Descrição de chapéu juros Selic

'É um descompasso que contrata problemas no futuro', diz Haddad sobre taxa de juros

Ministro mostrou otimismo na relação com Congresso para aprovação do marco fiscal e tramitação da reforma tributária

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Paris

"[A decisão do Banco Central] é um descompasso entre o que acontece com o Brasil, o dólar, a curva dos juros, a atividade econômica. O contexto dá um claro sinal de que poderíamos sinalizar corte da taxa Selic, a mais alta do mundo", afirmou nesta quinta-feira (22) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a taxa básica de juros em 13,75%.

Segundo o ministro, a decisão contrata problemas para o futuro, com inflação e também com tributação.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante o seminário Reforma Tributária: A Hora é Agora, na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília - Marcelo Camargo - 21.jun.2023/Agência Brasil

"Esse descompasso nos preocupa há muito tempo", disse Haddad, que defendeu a relativização das pesquisas.

"Sou a favor de olhar as pesquisas, entendo isso, mas elas são subsídios para a tomada de decisão e não podem substituir a autoridade monetária", afirmou, acrescentando que as pesquisas têm errado nos últimos seis meses.

O ministro também mostrou otimismo na relação com o Congresso para a aprovação do marco fiscal e a tramitação da reforma tributária.

"O marco fiscal já está aprovado, agora é só decidir o texto, uma vírgula para lá ou para cá, mas o desenho está aprovado", afirmou Haddad. Já sobre a reforma tributária, o ministro disse que o governo deve negociar os termos com o Congresso, mas espera votar em julho.

Questionado sobre qual seria a motivação da decisão do Banco Central, Haddad respondeu que, na técnica, não conseguiu entender. "Tenho tentado, sinceramente, entender. Não vou levantar hipóteses sobre a subjetividade das pessoas, não faço isso", afirmou.

Em Paris, Haddad deve conversar com o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, sobre a possibilidade dos franceses apoiarem a aprovação do acordo comercial da União Europeia com o Mercosul.

A França, cujo parlamento votou contra o acordo comercial na última semana, teme a fragilização da agricultura nacional diante da facilitação das exportações agrícolas do Mercosul.

Apesar da tendência protecionista, o ministro vê uma oportunidade no "rearranjo de forças", como chamou, ligado ao contexto da Guerra da Ucrânia. "As empresas vão diversificar seus investimentos, isso vai ajudar regiões como a América do Sul a receber investimentos".

Haveria razões geopolíticas e ambientais para o investimento na região, segundo o ministro: ausência de guerras e tensões, por um lado, e a condição de oferecer energia limpa para empresas que se instalarem no Brasil, por exemplo.

Questionado se o investimento na exploração de petróleo na Foz do Amazonas poderia dar um sinal contrário sobre o compromisso brasileiro com o clima, Haddad respondeu que isso não deve acontecer se as condições colocadas pelo Ibama forem respeitadas.

A repórter viajou a convite da Embaixada da França no Brasil.

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