Rio prevê linha de barco para ligar Galeão a Santos Dumont em menos de 20 minutos

Prefeitura fala em definir concessionária do serviço até o primeiro semestre de 2024

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

A Prefeitura do Rio quer usar a baía de Guanabara para facilitar o acesso e a saída de passageiros do aeroporto internacional Tom Jobim, o Galeão, que amargou esvaziamento nos últimos anos.

A ideia da administração municipal é que a abertura de uma linha aquaviária conecte o Galeão ao outro grande aeroporto carioca, o Santos Dumont.

O projeto ainda está em fase de estudos de viabilidade técnica e econômica, mas a prefeitura planeja definir a concessionária do serviço até o primeiro semestre de 2024, conforme o secretário municipal de Coordenação Governamental, Jorge Arraes.

Ele afirma que as embarcações fariam o deslocamento entre os aeroportos, pela baía de Guanabara, em menos de 20 minutos. O serviço poderia atender, por exemplo, quem deseja ir para o Galeão a partir dos pontos turísticos da zona sul ou da região central do Rio, que são mais próximos do Santos Dumont.

Pista do aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio, fica junto à baía de Guanabara - Divulgação/Infraero

A duração estimada de uma viagem de carro entre os dois terminais costuma ficar acima de 20 minutos, especialmente em períodos de congestionamento.

Menos de 20 quilômetros separam o Galeão do Santos Dumont. O aeroporto internacional fica na Ilha do Governador, na zona norte. Já o Santos Dumont, que opera apenas voos nacionais, está localizado na região central da cidade.

"É importante que a gente tenha mais uma alternativa para dar ligação ao aeroporto do Galeão", diz Arraes.

O plano vem em meio à expectativa pela implementação de restrições a voos no Santos Dumont. Defendida pela prefeitura e pelo governo estadual, a medida busca direcionar mais voos domésticos para o Galeão.

Três grupos manifestaram interesse em desenvolver os estudos de viabilidade para a criação da linha aquaviária. Segundo a prefeitura, o prazo para apresentação dos documentos vai até o dia 19 de outubro.

A partir daí, técnicos do município devem trabalhar na análise das propostas. O processo de licitação para a escolha da concessionária do serviço seria aberto depois.

"Após receber os estudos e fazer o crivo técnico, a gente tem de fazer a licitação da concessão. Nosso planejamento é ter isso contratado até o primeiro semestre do ano que vem", afirma Arraes.

"Ao contratar a empresa, ela vai comprar a frota de barcos, executar o píer dos dois lados. Estando contratada, vai ter um cronograma de implantação", acrescenta.

O preço das passagens ainda não está definido, assim como o tipo de embarcação que poderá ser usado. Pelos planos da prefeitura, a estação do Santos Dumont será instalada em um trecho da Marina da Glória próximo ao shopping Bossa Nova Mall, que fica junto ao aeroporto.

"A definição mais importante é o tipo de embarcação", afirma Arraes. Segundo ele, o trajeto na baía traz limitações de calado (parte de um barco que fica submersa).

"O que dá para afirmar é que não serão barcas como as que fazem o transporte Rio-Niterói. Não é uma barca desse tamanho. É menor."

O Galeão e o Santos Dumont protagonizam uma novela que se arrasta desde o governo Jair Bolsonaro (PL). O motivo é o esvaziamento do aeroporto internacional, intensificado durante a pandemia.

Com a crise no Galeão, lideranças políticas e empresariais do Rio passaram a pressionar a União por restrições a voos no Santos Dumont. Neste mês, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu uma sinalização favorável a esse plano.

No dia 10, uma resolução assinada pelo ministro Márcio França (Portos e Aeroportos) determinou que o Santos Dumont fique restrito a voos com distância de até 400 quilômetros do destino ou da origem, considerando somente aeroportos de rotas domésticas.

Isso inclui os terminais de Congonhas, em São Paulo, e Pampulha, em Belo Horizonte. Os demais voos domésticos envolvendo o Rio, fora do raio de até 400 quilômetros, seriam direcionados para o Galeão. A determinação deve ser adotada a partir de 2 de janeiro de 2024.

O Santos Dumont também deve passar por uma obra para implementar áreas de escape na pista, visando a segurança operacional, já que o terminal é limitado, fisicamente, pela baía de Guanabara, disse o Ministério de Portos e Aeroportos.

Embarcação não resolve todo o problema do Galeão, diz analista

Marcus Quintella, diretor do centro de estudos FGV Transportes, faz ressalvas ao analisar o projeto de ligação aquaviária entre os terminais cariocas.

"É um transporte de média para baixa capacidade. Não vai resolver o problema do Galeão totalmente. Depende de condições climáticas, da gestão de tráfego na baía de Guanabara", afirma.

O pesquisador diz que a proposta também precisa identificar eventuais impactos viários para a instalação das estações de embarque e desembarque de passageiros.

"É preciso entender melhor o projeto para simular a demanda, o intervalo entre as embarcações. Tem vários aspectos."

Os aeroportos cariocas

O Santos Dumont fica ao lado de negócios instalados no centro do Rio e próximo a pontos turísticos como o Pão de Açúcar e as praias de Copacabana e Ipanema, na zona sul. Sua infraestrutura, porém, é menor do que a do Galeão.

O terminal internacional também exerce papel relevante no transporte de cargas do estado. Parte dos usuários, contudo, costuma reclamar de uma dificuldade maior de acesso ao Galeão na comparação com o Santos Dumont.

Essas queixas voltaram a aparecer em meio ao debate sobre as restrições no aeroporto central. O acesso ao Galeão é feito por vias como a Linha Vermelha. Passageiros citam engarrafamentos e apontam uma sensação de insegurança devido a casos de violência urbana na região.

Para as lideranças do Rio, o esvaziamento do aeroporto internacional não teria sido puxado por esses fatores. Segundo essa visão, o quadro estaria associado em parte ao inchaço do Santos Dumont após a pandemia.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.