A empresa também projeta que seu lucro crescerá para US$ 7,5 bilhões em 2025, visando consumidores que gastam mais com novas linhas de produtos premium, ao mesmo tempo em que busca reduzir seus custos de armazenamento e entrega.

"A Shein teve uma história de crescimento fenomenal até agora, e o fato de isso ocorrer de forma lucrativa tem sido impressionante", disse um investidor informado sobre a apresentação, que não quis ser identificado.

Geração Z, foco da Shein, mantém-se aberta a novas marcas

Para atingir suas metas de vendas, a Shein deseja converter novos clientes em compradores recorrentes. Em 2022, cerca de 60% do total de 142 milhões de clientes compraram na plataforma pela primeira vez, de acordo com a apresentação da administração. Até 2025, a empresa pretende converter a maioria de seus compradores em clientes fiéis, projetando que 60% dos estimados 261 milhões de compradores já terão feito compras na plataforma antes.

Analistas alertam de que o entusiasmo dos jovens pela Shein pode estar diminuindo. A proporção de mulheres da geração Z nos EUA –nascidas entre 1997 e 2013– que consideram uma compra na Shein caiu de um pico de 54% em maio de 2022 para 39% em setembro, de acordo com pesquisa da Morning Consult Brand Intelligence.

"A popularidade de Shein com a geração Z é uma faca de dois gumes", disse Claire Tassin, analista de varejo e comércio eletrônico da Morning Consult. "A geração Z está mais aberta a novas marcas de vestuário do que qualquer outra geração, o que significa que é mais fácil atrair sua atenção, mas mais difícil manter sua lealdade."

A Shein também disse aos investidores que lançará um marketplace onde venderá produtos de terceiros em seu site e aplicativo, tornando-se assim uma concorrente das plataformas online Asos e Amazon.

A notícia de que Shein planeja lançar um marketplace foi relatada pela primeira vez pelo Wall Street Journal.

O crescimento explosivo da Shein gerou uma série de imitadores, o que pode prejudicar sua trajetória de crescimento. Em setembro, o grupo chinês de comércio eletrônico Pinduoduo lançou o Temu, um mercado que vende roupas baratas para mulheres da geração Z nos EUA.

O Pinduoduo investiu em influenciadores americanos para promover a marca e veiculou anúncios de TV durante o Super Bowl neste mês.

"Os mesmos fatores que tornaram a Shein popular entre a geração Z também levarão a atenção deste público à próxima marca da moda", disse Tassin.

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