Aéreas ampliam voos no Galeão, que prevê alta acima de 40% no 2º semestre

Movimento ocorre em meio à expectativa pelas restrições no Santos Dumont, o outro grande aeroporto do Rio

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Rio de Janeiro

Companhias aéreas iniciam movimentos para aumentar a oferta de voos no aeroporto internacional Tom Jobim, o Galeão, na zona norte do Rio de Janeiro.

A ampliação vem em meio à expectativa pelas restrições ao fluxo no Santos Dumont. A redução da oferta no terminal localizado no centro do Rio deve ser implementada de maneira gradual a partir de outubro.

Com isso, a concessionária RIOgaleão projeta um crescimento de pelo menos 44% nos voos domésticos do Galeão no segundo semestre de 2023, em relação a igual período de 2022. Para as rotas internacionais, a alta estimada é de pelo menos 41%.

Apesar do cenário mais favorável em relação a 2022, o total de voos no Galeão no segundo semestre deste ano deve corresponder a pouco mais da metade (53%) de igual intervalo de 2019, no pré-pandemia, diz a concessionária, sem detalhar os números absolutos.

Passageiros circulam pela área internacional do aeroporto do Galeão, na zona norte do Rio - Eduardo Anizelli - 11.jul.2022/Folhapress

A redução gradual da oferta no Santos Dumont, a partir de outubro, foi anunciada em junho pelo ministro Márcio França (Portos e Aeroportos). A medida busca direcionar mais voos para o Galeão, que amargou esvaziamento nos últimos anos.

O plano do governo federal veio após pressões de políticos e empresários do Rio. Lideranças locais consideram que as restrições são necessárias para evitar uma relação de canibalismo entre os aeroportos cariocas, separados por menos de 20 quilômetros.

Com a redução, o Santos Dumont deve receber somente a ponte aérea com Congonhas, em São Paulo, e as conexões com Brasília. Ao longo dos meses, os demais voos domésticos envolvendo o Rio devem ser deslocados para o Galeão.

Administrado pela estatal Infraero, o Santos Dumont conecta o Rio a diferentes regiões do país atualmente. O Galeão, por sua vez, opera voos nacionais e internacionais, mas vem apresentando mais dificuldades para retomar as atividades.

Na visão de lideranças locais, com poucas conexões domésticas, o terminal da zona norte não consegue ampliar rotas internacionais. A concessionária RIOgaleão é controlada pela Changi, de Singapura.

Gol

Na segunda-feira (31), a Gol Linhas Aéreas anunciou a ampliação dos voos no Galeão a partir de 1º de outubro. A companhia afirma que a oferta no aeroporto terá alta de mais de 70%, somando pousos e decolagens. O número de mercados atendidos pela empresa no terminal chegará a 22.

A partir de 1º de outubro, os voos da Gol envolvendo cinco cidades (Campinas, Caxias do Sul, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre) passam a se conectar com o Rio por meio do Galeão. Em 29 de outubro, diz a empresa, o município catarinense de Navegantes também será incorporado à mesma lista.

Ao mesmo tempo, a Gol seguirá com voos diretos a partir do Galeão para outros 13 terminais domésticos (Congonhas, Guarulhos, Aracaju, Belém, Brasília, Fortaleza, Foz do Iguaçu, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal, Recife e Salvador).

No mercado internacional, a Gol afirma que estão mantidas as ligações do terminal carioca para dois aeroportos de Buenos Aires (Aeroparque e Ezeiza) e para Córdoba, na Argentina.

De acordo com a empresa, clientes com passagens já compradas para viagens a partir de outubro envolvendo o Santos Dumont serão informados em caso de alterações.

Latam

A Latam, por sua vez, iniciará nos próximos dias a venda de bilhetes para os trechos Galeão-Porto Seguro (regular) e Galeão-Caxias do Sul (sazonal), que serão abertos ainda neste ano.

Em julho, a companhia ampliou a ligação Galeão-Fortaleza de um para dois voos diários. Em novembro, aumentará a rota Galeão-Brasília de 7 para 11 voos semanais.

Atualmente, a Latam opera 146 voos domésticos em média por semana no aeroporto carioca de ou para outros quatro terminais brasileiros (Brasília, Foz do Iguaçu, Fortaleza e Guarulhos).

No mercado internacional, a empresa utiliza o Galeão para rotas com Buenos Aires (Aeroparque e Ezeiza), Lima e Santiago. Ao todo, opera 68 voos internacionais em média por semana no terminal carioca.

"A Latam sempre avalia as oportunidades de mercado e qualquer nova rota será comunicada oportunamente pela companhia", diz.

Azul

Já a Azul realiza em média 24 voos por semana para o Galeão a partir de Campinas e Recife. A companhia estuda ampliar as operações, oferecendo ligações diretas do aeroporto do Rio para cidades do Nordeste.

A Azul afirma que "ainda aguarda a definição para divulgar mais detalhes da operação".

Concessão depende de acordo com governo

No primeiro semestre, o Galeão registrou 3,3 milhões de passageiros pagos, somando embarques e desembarques nacionais e internacionais, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

O contingente ficou 16,6% acima do resultado de igual período do ano passado (2,8 milhões). Mesmo assim, ainda permaneceu 48,2% abaixo do intervalo de janeiro a junho de 2019 (6,4 milhões), antes da pandemia.

Já o Santos Dumont registrou 5,8 milhões de passageiros pagos no primeiro semestre de 2023, somando embarques e desembarques nacionais, conforme a Anac.

A movimentação no aeroporto central ficou 31,9% acima de igual período de 2022 (4,4 milhões). Também superou em 29,1% o mesmo intervalo de 2019 (4,5 milhões), no pré-pandemia.

O futuro do Galeão depende de questões contratuais. Em fevereiro de 2022, a RIOgaleão anunciou um pedido de devolução da concessão. À época, a empresa associou a medida a dificuldades econômicas agravadas pela pandemia.

Com isso, o governo Jair Bolsonaro (PL) passou a projetar um leilão em conjunto do Galeão e do Santos Dumont. Por essa lógica, um mesmo grupo investidor poderia ficar com a administração dos dois terminais –o que não ocorreu.

Com a troca de governo, o debate ganhou novos contornos. Segundo a gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a RIOgaleão passou a sinalizar interesse em costurar um acordo para a permanência no aeroporto internacional.

A viabilidade jurídica, contudo, era incerta. O governo federal, então, resolveu consultar o TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a possibilidade legal de um acerto.

Nesta quarta (2), o TCU decidiu que concessionárias do setor de infraestrutura podem desistir de devolver as suas concessões, caso haja consenso entre o governo e as empresas.

Em nota, a Changi indicou que tem interesse em seguir no Galeão. "A Changi reafirma seu interesse em buscar uma solução conjunta com o governo federal que permita ao RIOgaleão manter a operação aeroportuária, respeitadas as condições estabelecidas pelo tribunal", disse.

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