Haddad diz que tributação de super-ricos será incorporada a projeto das offshores

Ministro da Fazenda se reuniu com presidente da Câmara, Arthur Lira, para tratar do tema

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Brasília

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (28) que a taxação de empresas offshore e dos fundos de alto rendimento vão tramitar em um único projeto, que deve ser deliberado já na próxima semana.

A afirmação foi dada após uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Também deve ser colocado em pauta na próxima terça-feira (3) o marco das garantias.

Segundo o ministro, haverá conversas técnicas da Fazenda com o relator assim que o nome for anunciado por Lira. De acordo com ele, os ajustes nas propostas ainda estão sendo debatidos.

Arthur Lira (esq.) e Fernando Haddad durante evento no Palácio do Planalto, em agosto
Arthur Lira (esq.) e Fernando Haddad durante evento no Palácio do Planalto, em agosto - Pedro Ladeira - 28.ago.2023/Folhapress

"Esperamos que essas três iniciativas possam ser consideradas pela Câmara dos Deputados semana que vem", completou.

A reunião fez parte de um acordo do governo com Lira para tentar superar a obstrução da pauta da Câmara. A Casa foi esvaziada nesta semana pela oposição e pela bancada ruralista, em reação a temas sobre os quais o STF (Supremo Tribunal Federal) se debruçou recentemente, notadamente o aborto, a descriminalização das drogas, o marco temporal e o imposto sindical.

A visão deste grupo, que se juntou a um movimento que começou no Senado, é de que há uma interferência indevida do Supremo sobre temas que deveriam ser do Legislativo.

A paralisação dos trabalhos da Câmara afetou, inclusive, a PEC da Anistia, que seria votada nesta quarta-feira (27), mas teve sua sessão cancelada. No fim da tarde deste meio dia, Lira se reuniu com líderes para tentar resolver o impasse.

Após o encontro, o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo, afirmou que havia sido resolvido o entrave, com a previsão de votar uma medida provisória que liberou R$ 200 milhões ao Ministério da Agricultura. Apesar do protestos e tentativas de obstrução por parte da oposição, o texto foi aprovado na própria noite desta quarta.

A reação foi amplificada pela irritação de parlamentares do centrão com a demora do governo petista em definir a entrega de alguns cargos, em especial na Caixa Econômica Federal.

Esse cenário de instabilidade na base se dá apenas três semanas após Lula ter demitido Ana Mozer e deslocado outro aliado de primeira hora, Márcio França (PSB), para uma nova pasta, com vistas a nomear ao primeiro escalão dois indicados do centrão: André Fufuca (PP-MA), no Esporte, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), em Portos e Aeroportos, respectivamente.

De acordo com o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), a tendência é que, diante do acordo, parte do grupo siga tentando obstruir a pauta para pressionar o STF. Mas, segundo ele, "as coisas se reorganizaram novamente".

"Nós sequer fomos consultados", reclamou o deputado Pedro Lupion (PP-PR), líder da bancada ruralista, sobre o acordo com Lira.

O presidente da Câmara já sugeriu mudanças nas propostas da taxação das offshores e dos fundos especiais.

Em agosto, Lira afirmou que foi feito um acordo para que o cálculo da tributação deixe de considerar os ganhos com variação cambial de quem tem a empresa no exterior. A MP (medida provisória) publicada por Lula e por Haddad em abril determinou que a flutuação contaria para o recolhimento dos impostos.

"A variação cambial do principal aplicado na entidade no exterior comporá o ganho de capital tributável [...]", afirma a exposição de motivos, documento que acompanha a MP, enviada pelo governo ao Congresso em abril.

Segundo Lira, a remoção desse ponto dá condições de votar a proposta. "Se for o texto acordado com o secretário Dario [Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda], sim [tem clima para aprovar]. Sem taxação de variação cambial", disse, à época.

Lira também defendeu "uma taxa de juros factível para que o governo arrecade mais e quem tem possa pagar sem ter que retirar os recursos do Brasil e ir para outros países com taxas menores".

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