A crise da Tupperware, o maior negócio da história da Rappi e o que importa no mercado

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A crise da Tupperware

As ações da Tupperware –sim, a empresa dos tradicionais potes de plástico que você deve ter em casa– tombaram 48% nesta segunda na Bolsa de Nova York.

  • A reação veio depois de a empresa ter dito que "há dúvidas substanciais sobre sua capacidade de continuar operando".

Entenda a crise: a companhia informou na sexta que os gatilhos para vencimento antecipado de suas dívidas (covenants) podem ser acionados depois que ela atrasou a divulgação de seu balanço e também registrou problemas no fluxo de caixa.

  • A empresa afirmou ainda que, se não conseguir uma nova injeção de capital ou uma renegociação de suas dívidas, pode ficar sem liquidez no curto prazo.
  • Seu passivo gira em torno de US$ 700 milhões, enquanto seu valor de mercado é de US$ 55 milhões.
  • Além da tentativa de renegociar as dívidas, a Tupperware diz que está revisando suas estruturas de pessoal e imóveis.
  • As vendas dos seus potes dispararam na pandemia, quando as pessoas cozinharam mais em casa. No final de 2020, a empresa chegou a ser avaliada em US$ 1 bilhão.
  • O problema foi ela ter acreditado que a demanda por suas embalagens plásticas continuaria da mesma forma após a crise sanitária.
Vasilhas da Tupperware em loja em Chicago, Illinois, nos Estados Unidos - Getty Images via AFP

Fundada em 1946, nos EUA, a empresa chegou ao Brasil em 1976 e seus produtos acabaram se popularizando tanto que viraram nome genérico para qualquer pote de plástico com tampa.

  • Como mostrou esta reportagem da Folha, a relação do brasileiro com a fartura à mesa pode estar na raiz de uma relação séria e ciumenta que estabelecemos com nosso acervo de potes.

Rappi anuncia sua maior aquisição

A colombiana Rappi anunciou nesta segunda (10) que acertou a aquisição da startup brasileira Box Delivery, que atua no "atacado" do setor de entregas de alimentos e produtos no país.

  • A transação não teve valores divulgados e ainda depende da aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
  • Foi a maior compra da história da Rappi.

Quem é quem

A Box Delivery foi fundada em 2016, em Santos (SP), e é especializada no modelo de entrega "last mile" (última etapa antes do produto chegar à casa do cliente).

  • Entre seus clientes, estão McDonald’s, Ultrafarma, Burger King, Zé Delivery, entre outras companhias. A Aliansce Sonae é uma de suas investidoras, e agora vira sócia da Rappi com a aquisição.

A Rappi está presente em cerca de 140 cidades do país e trata o Brasil como seu principal mercado. A colombiana é a principal rival do iFood no setor de delivery de refeições nas grandes cidades brasileiras.

  • Ela foi considerada uma das vencedoras do acordo entre iFood e Cade que proibiu os contratos de exclusividade com marcas que tenham 30 ou mais estabelecimentos.
  • A Rappi disse que o acordo não teve influência na compra da Box Delivery.
  • Para a colombiana, o negócio também pode ajudar no crescimento do segmento de varejo da companhia, que promete entregas em até 15 minutos.

Os três chatbots de Daniel

Depois de ter desenvolvido seu primeiro chatbot quando tinha 9 anos, o brasileiro Daniel de Freitas, 33, deixou o Google em 2021 para fundar a Character.AI.

A startup de IA (inteligência artificial) foi avaliada em US$ 1 bilhão no mês passado em um investimento de US$ 150 milhões (cerca de R$ 760 milhões) liderado pela Andreessen Horowitz, um dos pesos pesados no mercado de investimentos em startups.

A história do brasileiro

  • Formado em engenharia da computação na USP (Universidade de São Paulo), ele ainda foi engenheiro de software na Microsoft antes de chegar ao Google, em 2016.
  • Na empresa da Alphabet, ele foi o responsável pela criação do Lamda. A sigla em inglês, que significa modelo de linguagem para aplicativos de diálogo, viria a ser a base do Bard, chatbot que o Google lançou para rivalizar com o ChatGPT.
  • Ele e o americano Noam Shazeer, um engenheiro que estava na companhia desde 2000, tentaram repetidas vezes convencer os executivos da big tech a liberarem o acesso do chatbot ao público, de acordo com uma reportagem do jornal The Wall Street Journal.
  • Resignados com as negativas dos executivos, que recusaram o projeto por não atender aos patamares de segurança do Google, conforme o jornal americano, Daniel e Noam saíram da companhia em 2021 para criar a Character.AI.

Como funciona a Character.AI

  • Na plataforma da startup que veio ao ar há seis meses, o usuário pode conversar com cerca de 2,7 milhões de personagens, incluindo gente famosa –viva ou não– e anônima.
  • Há perfis de personalidades do mundo todo, inclusive brasileiras, caso de Machado de Assis, Anitta e Neymar, e de políticos, como o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
  • A imensa maioria dos perfis é criada pelos próprios usuários. O que a startup faz é abastecer a plataforma com grandes quantidades de diálogos e de páginas da web, incluindo notícias e artigos sobre as personalidades públicas.
  • Os robôs não apenas jogam conversa fora. Eles podem ser usados para ajudar a redigir emails, resumir livros e escrever códigos de programação.

Trabalhe no escritório; seja demitido em casa

A primeira leva de demissões em empresas de tecnologia depois do boom de contratações da pandemia trouxe uma novidade: as demissões a distância.

  • Foi o caso do Google, que em janeiro demitiu milhares de empregados por e-mail.
  • Na Meta, os funcionários ficaram sabendo dos planos para um ano de grandes cortes em um memorando de 2.000 palavras do CEO Mark Zuckerberg

Empresas de outros setores também adotaram esse método. Na semana passada, o McDonald's pediu aos funcionários corporativos, que geralmente trabalham no escritório pelo menos três dias por semana, que fizessem seu serviço de casa.

  • O plano era demitir centenas de funcionários, segundo o site DealBook.

Se de um lado o aviso da demissão por via remota pode soar como algo insensível, a decisão de chamar para o escritório pessoas que não vão muito lá só para dispensá-las também não é o melhor dos mundos, disseram trabalhadores e especialistas ouvidos pelo New York Times.

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