Descrição de chapéu inflação juros

Clube das varejistas bilionárias tem 2º trimestre ruim

Empresas registraram prejuízo, aumento das perdas ou lucro menor, com exceção do Grupo Mateus, do Maranhão

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O varejo brasileiro conta com um seleto grupo de 10 empresas bilionárias, que faturam entre R$ 18 e R$ 108 bilhões apenas com o próprio estoque, sem contar a venda de terceiros ("sellers") nos respectivos marketplaces. Foi o que mostrou levantamento da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), divulgado nesta terça-feira (15).

De acordo com a pesquisa, pela primeira vez desde que o estudo começou a ser feito, há nove anos, o grupo das 300 maiores varejistas nacionais alcançou a marca de R$ 1 trilhão em faturamento. Em 2022, as 300 empresas listadas no ranking somaram R$ 1,046 trilhão em vendas, 17% mais que os R$ 892,4 bilhões registrados em 2021, em valores nominais.

No entanto, o topo do ranking amargou um segundo trimestre ruim este ano. Entre as 10 maiores varejistas, sete tiveram prejuízo, aumento das perdas ou queda no lucro no segundo trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano passado.

mulher carrega caixa com airfryer dentro de loja
Consumidores durante a 30ª Liquidação Fantástica do Magazine Luiza, na Marginal Tietê, em São Paulo, em janeiro. - Adriano Vizoni/Folhapress

Duas empresas (Americanas e Grupo Boticário) não informaram os resultados do período –o Boticário por ser uma empresa de capital fechado e a Americanas por estar no centro de uma fraude contábil, que veio à tona em 11 de janeiro.

O único varejista a apresentar bons resultados foi o Grupo Mateus, do Maranhão, forte em atacarejo, que registrou lucro de R$ 294 milhões no segundo trimestre, alta de 13% na comparação anual. Foi a primeira vez que o Grupo Mateus passou a integrar a seleção dos 10 maiores varejistas, ocupando a nova posição.

Em junho, reportagem da Folha já apontava que as redes varejistas esperavam um 2023 ruim, com base nos resultados do primeiro trimestre. A situação macroeconômica ruim (com a dificuldade de geração de emprego e renda), a taxa básica de juros Selic em dois dígitos (tornando mais cara a tomada de crédito por parte do consumidor e maior o volume da dívida das companhias), além do alto endividamento das famílias eram fatores apontados pelas empresas para a restrição nas vendas do segundo trimestre.

"Os resultados foram muito duros por conta dos juros, que impõem um nível de despesas para as empresas que devora o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização]", diz Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail e vice-presidente da SBVC.

As varejistas estão fazendo um esforço grande para melhorar indicadores como "vendas mesmas lojas" (abertas há mais de 12 meses), diz ele. "Mas o lucro líquido é muito impactado pelas despesas financeiras", afirma. "Além disso, os juros altos sufocam a demanda: as regras de crédito ficam mais rigorosas", diz Serrentino, lembrando que, durante todo o primeiro semestre, o varejo foi muito impactado pelo escândalo da Americanas.

"As empresas sofreram uma restrição brutal de crédito e tiveram que fazer ajustes duros, como o fechamento de lojas e demissões", afirmou.

Na opinião do consultor, porém, à medida que os juros caírem, o mercado deve reagir. "Existe uma perspectiva de melhora gradual, com um panorama mais otimista para 2024."

Grupo O Boticário passa à frente da Natura&Co.

As cinco maiores empresas do ranking 2023 –Carrefour, Assaí, Magazine Luiza, Via e Americanas– mantiveram as mesmas posições do levantamento de 2022.

Mas entre a sexta e a décima posição foram observadas muitas mudanças: a Raia Drogasil saiu do sexto para o sétimo lugar, enquanto o Boticário partiu da 10ª posição para a sexta, passando à frente da Natura, que subiu do nono para o oitavo lugar. Já o GPA (Grupo Pão de Açúcar) caiu quatro posições, do sexto para o 10º lugar em vendas.

O Big, que aparecia no oitavo lugar no ranking de 2022, foi comprado pelo Carrefour.

O Grupo Boticário também foi destaque em número de lojas: é a empresa com mais pontos de venda no Brasil (3.828), incluindo franquias.

Das 300 varejistas listadas, 42 são de capital aberto, a maior parte delas (13) nos setores de moda, calçados e artigos esportivos.

Serrentino chama a atenção para a digitalização das vendas. "Entre as 300 empresas, 74% vendem online. Quando se trata de empresas não-alimentares, este índice sobe para 91%", diz. Segundo ele, 85 das 300 empresas promovem vendas por WhatsApp e 27 operam marketplaces próprios.

O estudo foi feito pela SBVC com apoio da BTR Educação e Consultoria, Varese Retail, Centro de Estudo e Pesquisa do Varejo (CEPEV–USP) e Käfer Content Studio.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.