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Bolsa fecha em baixa com renovação das preocupações com bancos nos EUA; dólar tem leve queda

Ibovespa já vinha em queda depois da divulgação do IPCA-15 de abril, e acentuou movimento seguindo Nova York

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São Paulo

A Bolsa fechou em baixa nesta quarta-feira (26), enquanto o dólar teve leve queda, fechando mais próximo da estabilidade. No começo do dia, os investidores reagiram principalmente ao IPCA-15 de abril, mas durante a tarde, a aversão a risco aumentou por conta das preocupações com a situação dos bancos regionais nos Estados Unidos.

O Ibovespa fechou em baixa de 0,88%, a 102.312 pontos. O dólar comercial à vista caiu 0,11%, a R$ 5,058, seguindo parcialmente a tendência internacional. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, recuava 0,38% às 17h20 (horário de Brasília).

Nos mercados futuros, os juros apresentaram quedas nos vencimentos mais longos. Nos contratos com vencimento em janeiro de 2025, as taxas subiram de 11,81% do fechamento desta terça-feira (25) para 11,84%. Para janeiro de 2027, as taxas passaram de 11,74% para 11,70%. No vencimento em janeiro de 2029, os juros recuaram de 12,15% para 12,07%.

Dólar chegou a ser cotado a R$ 5,03 na mínima do dia, mas fechou com queda mais leve, cotado a R$ 5,05 - Murad Sezer - 5.mar.2023/Reuters

A situação do First Republic Bank, instituição financeira americana de médio porte, volta a acender um alerta sobre o setor bancário no país. Na tarde desta quarta-feira, a agência Bloomberg noticiou que o banco pode ter dificuldades para acessar os recursos disponibilizados pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Isso porque a agência reguladora do sistema bancário americano, o FIDC (Federal Deposit Insurance Corporation), equivalente ao FGC (Fundo Garantidor de Crédito) no Brasil, pode rebaixar as notas de crédito do First Republic. Isso poderia limitar o acesso do banco aos recursos do Fed para compensar a corrida para saques.

Com a notícia, as ações do First Republic caíram quase 30% nesta quarta-feira, depois de recuarem quase 50% na véspera. As ações de grandes bancos também caíram, com destaque para Citigroup e Wells Fargo, com quedas superiores a 2%.

Alan Dias Pimentel, analista da Blue3 Investimentos, afirma que o setor financeiro tem mais peso nos índices Dow Jones e S&P 500 em Nova York. Após o noticiário sobre o First Republic, os dois índices consolidaram movimento de baixa.

"Os resultados do primeiro trimestre do First Republic vieram ruins, e a ajuda dos bancos privados anunciada recentemente não deve ser suficiente. Se o banco quebra, aumenta o risco de uma recessão mais aguda nos Estados Unidos", afirma Pimentel.

Em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 recuaram 0,68% e 0,38%, respectivamente. O índice Nasdaq fechou o dia em alta de 0,47%.

O Nasdaq subiu depois dos resultados de duas das chamadas big techs americanas. A Alphabet, controladora do Google, e Microsoft tiveram resultados acima das expectativas dos analistas no primeiro trimestre de 2023. Nas duas empresas, os resultados foram impulsionados principalmente pela demanda por serviços de nuvem. Destaque para a ação da Microsoft, que subiram mais de 7%.

No Brasil, o reflexo deste aumento do risco de recessão nos Estados Unidos teve reflexo principalmente por conta da queda do petróleo. Às 17h20 (horário de Brasília), o barril do tipo Brent tinha queda de 3,84%, cotado a US$ 77,67.

Com isso, as ações da Petrobras fecharam em baixa. As ordinárias caíram 1,42%, e as preferenciais recuaram 1,25%. Também tiveram quedas as ordinárias da 3R Petroleum (-1,80%) e da PRIO (-3,31%).

Ainda entre as ações, destaque também para as companhias aéreas. A Gol reportou uma queda de 76% em seu lucro líquido no primeiro trimestre, e suas ações preferenciais caíram 6,39%. As preferenciais da Azul fecharam com baixa de 4,17%.

No começo do pregão, o mercado reagiu à inflação no Brasil. O IPCA-15 de abril ficou em 0,57%, ante 0,69% de março. Economistas ouvidos pela Bloomberg projetavam variação de 0,60% para o indicador. É a menor taxa para o mês desde 2020.

Com o dado de abril, o IPCA-15 desacelerou para 4,16% no acumulado de 12 meses. É o menor patamar desde outubro de 2020 (3,52%). A taxa estava em 5,36% no acumulado até março.

Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital, aponta que a reação negativa do mercado à inflação se deve principalmente ao núcleo do IPCA-15.

"O núcleo do IPCA-15 teve uma aceleração de 0,48%, ante 0,46% do mês anterior, levemente acima da média histórica. Isso reforça o discurso do Banco Central de aguardar uma desaceleração dos núcleos antes de iniciar a discussão para cortes nos juros", afirma Fernandes.

Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, destaca que a inflação dá sinais de perda de ritmo com a trégua de alimentos, cujos preços haviam disparado durante a pandemia.

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