Descrição de chapéu Eletrobras

Eletrobras suspende seleção após polêmica com questões sobre Lula e Lava Jato

Processo seletivo perguntava sobre prisão do presidente e número menor de ministérios no governo de Jair Bolsonaro; OUTRO LADO: Recrutadora diz que teste estava desatualizado

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São Paulo

A Eletrobras cancelou temporariamente um processo seletivo para a contratação de profissionais para suas subsidiárias, após a companhia romper contrato com a startup Taqe, responsável pelo recrutamento. O teste continha questões que foram alvo de reclamações por conteúdo considerado ideológico.

De acordo com a Aeel (Associação dos Empregados da Eletrobras), a prova disponibilizada pelo aplicativo contava com questões que envolviam a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a operação Lava Jato.

Outra pergunta também fazia um comparativo do número de ministérios no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o de mandatos anteriores.

Procurada, a Taqe disse que o teste estava desatualizado. Segundo a recrutadora, as perguntas foram formuladas em 2020 e buscavam medir o conhecimento dos candidatos sobre temas presentes no noticiário do país.

Retrato das fachadas de conjunto de prédios, com destaque para um prédio branco, com janelas espelhadas e uma placa com a marca da Eletrobras, no Rio de Janeiro
Fachada da Eletrobras, no Rio de Janeiro (RJ) - Pilar Olivares - 20.ago.14/Reuters

A associação dos trabalhadores pediu que a diretoria rompesse imediatamente o contrato e que devolvesse valores pagos.

A seleção lançada em 5 de abril era para a contratação de 351 pessoas, de um total de 800 vagas. Os postos eram para carreiras de níveis médio-técnico e superior, para a CGT Eletrosul, Chesf, Eleronorte e Furnas. Essa seria a primeira contratação desde a privatização da companhia.

Aos concorrentes era perguntado "o motivo da condenação do ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva em 2018". Entre as opções de resposta estavam o "recebimento de um um apartamento de luxo no Guarujá (SP) como propina da operação Lava Jato", "Corrupção e lavagem de dinheiro na operação Lava Jato" e "formação de quadrilha na operação Lava Jato".

Tela vermelha com texto em letras brancas mostra pergunta com cinco alternativas e reproduz Reprodução de tela de teste, com pergunta sobre a prisão do presidente Lula
Reprodução de tela de teste, com pergunta sobre a prisão do presidente Lula - Reprodução
Captura de tela vermelha, com letras brancas, com uma questão e cinco alternativas, mostrando perguntas feitas em teste para seleção da Eletrobras
Captura de tela mostrando perguntas feitas em teste para seleção da Eletrobras - Reprodução

Em nota, a Aeel diz que a pergunta deixa clara a tendência ideológica da empresa contratada e a entidade considera uma afronta direta às decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a condenação do presidente Lula.

Outra questão fazia um comparativo entre o número de ministérios em diferentes governos. "O governo de Jair Bolsonaro tem número reduzido de ministérios em relação aos anteriores. São 23 as pastas atuais, contra 27 do mandato de Michel Temer e 35 de Dilma Rousseff. A redução foi obtida por meio de fusões e alterações de competências, como a criação dos superministérios. Quais são os superministérios criados?"

"O país precisa desmonetizar os canais propagadores de desinformação, fake news, radicalismo, desrespeito à democracia e instituições e expositores de discurso de ódio, elementos danosos à sociedade perceptíveis no aplicativo da Taqe", diz a nota da Aeel.

Também em nota, a Eletrobras informa que o processo seletivo em curso foi cancelado temporariamente, em função da necessidade de rescisão do contrato com a empresa Taqe, responsável pelo processo de recrutamento e seleção.

"A companhia tomou conhecimento de que os testes envolviam questões inadequadas, o que contraria seus valores e os princípios defendidos em seus códigos e normativos, sendo uma conduta, portanto, inadmissível."

A empresa também manifesta publicamente suas desculpas a todos os profissionais que chegaram a se inscrever no processo seletivo e orienta que eles fiquem atentos aos seus canais de comunicação, que trarão informações tão logo ele seja reaberto.

Procurada, a Taqe informa que as perguntas são parte de um teste de conhecimentos gerais e foram formuladas em 2020 com base nas informações disponíveis à época e aferem, apenas, o grau de conhecimento dos candidatos sobre temas presentes no noticiário do país, sem qualquer preferência política ou viés ideológico.

"Por um erro humano, o teste não foi atualizado desde então. Pedimos desculpas por isso e informamos que o questionário já foi excluído de nossa base de dados. Contudo, cabe esclarecer que esse teste foi utilizado em apenas 0,13% de todas as dezenas de milhares de vagas que trabalhamos desde a sua formulação."

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