O ministro do Trabalho da Coreia do Sul disse nesta quinta-feira (9) que aumentar o limite de horas de trabalho semanais de 52 para 69 dará às mães que trabalham mais opções e as ajudará a criar os filhos, em meio a crescentes preocupações com a queda nas taxas de natalidade do país.
O governo diz que permitir que as trabalhadoras acumulem horas extras em troca de folga mais tarde significa que as pessoas que desejam fazer pausas mais longas –como pais e mães ou cuidadores– poderão fazê-lo.
"Vamos adotar medidas ousadas para ajudar a reduzir as horas de trabalho durante a gravidez ou durante a criação dos filhos", disse o ministro, Lee Jung-sik, em entrevista coletiva quando questionado se a proposta de reforma trabalhista ajudará a enfrentar a crise de fertilidade da Coreia do Sul.
Os críticos da medida, no entanto, disseram que elas vão prejudicar, e não ajudar, as mães trabalhadoras e outras mulheres.
"Enquanto os homens trabalharão longas horas e estarão isentos de responsabilidades e direitos de cuidado, as mulheres terão todo o trabalho de cuidar dos filhos", disse a Associação Unida de Mulheres Coreanas em um comunicado recente.
A Coreia do Sul tem a menor taxa de fertilidade do mundo –0,78 em 2022. O presidente Yoon Suk Yeol ordenou na quarta "medidas ousadas" para melhorar a taxa de fertilidade do país.
O ministério disse que a proposta de reforma trabalhista, apresentada pela primeira vez em dezembro e anunciada oficialmente na segunda-feira (6), faz parte dos esforços para trazer mais flexibilidade trabalhista e melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional num país onde muitas mulheres são forçadas a escolher entre a carreira profissional e a criação dos filhos.
Ela substituiria uma lei de 2018 que limitava a semana de trabalho a 52 horas –40 de trabalho regular mais 12 horas extras. O Ministério do Trabalho e Emprego disse que a lei tornou o mercado de trabalho mais rígido.
Embora a medida tenha sido bem recebida por grupos de interesse empresarial, ela foi criticada pela oposição e pelos sindicatos por negligenciar os direitos dos trabalhadores.
"Vai legalizar o trabalho das 9h à 0h por cinco dias seguidos. Não há preocupação com a saúde e o descanso dos trabalhadores", disse a Confederação Coreana de Sindicatos em um comunicado.
Lee Jae-myung, líder do principal partido de oposição, o Partido Democrata, com maioria parlamentar, disse na quarta (8) que seu partido bloquearia o projeto de lei.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.
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