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Falta de pontos de pouso vai adiar decolagem do setor de carros voadores

Para criar serviços úteis, veículos precisam de locais de pouso múltiplos e convenientes nas cidades

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Coluna de Negócios e Finanças do jornal Financial Times

Financial Times

Os carros autônomos já são uma realidade em San Francisco. Um dia, talvez, táxis voadores passem por cima deles. Há dois obstáculos importantes para que isso se realize. Primeiro: os reguladores ainda não aprovaram os veículos. Segundo: eles não têm onde pousar.

O frenesi de aquisições para propósitos específicos visto em 2021 e que levou empresas de aviões elétricos sem receita, como a Joby da Santa Cruz, a Archer Aviation, Lilium e Vertical Aerospace a entrar para os mercados, se desfez.

Apesar de ter levantado centenas de milhões de dólares, ainda não foram lançadas operações comerciais.

O táxi aéreo autônomo eVTOL (elétrico, decolagem e pouso vertical) da Wisk Aero no Farnborough Airshow, em Farnborough, Reino Unido - Justin Tallis - 19.jul.2022/AFP

A previsão feita pela Morgan Stanley de que aeronaves autônomas poderiam ter um mercado total disponível de US$ 1,5 trilhão (R$ 7,1 trilhões) até 2040 parece totalmente exagerada.

As avaliações caíram vertiginosamente. As ações de Spacs (empresas de aquisição de propósito específico) geralmente custam US$ 10 (R$ 48) a unidade. As da Joby estão sendo negociadas por menos de US$ 8 (R$ 38), da Archer, por US$ 4,45 (R$ 21), da Lilium por US$ 1,35 (R$ 6) e as da Vertical por apenas US$ 0,17 (R$ 0,81).

Mesmo assim, ainda estão sendo feitos investimentos.

Depois de encomendar cem veículos da Archer, a United Airlines firmou um contrato para 200 da Eve Air Mobility. A Boeing está apostando na startup de táxis aéreos autônomos Wisk.

A FAA (Administração Federal da Aviação) prevê que haverá grande demanda por táxis aéreos nas Olimpíadas de Los Angeles em 2028. Billy Nolen, o diretor da FAA que fez essa previsão, desde então foi trabalhar para a Archer. A notícia de sua entrada para a empresa elevou o preço das ações da empresa em um quinto.

Porém, mesmo que os veículos recebam a aprovação regulatória, a infraestrutura ainda será um problema.

Os táxis aéreos, ou eVTOLs (aeronaves elétricas de aterrissagem e decolagem vertical) precisam de superfícies grandes, planas e livres de obstáculos para pousarem em segurança. Se forem barulhentos demais, os habitantes das cidades vão reclamar.

A Lacuna Technologies, que cria softwares para redes de transportes, destaca que o avião elétrico também vai precisar de pontos de recarga.

As empresas pretendem usar os heliportos existentes. A Archer, por exemplo, espera voar entre o heliporto do centro de Manhattan e o aeroporto de Newark. No entanto, para criar serviços úteis ela precisará de locais de pouso múltiplos e convenientes situados no centro de cidades.

Sem uma rede de pontos de pouso e decolagem, os serviços de táxi aéreo não vão sair do chão.

Tradução de Clara Allain

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