O governo da Argentina determinou às empresas estatais vender ou trocar seus títulos em dólares por novos instrumentos em pesos, como medida para frear a queda de reservas internacionais, em um contexto de escassez de divisas e volatilidade cambial no setor financeiro.
A medida foi tomada por decreto nesta quinta-feira (23) e abrange, em uma primeira fase, cerca de US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 21 bilhões) em títulos.
"De maneira sustentável, o Estado vai ganhar capacidade de atuação nos mercados do dólar financeiro, o que permitirá evitar aumentos disruptivos", afirmou o vice-ministro de Economia, Gabriel Rubinstein, em mensagem no Twitter.
Essas medidas "permitirão contar com maior disponibilidade para, caso seja necessário, estabilizar os mercados, absorver possíveis excedentes monetários e seguir combatendo a inflação", que foi de 94,8% em 2022 e superou 100% em 12 meses em fevereiro. A alta de preços é um dos principais obstáculos do governo de Alberto Fernández.
Com essa decisão, busca-se "fortalecer a ordem macroeconômica" enquanto a Argentina atravessa um cenário difícil pela falta de divisas, em um ano de seca que compromete as exportações agropecuárias —a principal fonte de dólares para o país.
Desde 2019, a Argentina mantém um sistema de controle de câmbio. Em janeiro de 2022, o país estabeleceu a restruturação de uma dívida de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 230 bilhões no câmbio atual) com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que a obrigou a fortalecer suas reservas.
Segundo o último balanço do Banco Central, as reservas internacionais brutas totalizam US$ 37,6 bilhões (quase R$ 200 bilhões), mas o nível de reservas líquidas é bastante inferior, segundo analistas, se os requisitos de reservas bancárias e um swap com a China forem descontados.
Nesse contexto, o governo tem como objetivo com as novas medidas "continuar reduzindo os prováveis superávits monetários, estabilizando o mercado de câmbio e fortalecendo o financiamento dos cofres públicos, abrindo caminho para o cumprimento do programa financeiro de 2023", diz um dos decretos.
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