Bolsa cai pressionada por Vale e Petrobras em dia de baixo volume financeiro

Dólar fecha estável após dados de varejo mais fracos que o esperado nos EUA

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São Paulo

A Bolsa brasileira registrou queda de 0,31% e fechou aos 117.841 pontos nesta terça-feira (18), pressionada por baixas de ações da Vale e da Petrobras numa sessão marcada por volatilidade.

Já o dólar chegou a registrar queda após a divulgação de dados do varejo nos Estados Unidos, mas se recuperou e terminou o dia praticamente estável, cotado a R$ 4,808.

No exterior, as atenções se voltaram a dados da economia norte-americana, como resultados das vendas no varejo e produção industrial, com agentes financeiros se preparando para a decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) na próxima semana.

Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, as vendas no varejo do país aumentaram 0,2% em junho, abaixo das projeções de alta de 0,5% feitas por economistas consultados pela agência Reuters.

Já a produção industrial americana teve queda de 0,3%, resultado também pior que o esperado pelo mercado, que previa estabilidade.

Dólar chegou perto dos R$ 5 nesta terça-feira, mas perdeu parte da força e fechou a R$ 4,97 - Dado Ruvic - 4.mar.2023/Reuters

Num geral, a leitura não alterou a expectativa do mercado de que o Fed elevará sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual na semana que vem, sendo este o provável último aumento de seu agressivo ciclo de aperto monetário.

A confirmação das expectativas e a divulgação de balanços positivos de empresas americanas apoiaram os índices dos EUA. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq registraram alta de 0,71% e 1,06% e 0,76%, respectivamente.

No câmbio, a confirmação das expectativas jogou contra o dólar, que se beneficiaria de juros mais altos nos EUA. Isso porque altas taxas aumentam os retornos da renda fixa e atraem recursos estrangeiros para o país, o que aprecia a moeda americana. Na lógica contrária, reduções de juros tendem a depreciá-la.

A divisa conseguiu, no entanto, manter força ante o real e apresentou estabilidade em relação a outras moedas fortes. Na mínima do dia, o dólar chegou a ser negociado a R$ 4,795.

No Brasil, investidores acompanham os debates em torno da Reforma Tributária, que já foi aprovada na Câmara dos Deputados e agora precisa passar pelo Senado.

Em entrevista à Folha, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a segunda parte da Reforma, que vai focar em renda e patrimônio, enfrentará resistência muito maior de setores que hoje apoiam o projeto e será feita com cautela.

Já o secretário extraordinário da Reforma do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, disse que a alíquota do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) pode ficar em torno de 25%, após nota técnica do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) ter apontado que o imposto poderia ficar em 28,04% com base no texto aprovado na Câmara.

Com isso, os mercados futuros continuaram a cair e deram fôlego a empresas da Bolsa brasileira. Os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2024 foram de 12,79% para 12,76%, enquanto os para 2025 caíram de 10,79% para 10,74%.

"Estamos num momento de desaceleração da inflação, e as projeções para 2024 e 2025 também estão sendo revisadas para baixo. Além disso, o cenário das contas públicas está mais positivo, com a aprovação do arcabouço fiscal e discussões sobre a Reforma Tributária. Tudo isso leva a crer que o Banco Central vai encontrar espaço para iniciar o corte de juros", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

Para a economista, o BC deve iniciar a redução gradual de juros com um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, e a expectativa é que a taxa termine o ano em torno de 12%.

Já o chefe de renda variável da A7 Capital, Andre Fernandes, diz que a queda nas curvas de juros futuros indicam que a aposta de um corte mais agressivo da Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) está ganhando força.

"Agora, as apostas estão bem divididas entre um corte de 0,25 ou 0,50 ponto, e isso faz com que as ações mais sensíveis a mudanças nas taxas de juros reajam positivamente", diz ele.

Nesta terça, aliás, as ações de "small caps", empresas menores e mais ligadas à economia doméstica, tiveram alta e apoiaram o Ibovespa. O índice que reúne essas companhias subiu 0,61%.

As maiores altas do dia ficaram com as empresas de educação Yduqs e Cogna, que subiram 7,10% e 3,76%, respectivamente.

Fernandes aponta que as companhias do setor também foram apoiadas pelo anúncio do ministro da Educação, Camilo Santana, de que o projeto que regulamenta o novo Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) e quer combater a inadimplência do programa deve ser apresentado até o fim do mês.

Apesar do auxílio dos juros, o Ibovespa teve volatilidade ao longo do dia e firmou desempenho negativo, pressionado principalmente por baixas em ações da Vale (0,63%) e da Petrobras (0,55%), as maiores da Bolsa, mesmo em dia de alta das commodities no exterior.

Quedas de Itaú (1,94%) e Ambev (1,14%), que também ficaram entre as mais negociadas, fizeram pressão adicional no índice e consolidaram o resultado negativo da Bolsa.

A maior queda foi da JBS, que perdeu 2,82% em dia de baixa para o setor de proteínas —a Minerva e a Marfrig, por exemplo, caíram 2,03% e 2,04%, respectivamente. Na segunda (17), o Japão suspendeu a importação de carne de frango de Santa Catarina após caso de gripe aviária.

O volume financeiro do pregão somou R$ 18,6 bilhões, abaixo da média diária de R$ 25,9 bilhões no ano. Em julho, a média está em R$ 24,2 bilhões.

A Bolsa brasileira tem operado nos últimos dias com um volume baixo, com agentes financeiros aguardando incentivos para novas compras, mas também sem motivação para vender ações.

Com Reuters

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