A Apple e o Goldman Sachs estão tentando atrair depositantes americanos para uma nova conta-poupança, oferecendo-se para pagar juros que correspondem a mais de dez vezes a taxa média nacional.
O gigante da tecnologia da Califórnia e o banco de Wall Street lançaram na segunda-feira (17) uma nova conta-poupança com rendimento de 4,15% ao ano—o produto foi anunciado pela primeira vez em outubro.
O retorno está bem acima da taxa média das contas de poupança dos Estados Unidos, de 0,37%, de acordo com dados da Federal Deposit Insurance Corporation. Também supera concorrentes como a American Express, que oferece 3,75%, e a conta poupança autônoma do Goldman, que opera sob a marca Marcus e oferece 3,9%.
O lançamento ocorre no momento em que os bancos mais estabelecidos, em particular os credores regionais e menores, estão sob pressão crescente para oferecer melhores taxas de retorno para os depositantes, para impedi-los de transferir dinheiro para produtos de maior rendimento, como fundos do mercado monetário, que ofereceram condições mais vantajosas em linha com o aumento da taxa de juros.
Os clientes retiraram cerca de US$ 800 bilhões em depósitos de bancos comerciais dos EUA desde março do ano passado, quando o Fed começou a elevar os juros, depois que os credores mantiveram as taxas de depósito relativamente baixas enquanto cobravam mais pelos empréstimos.
A nova conta poupança é oferecida aos usuários do cartão de crédito da Apple, que também é uma parceria com o Goldman. A Apple oferece o produto sem taxas e sem requisitos mínimos de depósito. O saldo máximo de uma conta é de US$ 250 mil. Os depósitos ficarão com o Goldman, que, como banco licenciado, tem acesso ao seguro FDIC (Corporação Federal de Seguro de Depósitos, que oferece garantia de depósitos nos EUA).
"A economia ajuda nossos usuários a obter ainda mais valor (...) ao mesmo tempo em que oferece a eles uma maneira fácil de economizar dinheiro todos os dias", disse Jennifer Bailey, vice-presidente do Apple Pay e Apple Wallet da Apple.
A conta poupança amplia a oferta de produtos de serviços financeiros da Apple, que também inclui um programa compre agora, pague depois.
À medida que a Apple adiciona mais pagamentos e serviços financeiros, os comentaristas sugerem que ela está se tornando um banco. Mas a verdadeira força da Apple é que ela ganha dinheiro com vendas de hardware e serviços não bancários, disse Christian Owens, executivo-chefe da empresa de pagamentos Paddle.
"Não acho que a Apple queira ser um banco", disse ele. "Acho que a Apple pode aumentar a economia do banco sem realmente se tornar um banco. Eles podem alavancar com o Goldman para fornecer todos esses serviços financeiros e ser o canal para o consumidor para muitas dessas coisas, com a marca Apple, pegar esse corte de margem alto e transferir todo tipo de responsabilidade subjacente para o Goldman."
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