Plano de recuperação da Americanas, Amazon faz cortes em áreas lucrativas e o que importa no mercado

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O plano da Americanas aos credores

A Americanas entregou nos últimos minutos desta segunda (20) o seu plano de recuperação judicial que será discutido em assembleia com credores a ser realizada até o fim de junho. A varejista tem dívidas declaradas de R$ 43 bilhões.

  • A primeira versão do plano apresentado por uma empresa nessa situação costuma ser contestada pelos detentores da dívida.

Os principais pontos do documento apresentado pela Americanas:

Aporte dos acionistas:
o documento fala em um injeção de R$ 10 bilhões que viria dos acionistas de referência da companhia, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

  • O valor representa um avanço em relação ao início das negociações, quando a oferta foi de injeção de R$ 7 bilhões, mas os bancos –os maiores credores da companhia– ainda esperam por um patamar próximo a R$ 12 bilhões.

A empresa apresenta diferentes opções aos credores. Uma delas é a possibilidade de conversão de até R$ 10 bilhões em dívidas em ações da companhia, aliada à recompra de parte do passivo com 60% de desconto sobre o valor de face.

  • Há ainda um leilão reverso de recompra das dívidas com desconto mínimo de 70%, a opção de reestruturação de dívida subordinada, com a emissão de debêntures, e a possibilidade de ter seu passivo descontado em 80% e pago em 2043.
  • A varejista também registrou planos de pagamentos aos fornecedores.

Venda de ativos: a empresa fala da possibilidade de venda do hortifruti Natural da Terra, da Uni.co, das marcas Puket e Imaginarium, e de um jatinho corporativo. A expectativa do CEO é arrecadar de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões com esses ativos.

E agora? Em assembleia a ser realizada até junho, os credores votarão pela aprovação, rejeição ou modificação do plano. Em caso de rejeição e da negativa dos credores em apresentar um plano alternativo, a empresa vai à falência, alternativa que não seria boa para ninguém.


Amazon faz cortes em áreas lucrativas

Repetindo o que fez a Meta na semana passada, a Amazon anunciou sua segunda rodada de demissões em massa. Desta vez, serão cortados cerca de 9.000 empregos em suas unidades de serviços de nuvem, publicidade e Twitch.

Em números: somando o anúncio desta segunda e o feito na primeira semana do ano, o corte total resultará em 18 mil demissões, ou cerca de 2% do total de funcionários que a Amazon tinha no fim de 2022.

  • A empresa fundada por Jeff Bezos é a segunda maior empregadora dos EUA, atrás apenas do Walmart.
  • O setor de tecnologia como um todo está reduzindo sua força de trabalho depois de um boom de contratações na pandemia.

A nova leva de cortes da Amazon simboliza como nem os trabalhadores das áreas mais lucrativas das empresas estão a salvo.

  • Ao contrário do outro anúncio, em que foram dispensados funcionários de áreas pouco lucrativas da companhia, como a de dispositivos e a de recursos humanos, desta vez as demissões são nos setores que trazem grana para a empresa.
  • Só o serviço de nuvem, o Amazon Web Services, cresce anualmente a dois dígitos e é de longe o mais lucrativo da companhia. A área de publicidade sozinha trouxe US$38 bilhões em receita em 2022. Ambos, porém, crescem em ritmo menor do que antes.

Mais sobre demissões em tecnologia

A Creditas, um dos poucos unicórnios (startups avaliadas em US$ 1 bi ou mais) brasileiros que não haviam anunciado um corte em massa, disse que planeja desligar 95 funcionários e fechar duas lojas.

  • Os cortes serão focados no setor de reparos de veículos da empresa, que será terceirizado.

Férias forçadas nas montadoras

Grandes montadoras com fábricas no Brasil decidiram conceder férias coletivas em suas plantas para conter o crescimento do estoque em meio à irregularidade no fornecimento de componentes.

  • A GM deixará 80% do pessoal parado por 17 dias em São José dos Campos (SP). A maior parte da produção da fábrica é dedicada à picape S10; há também a produção de Trailblazer.
  • A pausa na Hyundai em Piracicaba (SP) começou nesta segunda (20) e vai até 2 de abril. A paralisação afeta os três turnos de produção de veículos e as equipes administrativas, chegando a 2.000 funcionários.
  • A Volkswagen promoverá férias a partir do dia 27. Segundo a montadora, até 5 de abril haverá manutenção na linha de produção. O sindicato fala em 2.000 trabalhadores parados no período.
  • Em Goiana (PE), onde a Stellantis (dona da Fiat, Jeep, Peugeot e Citröen) produz três modelos da Jeep (Commander, Compass e Renegade) e o Fiat Toro, a montadora vai dar férias coletivas de 27 de março e 6 de abril. Um dos três turnos para de quarta (22) até 10 de abril.

O que explica: os motivos relatados pelas fabricantes são semelhantes. São citadas a instabilidade no fornecimento de componentes –que ainda sente os reflexos da desordem causada pela pandemia– e a tentativa de evitar o acúmulo de estoques.

  • Os juros altos e a redução do poder de compra do brasileiro afetam a venda das montadoras. A situação é oposta à dos últimos dois anos anos, quando a demanda superou a oferta, ainda abalada pela pandemia.

O dia seguinte

O primeiro pregão após o acordo para o UBS comprar o Credit Suisse foi de leve calmaria nos principais mercados globais. No Brasil, a Bolsa descolou do exterior, com os investidores atentos às falas de autoridades locais sobre as novas regras fiscais do governo.

Em números: o Ibovespa fechou em queda de 1,04%, a 100.922 pontos, renovando a mínima do ano e no pior patamar desde 27 de julho de 2022. O dólar caiu 0,53%, a R$ 5,242.

O que explica: o mercado espera ansioso pela apresentação do arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos no Brasil.

  • A Folha mostrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que amplie as conversas com o mundo político e com economistas, em meio à pressão do PT por mais gastos.
  • Nesta segunda (20), Lula disse que investimentos e avanços sociais não podem ser considerados como despesas. "Livros de economia estão superados, é preciso criar uma nova mentalidade sobre a razão de a gente governar", disse o presidente.

Lá fora, as Bolsas europeias fecharam em alta de cerca de 1%, assim como os principais índices nos EUA.

  • As ações do Credit Suisse despencaram 55%, acompanhando o preço acordado para a compra do banco pelo UBS em troca de ações. Os papéis do UBS subiram 1%.

Nos EUA, os bancões fecharam em leve alta, mas o temor continuou sobre o First Republic, banco regional que vem sofrendo uma avalanche de saques mesmo após ter garantido US$ 30 bilhões em depósitos de outras instituições.

  • Nesta segunda, suas ações caíram 47%, com tombo acumulado de 90% em março.
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