Descrição de chapéu Bloomberg União Europeia

Família real mais rica da Europa tem império financeiro de US$ 300 bi

Príncipe Hans-Adam II de Liechtenstein é dono do LGT Group, empresa de private banking e gestão de ativos

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Ben Stupples
Bloomberg

O principal membro da realeza de um dos menores países do mundo lidera uma dinastia multibilionária que remonta a quase 1.000 anos e resistiu a guerras, inundações e escândalos.

Hoje, o império financeiro por trás do príncipe Hans-Adam II de Liechtenstein está florescendo em sua principal área de especialização: gerenciando dinheiro para os mais ricos do mundo.

O LGT Group, a empresa de private banking e gestão de ativos da família real, relatou no mês passado um recorde de ativos sob sua gestão de quase 306 bilhões de francos suíços (US$ 334 bilhões, R$ 1,68 trilhão) até 30 de junho, um aumento de 6% desde o final do ano passado.

Príncipe de Liechtenstein, Hans-Adam II - Reprodução/Hoover Institution

A empresa sediada em Vaduz ainda fechou neste mês a compra da firma de gestão de fundos discricionários da Abrdn Plc no Reino Unido e em Jersey, somando-se a pelo menos outros três investimentos externos desde 2021.

"Continuamos procurando", disse Olivier de Perregaux, 58, CEO do LGT Private Banking, em uma entrevista recente. "No entanto, estamos focando principalmente no crescimento orgânico."

O dobro de ativos sob gestão

O rápido crescimento do LGT reflete uma espécie de recuperação para Liechtenstein, uma pequena nação nos Alpes com 39 mil habitantes que já foi um dos paraísos fiscais mais notórios do mundo.

A empresa, com cerca de um século de existência, mais que dobrou os ativos sob gestão e o lucro operacional na última década, se recuperando de sua queda nos negócios após os Estados Unidos e outras nações terem mirado os centros financeiros offshore após a crise financeira de 2008.

O LGT está entre as empresas que estão contratando funcionários do Credit Suisse depois que o banco sediado em Zurique entrou em colapso e foi adquirido pelo UBS Group, ajudando a aumentar sua equipe para cerca de 5.000 pessoas.

Em agosto, o ex-executivo do Credit Suisse Ajay Punjabi juntou-se à unidade de patrimônio do LGT da Índia, um dos pelo menos seis ex-funcionários do banco suíço a se juntar à empresa este ano.

"Estamos contratando intensamente", disse Perregaux. "O acordo entre o Credit Suisse e o UBS não é de forma alguma o único vetor de crescimento que temos."

O momento do LGT também está ajudando o príncipe Hans-Adam, 78, a subir no ranking dos ultrarricos, fortalecendo seu status como o membro de realeza mais rico da Europa.

O príncipe, único beneficiário do LGT, é agora a 215ª pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna de cerca de US$ 9,2 bilhões —subiu 71 posições desde o início deste ano, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Fortuna mais antiga

Ao contrário de outros monarcas europeus, como o rei Charles III do Reino Unido, o príncipe é dono dos ativos mais valiosos de sua família, tornando-se a fortuna mais antiga no ranking da Bloomberg.

A fortuna do príncipe e de sua família tem origem em terras adquiridas no século XII que em um determinado momento se estendiam por uma grande parte do que hoje é a Alemanha, Áustria, Hungria e República Tcheca.

O LGT foi fundado em 1921 com 10 funcionários, e a família real o comprou cerca de uma década depois, após a crise de 1929.

O príncipe Hans-Adam assumiu as rédeas do LGT na década de 1970, quando seu pai o encarregou de reorganizar o império familiar, que estava em ruínas devido a expropriações durante a Segunda Guerra Mundial e má administração.

Depois de estabilizar a empresa, o ex-estagiário de banco em Londres expandiu-a para fora de sua nação natal, abrindo sua primeira filial internacional em Hong Kong em 1986, pouco antes de ascender ao trono como príncipe soberano de Liechtenstein.

Além do LGT, no qual o príncipe e sua família são os maiores clientes, a dinastia real de Liechtenstein ainda possui terras e imóveis, incluindo um castelo com vista para o rio Reno.

Eles também acumularam uma grande coleção de arte com obras de Anthony van Dyck, Peter Paul Rubens e Bartolome Esteban Murillo, embora seu império financeiro seja a força motriz por trás de sua fortuna.

O valor do LGT subiu quase 25% este ano, de acordo com o índice de riqueza da Bloomberg, superando o MSCI World Bank Index.

Assim como a Suíça, Liechtenstein já foi conhecido por suas leis de sigilo bancário, mas o principado aumentou sua transparência depois que dados roubados do LGT foram usados pela Alemanha para processar sonegadores de impostos em 2008.

O LGT, o maior banco de Liechtenstein, viu os clientes retirarem dinheiro naquela época, mas reverteu a tendência em 2010. Do final daquele ano até 2012, o LGT adicionou cerca de 22 bilhões de francos suíços em entradas líquidas, mais que triplicando a soma dos três anos anteriores, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O segundo filho mais velho do príncipe Hans-Adam, Max, um ex-banqueiro do JPMorgan Chase de 54 anos, é agora presidente do LGT Group, que obtém a maior parte de seu dinheiro com gestão de patrimônio e também possui uma divisão de investimento de impacto.

Ele e sua família estão envolvidos em decisões importantes para seu império financeiro, incluindo a compra do negócio de gestão de patrimônio da UBS na Áustria em 2021 e acordos semelhantes concluídos no ano passado para a Crestone da Austrália e a Validus Wealth da Índia.

O LGT também retornou à Alemanha em 2022 com o lançamento de um escritório de private banking em Hamburgo. A empresa planeja continuar expandindo globalmente, embora seja improvável que entre em novos mercados no futuro próximo."Estamos onde queremos estar em termos de regiões", disse de Perregaux. "Agora é expandir além desses locais."

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