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Bancos enfrentam denúncias sobre terem se beneficiado de crimes sexuais de Epstein

Juiz nos EUA decide que JPMorgan e Deutsche Bank serão obrigados a responder processos judiciais

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Joe Miller
Financial Times

O JPMorgan Chase e o Deutsche Bank serão obrigados a enfrentar denúncias judiciais de que se beneficiaram dos crimes do falecido criminoso sexual Jeffrey Epstein, embora um juiz de Nova York tenha rejeitado várias outras acusações relacionadas contra os credores.

Os bancos –ambos tiveram Epstein como cliente durante vários anos– foram processados separadamente no ano passado por mulheres que disseram ter sofrido agressão sexual de Epstein. O JPMorgan também enfrenta um processo das Ilhas Virgens Americanas, onde o criminoso tinha uma casa. Os casos foram consolidados para procedimentos de pré-julgamento.

Após audiências na semana passada, o juiz Jed Rakoff rejeitou na segunda-feira (20) seis ações civis de uma acusadora de Epstein, identificada como Jane Doe [anônima], contra o JPMorgan e outras oito ações contra o Deutsche Bank.

Jeffrey Epstein em uma fotografia tirada para o registro de criminosos sexuais da Divisão de Serviços de Justiça Criminal do estado de Nova York - Via Reuters

No entanto, o juiz permitiu que várias reivindicações dos casos Jane Doe fossem processadas contra cada credor, incluindo alegações de que os bancos "se beneficiaram conscientemente da participação em um esquema de tráfico sexual", além de uma queixa semelhante nas Ilhas Virgens Americanas contra o JPMorgan.

Rakoff escreveu que explicaria os motivos das decisões "no devido tempo", mas não deu mais detalhes. A data do julgamento foi marcada provisoriamente para outubro.

Os advogados do JPMorgan há muito argumentam que as denúncias são "sem mérito", enquanto o advogado do Deutsche Bank as caracterizou como "alegações fabricadas".

Os processos e registros relacionados forneceram a imagem mais completa até o momento do relacionamento do JPMorgan com Epstein, que foi cliente de seu banco privado para clientes ricos de 1998 a 2013. Comunicações internas do banco levantando preocupações sobre Epstein, preso pela primeira vez por crimes sexuais em 2006, foram divulgadas em registros do tribunal.

No início deste mês, o JPMorgan processou o ex-executivo Jes Staley, depois que um depoimento de uma suposta vítima de Epstein revelou o que os advogados do banco disseram ser alegações desconhecidas contra o americano de 66 anos.

O JPMorgan apontou denúncias de que Staley, que administrava o relacionamento do banco credor americano com Epstein, havia testemunhado e até participado de crimes sexuais nas residências de Epstein e não revelou o fato, "apesar de ter um dever fiduciário" de contar a seus empregadores e apesar de o banco "pedir sua opinião sobre se deveria manter Epstein como cliente", disse o credor.

Staley já havia negado qualquer envolvimento nos crimes de Epstein.

O JPMorgan pediu ao tribunal que determinasse que Staley, que mais tarde se tornou o chefe do banco britânico Barclays, deveria ser responsabilizado se qualquer indenização for concedida à vítima de Epstein ou às Ilhas Virgens Americanas. O banco também tentou recuperar mais de US$ 80 milhões de seu salário.

Staley será interrogado sob juramento por advogados como parte do litígio, assim como executivos seniores do JPMorgan.

Carol Thomas-Jacob, procuradora-geral interina das Ilhas Virgens Americanas, disse estar satisfeita com a decisão do tribunal: "Estamos ansiosos para descobrir fatos adicionais sobre a profundidade e o alcance da conduta do JPMorgan no processo de descoberta e, finalmente, provar nosso caso em tribunal".

Brad Edwards, sócio da Edwards Pottinger e advogado dos sobreviventes anônimos de Jeffrey Epstein, disse que foi "uma vitória monumental para as centenas de sobreviventes do esquema de tráfico sexual de Jeffrey Epstein e sobreviventes de abuso sexual em geral, todas as quais podem ficar mais tranquilas sabendo que nenhum indivíduo ou instituição está livre de prestar contas".

O JPMorgan e o Deutsche Bank se recusaram a comentar.

Epstein se declarou culpado em 2008 num tribunal estadual da acusação de solicitar prostituição a uma menor de idade. Ele cometeu suicídio em 2019 enquanto aguardava julgamento por acusações federais de tráfico sexual de meninas menores. Ghislaine Maxwell, antiga namorada de Epstein, foi condenada em 2021 por facilitar seus abusos e sentenciada a 20 anos de prisão.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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