O que muda com a nova Selic, lítio no Vale do Jequitinhonha e o que importa no mercado

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São Paulo

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Por 5x4, Selic vai a 13,25%

Em uma decisão apertada, por 5 votos a 4, os membros do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, rebaixaram a Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano.

  • A dúvida que existia no mercado, sobre uma queda de 0,5 ou 0,25, também dividiu os diretores do BC.
  • Os dois membros indicados por Lula (PT), Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, votaram pelo maior recuo, assim como Roberto Campos Neto, presidente do BC.

O que explica: no comunicado que anunciou a decisão (leia a íntegra), o Copom disse que avaliou reduzir a Selic para 13,50%, mas disse optar pela queda de 0,5 ponto "em função da melhora do quadro inflacionário".

Vem mais por aí: o BC ainda adiantou que novas quedas do mesmo tamanho devem vir nas próximas reuniões se o cenário esperado (processo desinflacionário mais lento e expectativas de inflação voltando devagar às metas) for mantido.

  • O tom do documento foi considerado mais brando (dovish) pelos analistas do mercado.

Por que importa: a taxa básica de juros influencia todas as outras do mercado e afeta do mercado de trabalho aos investimentos.



O que muda com a Selic a 13,25%:

Na renda fixa: as debêntures incentivadas (isentas de IR) são as que têm o maior rendimento real (descontada a inflação) dentre os principais investimentos, com 9,62% ao ano.

  • Em seguida vêm a LCI e a LCA, também isentas de IR. Veja aqui como fica o rendimento dos principais títulos.

Nas taxas de juros: como ficam cartão de crédito, empréstimo, cheque especial e financiamento do carro.

Análise: Antes de voltar a reclamar dos juros, Lula precisa ajustar as contas públicas, escreve o repórter especial Fernando Canzian.


Lítio no 'Vale da Miséria'

Matéria-prima importante para as baterias de carros elétricos e para armazenar a energia produzida pelas fontes eólica e solar, o lítio teve sua primeira exportação de grande escala a partir do Brasil na quinta (27).

Os contrastes nas cidades mineiras Araçuaí e Itinga, as primeiras a extrair lítio em larga escala na região:

  • Devem receber em três meses até R$ 86,25 milhões em royalties da primeira exportação de espodumênio, rocha que contém o mineral.
  • O valor representa mais da metade do orçamento das duas prefeituras nos últimos dois anos.
  • Araçuaí tem 4.372 famílias no Bolsa Família, e Itinga, 2.500, para uma população de 34 mil e 14 mil moradores, respectivamente.

O resultado desse choque de realidades já aparece nos dois municípios, com alta de custos, mostra o repórter Pedro Lovisi, que viajou ao local.


Mais números: o governo estadual estima que Minas atraia R$ 30 bilhões em investimentos de 14 mineradoras com a extração do mineral no Jequitinhonha até 2030.

  • Apenas a Sigma já investiu R$ 3 bilhões e deve gerar R$ 115 milhões em royalties neste ano.
  • A demanda pelo metal deve aumentar cerca de 400% até 2040, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia).

A Sigma afirma produzir o lítio verde, cuja extração tem baixo impacto no meio ambiente.

A empresa tem ações negociadas na Bolsa de Toronto e na Nasdaq e estreou BDRs (recibos de ações) na Bolsa brasileira no mês passado. No ano, as ações sobem 45% na Nasdaq.


Pelo menos nove países –alguns deles na Europa e no Oriente Médio— comunicaram aos EUA sua preocupação com a concentração do mercado de internet via satélite praticamente em uma única empresa, a Starlink.

Segundo o New York Times, há um temor ainda maior: o poder de Elon Musk sobre a tecnologia. Ele é dono da SpaceX, startup por trás da Starlink e que vale US$ 140 bilhões.

Entenda: os terminais da Starlink geralmente são a única maneira de obter acesso à internet em zonas de guerra, áreas remotas e locais atingidos por desastres naturais.

Os governos estão desconfortáveis em depender da tecnologia de uma única empresa, ainda mais quando seu dono tem um comportamento imprevisível e que pode mudar totalmente de ideia de uma hora para a outra.

Os próprios EUA tratam o tema com cautela porque o governo é um dos maiores clientes da SpaceX, usando seus foguetes para missões da Nasa e para lançar satélites de vigilância militar.

Em números: o serviço da Starlink, que estreou oficialmente em 2021 em alguns países, agora está disponível em mais de 50 países e territórios, e a empresa diz ter mais de 1,5 milhão de assinantes.

A principal concorrente da empresa de Musk é a britânica OneWeb, que teve de ser socorrida financeiramente pelo governo britânico e vendida a um grupo de investidores.

  • A Amazon planeja enviar ao espaço mais de 3.200 satélites como parte de seu projeto Kuiper, mas ainda não mandou nenhum para lá.

E aqui? A Starlink já está no Brasil, e a OneWeb deve chegar em 2024, mas seu serviço será ofertado a empresas (como de telefonia) e instituições (governos).

  • Mostramos em junho as principais opções de internet via satélite, o preço e a velocidade de cada uma.

Pesquisadores 'enlouquecem' IA

Após rodar uma série de comandos para forçar os limites dos chatbots, cientistas norte-americanos descobriram que alguns códigos podem destravar "chaves de segurança" dessas plataformas.

Nesse caso, os robôs respondem a qualquer pergunta, mesmo as mais perigosas.

Entenda: os pesquisadores usaram automação para testar prompts —truques com palavras capazes de 'enlouquecer' a IA, chamadas de sufixos-violadores— até encontrarem brechas.

O papel dos sufixos-violadores é bagunçar com o comportamento esperado do algoritmo responsável por evitar a publicação de textos sobre venda de drogas ilícitas, crimes sexuais e atos violentos –e até um plano para destruir a humanidade.

O modelo usado para encontrar as vulnerabilidades foi o LLaMA, da Meta, que libera seu código para o público. Os testes feitos também mostraram que os sufixos-violadores têm chance de funcionar em qualquer chatbot.

O que disseram as empresas:

O Google afirmou que tinha ciência dos riscos identificados pelos testes e que eles são um problema dos grandes modelos de linguagem, mas que foram desenvolvidas importantes proteções no Bard.

A OpenAI afirma que trabalha de maneira consistente para fazer os modelos mais robustos contra ataques adversariais, o que inclui a identificação de padrões pouco usuais e o trabalho da equipe vermelha na simulação de potenciais riscos.

A Meta não respondeu.

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