O FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) apresenta neste mês um novo índice de inflação. Trata-se do IPGF (Índice de Preços dos Gastos Familiares).
Com caráter experimental, o indicador foi elaborado a partir de uma cesta de bens e serviços cujos pesos são atualizados mensalmente.
A novidade é que essa atualização é feita a partir de mudanças no padrão de consumo das famílias, segundo o economista André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV Ibre.
Um dos objetivos é mostrar o comportamento dos preços quando há substituição de bens e serviços na cesta dos consumidores.
"A principal inovação do índice é a velocidade com que ele incorpora a mudança dos hábitos de consumo das famílias", afirma Braz.
Inicialmente, o IPGF foi calculado para o período de janeiro de 2000 a dezembro de 2022. A divulgação referente a janeiro de 2023 deve ocorrer ainda em abril.
Os dados são levantados a partir dos pesos de bens e serviços no Sistema de Contas Trimestrais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que reúne informações sobre o consumo das famílias.
Esses números são convertidos a uma frequência mensal com base no Monitor do PIB (Produto Interno Bruto), do FGV Ibre.
Conforme Braz, o IPGF tenta capturar de maneira mais rápida o efeito das mudanças na cesta de consumo se comparado a outros índices de inflação, como o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), do FGV Ibre, e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE.
O IPCA é o indicador oficial de inflação do Brasil. Sua cesta de bens e serviços e os respectivos pesos são determinados a partir da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares).
A POF, também divulgada pelo IBGE, aponta o que as famílias consomem e a participação de cada gasto no orçamento.
A pesquisa, contudo, tem sido realizada em média a cada seis anos, considerando as últimas três décadas, segundo o FGV Ibre. Os dados mais recentes da POF são de 2017 e 2018.
No acumulado de 12 meses, o IPCA fechou 2022 com alta de 5,79%. O IPGF teve alta menor, de 4,93%, no mesmo período.
No novo indicador, o peso da alimentação no domicílio chegou a alcançar mais de 18% da cesta em junho de 2020, período marcado por restrições à circulação de pessoas na pandemia. Essa fatia no IPCA era de cerca de 14% em igual mês.
O aumento do percentual no IPGF, diz Braz, é um exemplo das mudanças no padrão de consumo. "As famílias ficaram mais em casa na pandemia. Isso fez a alimentação ganhar mais peso", afirma.
Com a trégua da crise sanitária e a reabertura da atividade econômica, os dois índices passaram a registrar peso similar para a alimentação no domicílio. Em dezembro de 2022, esse segmento marcou 16,43% no IPGF e 16,03% no IPCA.
O novo índice do FGV Ibre abrange 52 bens e serviços. O IPCA, por sua vez, é mais amplo, envolvendo 377 subitens, como são chamados os bens e serviços.
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