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Área técnica da CVM pede condenação de 'faraó dos bitcoins' por fraude e atuação irregular no mercado

Relator do processo diz que esquema 'remonta aos grandes casos de fraude corporativa no plano nacional'

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Rio de Janeiro

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) julga nesta terça-feira (29) processo contra Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o "faraó dos bitcoins", com parecer da área técnica defendendo sua condenação pelos crimes de operação fraudulenta e venda de títulos mobiliários sem registro.

Além do "faraó", a área técnica da autarquia sugere a condenação de sua ex-esposa, Mirelis Diaz, e da empresa dos dois, a GAS Consultoria. O processo é relatado pelo presidente da CVM, João Pedro Nascimento.

Santos está preso desde 2021 e não designou advogados para sua defesa na CVM. A defesa de Mirelis ainda não respondeu ao pedido de entrevista.

O empresário Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como "faraó dos bitcoins", faz apresentação sobre sua empresa. - Reprodução

"A dimensão do suposto esquema fraudulento ora investigado remonta aos grandes casos de fraude corporativa no plano nacional", escreveu, em seu relatório, o presidente da CVM. "O caso tem sido objeto de intensa repercussão midiática e de diversas ações movidas na seara cível e penal."

Com base em investigações do Ministério Público Federal, ele destaca que o grupo movimentou mais de R$ 38,3 bilhões, por meio de operações realizadas com pelo menos 8.976 pessoas, sendo 6.249 pessoas físicas e 2.727 pessoas jurídicas.

Nascimento afirma que a GAS informava de forma errônea a seus clientes ter autorização para operar no mercado de valores mobiliários. Segundo o MPF, diz, há provas de que foram advertidos por consultores de que deveriam legalizar a situação, mas não o fizeram.

As investigações apontam para um esquema de pirâmide, com base em fluxo de dinheiro proveniente da rede de sócios e suas respectivas empresas que, por sua vez, contava com operadores menores, somando um total de 293 pessoas físicas e jurídicas.

"A Receita Federal relatou que, a partir de 2019, o 'esquema' sofreu significativa expansão, de modo que os sócios passaram a manter seus próprios 'núcleos de atuação', participantes do mesmo fluxo piramidal de recursos", diz o relatório da CVM.

Para a área técnica da CVM, houve "utilização de ardil ou artifício destinado a induzir ou manter terceiros em erro, com a finalidade de obter vantagem ilícita de natureza patrimonial para as partes na operação, para o intermediário ou para terceiros".

A GAS Consultoria deixou mais de 120 mil credores, segundo a juíza que decretou a falência da companhia, Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Ela alegou que a paralisação das atividades da empresa impossibilita qualquer tentativa de recuperação.

"A falência, portanto, se justifica diante da necessidade de assegurar a proteção aos diversos interesses envolvidos, assim entendidos os dos credores, os dos empregados da empresa requerida, cujas atividades, relembre-se, estão paralisadas, os de terceiros que com ela eventualmente contrataram", diz ela.

Glaidson foi alvo da operação Kryptos, da Polícia Federal, e é alvo de uma série de mandados de prisão relacionados a transações financeiras. Embora esteja preso preventivamente, ainda tentou se eleger deputado em 2022.

Em maio, em uma operação derivada da Kryptos, a Polícia Federal apreendeu carros e motos de luxo que pertenceriam à organização chefiada por Santos. O principal alvo da ação foi Arthur dos Santos Leite, que trabalhou com o "faraó" e também está preso.

Os veículos, avaliados em R$ 3 milhões, fariam parte de uma frota que foi desfeita pela organização após a Operação Kryptos e, agora, recuperada pela polícia.

Erramos: o texto foi alterado

O pedido pela condenação de Gleidson Acacio dos Santos, Mirelis Diaz e da GAS Consultoria foi feito pela área técnica da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e não por seu presidente, João Pedro Nascimento, como afirmava versão anterior desse texto.

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