Descrição de chapéu inflação

FGV lança índice de inflação para acompanhar mudanças no consumo

IPGF busca retratar preços quando há substituição de bens e serviços na cesta das famílias

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

O FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) apresenta neste mês um novo índice de inflação. Trata-se do IPGF (Índice de Preços dos Gastos Familiares).

Com caráter experimental, o indicador foi elaborado a partir de uma cesta de bens e serviços cujos pesos são atualizados mensalmente.

A novidade é que essa atualização é feita a partir de mudanças no padrão de consumo das famílias, segundo o economista André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV Ibre.

Um dos objetivos é mostrar o comportamento dos preços quando há substituição de bens e serviços na cesta dos consumidores.

Espaço destinado à venda de carnes em supermercado de São Paulo - Rubens Cavallari - 27.abr.2022/Folhapress

"A principal inovação do índice é a velocidade com que ele incorpora a mudança dos hábitos de consumo das famílias", afirma Braz.

Inicialmente, o IPGF foi calculado para o período de janeiro de 2000 a dezembro de 2022. A divulgação referente a janeiro de 2023 deve ocorrer ainda em abril.

Os dados são levantados a partir dos pesos de bens e serviços no Sistema de Contas Trimestrais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que reúne informações sobre o consumo das famílias.

Esses números são convertidos a uma frequência mensal com base no Monitor do PIB (Produto Interno Bruto), do FGV Ibre.

Conforme Braz, o IPGF tenta capturar de maneira mais rápida o efeito das mudanças na cesta de consumo se comparado a outros índices de inflação, como o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), do FGV Ibre, e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE.

O IPCA é o indicador oficial de inflação do Brasil. Sua cesta de bens e serviços e os respectivos pesos são determinados a partir da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares).

A POF, também divulgada pelo IBGE, aponta o que as famílias consomem e a participação de cada gasto no orçamento.

A pesquisa, contudo, tem sido realizada em média a cada seis anos, considerando as últimas três décadas, segundo o FGV Ibre. Os dados mais recentes da POF são de 2017 e 2018.

No acumulado de 12 meses, o IPCA fechou 2022 com alta de 5,79%. O IPGF teve alta menor, de 4,93%, no mesmo período.

No novo indicador, o peso da alimentação no domicílio chegou a alcançar mais de 18% da cesta em junho de 2020, período marcado por restrições à circulação de pessoas na pandemia. Essa fatia no IPCA era de cerca de 14% em igual mês.

O aumento do percentual no IPGF, diz Braz, é um exemplo das mudanças no padrão de consumo. "As famílias ficaram mais em casa na pandemia. Isso fez a alimentação ganhar mais peso", afirma.

Com a trégua da crise sanitária e a reabertura da atividade econômica, os dois índices passaram a registrar peso similar para a alimentação no domicílio. Em dezembro de 2022, esse segmento marcou 16,43% no IPGF e 16,03% no IPCA.

O novo índice do FGV Ibre abrange 52 bens e serviços. O IPCA, por sua vez, é mais amplo, envolvendo 377 subitens, como são chamados os bens e serviços.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.