Yellen pede relações econômicas 'construtivas e justas' dos EUA com a China

Secretária do Tesouro dos EUA diz, porém, que Washington continuará reagindo contra ações chinesas de dominação de concorrentes

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Andrea Shalal
Washigton | Reuters

Os Estados Unidos buscam laços econômicos "construtivos e justos" com a China, mas protegerão seus interesses de segurança nacional e reagirão contra as ações da China para dominar concorrentes estrangeiros, disse a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em um discurso nesta quinta-feira (20).

Em trechos divulgados pelo Tesouro, Yellen expôs os principais objetivos do governo Biden para o relacionamento econômico entre as duas maiores economias do mundo em meio a tensões contínuas que têm frustrado reuniões de alto nível.

Yellen, que disse que ainda espera visitar Pequim para se encontrar com suas contrapartes econômicas, afirmou que os Estados Unidos continuam sendo a maior e mais dinâmica economia do mundo, liderando em áreas que vão desde riqueza até inovação tecnológica.

Foto mostra a secretária do Tesouro, Janet Yellen, mulher branca com cabelos brancos, em palanque azul em frente a um painel da mesma cor com "Universidade Johns Hopkins" escrito, em inglês, com letras brancas em vários locais
O secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, em discurso na Johns Hopkins - Sarah Silbiger - 20.abr.2023/Reuters

"Mais do que recursos ou geografia, o sucesso de nosso país pode ser atribuído a nosso povo, valores e instituições. A democracia americana, embora não seja perfeita, protege a livre troca de ideias e o Estado de Direito que é a base do crescimento sustentável", disse ela nas observações preparadas para a Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins.

Yellen declarou que as prioridades econômicas do governo Biden na China incluem garantir os interesses de segurança nacional dos EUA, promover uma competição "saudável" e cooperar, sempre que possível, em questões globais como mudança climática, alívio da dívida e estabilidade macroeconômica.

Washington, porém, comunicará claramente suas preocupações sobre o aumento do apoio da China a empresas estatais e empresas privadas nacionais para dominar concorrentes estrangeiros, bem como seus esforços "agressivos" para adquirir novo know-how, inclusive por meio de roubo de propriedade intelectual e "outros meios ilícitos".

"Não hesitaremos em defender nossos interesses vitais", disse ela, ressaltando que as ações de Washington contra a China foram motivadas apenas por preocupações com a segurança e os valores dos EUA, e o objetivo não era obter uma vantagem econômica competitiva.

Ela afirmou que Washington não abrirá mão dessas preocupações, mesmo quando forçam negociações com os interesses econômicos dos EUA.

Ao mesmo tempo, ela disse que o governo Biden não está buscando uma competição do tipo "o vencedor leva tudo" e acredita que uma competição econômica saudável com um conjunto justo de regras poderia beneficiar os dois países ao longo do tempo.

"As equipes esportivas têm um desempenho de alto nível quando enfrentam consistentemente os principais rivais. As empresas produzem produtos melhores e mais baratos quando competem pelos consumidores", declarou ela.

Ela também instou a China a cumprir sua promessa de trabalhar com os Estados Unidos em questões macroeconômicas e desafios globais urgentes, como mudança climática e superendividamento.

"Mais precisa ser feito", disse ela. "Pedimos à China que cumpra sua promessa de trabalhar conosco nessas questões. Não como um favor para nós, mas por nosso dever e obrigação conjuntos com o mundo."

Segundo Yellen, A China, como maior credor bilateral oficial do mundo, deveria participar de um alívio significativo da dívida para os países que enfrentam problemas, mas o país serviu por muito tempo como um "obstáculo" para a ação necessária.

A secretária comemorou a recente provisão da China de garantias de financiamento críveis para o Sri Lanka, mas disse que Washington continua a pedir a "participação total" da China no tratamento da dívida para Zâmbia, Gana e outros países.

Os comentários de Yellen foram feitos depois que autoridades financeiras globais de países credores e devedores, o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Mundial e o setor privado se reuniram em Washington na semana passada para discutir sobre maneiras de acelerar os esforços de reestruturação da dívida há muito paralisados. O FMI estima que mais da metade dos países de baixa renda estão perto ou já não conseguem pagar suas dívidas.

A China há muito tempo não se dispõe a aceitar perdas em empréstimos, a menos que os credores do setor privado e os bancos multilaterais de desenvolvimento assumam sua parcela do ônus.

"O status da China como o maior credor bilateral oficial do mundo impõe a ela o mesmo conjunto inescapável de responsabilidades de outros credores bilaterais oficiais quando a dívida não pode ser totalmente paga", disse a secretária do Tesouro.

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