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Airbnb ganha atualização que destaca melhores apartamentos

Hóspedes podem classificar comentários por data mais recente ou por nota de avaliação

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São Paulo

O Airbnb lança nesta quarta-feira (8) uma série de recursos para melhorar o uso da plataforma tanto por hóspedes quanto por anfitriões.

A principal novidade é a criação de uma categoria que reúne as melhores acomodações, seguindo critérios próprios.

Nos últimos meses, a empresa tem apostado em melhorias incrementais, que aperfeiçoem a tecnologia já conhecida, em vez de lançar recursos mirabolantes para atrair novos usuários.

"Temos feito isso desde o início da pandemia, quando dissemos que íamos apostar no nosso negócio principal, voltar ao básico. Desde então, lançamos mais de 350 atualizações para a plataforma, todas relacionadas à hospedagem", disse à Folha Nathan Blecharczyk, cofundador e diretor de estratégia do Airbnb.

Nathan Blecharczyk, cofundador e Diretor de Estratégia do Airbnb
Nathan Blecharczyk, cofundador e diretor de estratégia do Airbnb - Divulgação/Airbnb

Do lado da demanda, a maior novidade é a categoria chamada Preferidos dos Hóspedes, que reúne acomodações tidas como bem avaliadas e confiáveis.

Só ganham esse rótulo os anúncios com comentários positivos, avaliação média acima de 4,9 estrelas, de um total de 5 estrelas, e uma taxa de 1% de cancelamentos.

Segundo Blecharczyk, são necessárias ao menos cinco avaliações para um anúncio ser elegível. Como a todo momento mais dados são inseridos na plataforma, a seleção é atualizada em tempo real, então uma oferta pode ser promovida e rebaixada com a mesma rapidez.

Das cerca de 7 milhões de acomodações do Airbnb, 2 milhões se enquadram (28%) nessa categoria. Segundo a empresa, o Brasil está entre os dez países com maior taxa de Preferidos dos Hóspedes, com 34%, sem citar o número absoluto.

"Os brasileiros são muito bons em receber hóspedes e são reconhecidos por isso", disse Blecharczyk.

"Pode ser que não seja um mercado tão maduro quanto o de outros países, em termos de penetração, mas as estatísticas de qualidade, os indicadores são bastante positivos, independentemente da escala. Penso que isso alimentará nosso crescimento a longo prazo."

Outra novidade, esta mais voltada para anfitriões, é a criação de uma aba no aplicativo que, segundo a empresa, vai melhorar o gerenciamento dos anúncios.

A aba vai reunir as ofertas criadas e permitir editá-las com mais facilidade. Além disso, será possível criar um tour por fotos organizado por inteligência artificial. O Airbnb diz que ofertas mais detalhadas podem conseguir até 20% mais reservas.

A estratégia de adotar melhorias incrementais começou a tomar forma a partir do impacto causado pela pandemia, em 2020, mas ganhou corpo neste ano, com atualizações do tipo em maio, setembro e agora, em novembro.

"Durante a pandemia, precisamos repensar o nosso trabalho, e decidimos que o que há de mais especial no Airbnb são os nossos anfitriões, esse é o nosso principal negócio", disse o cofundador do Airbnb.

"Acho que muito do nosso sucesso veio de melhorias nesse sentido, já que ainda é um negócio em crescimento. E fazemos essas atualizações porque somos informados com base no que os hóspedes e os anfitriões nos contam, nos seus comentários."

Brian Chesky, CEO da empresa, tem reiterado em entrevistas que o foco da empresa é colocar a casa em ordem. "Estamos prestes a virar a esquina", disse Chesky à Bloomberg em outubro.

Se as últimas duas atualizações eram mais voltadas aos preços, esta tem como principal objetivo o aumento da qualidade e da confiança da plataforma —este fator, segundo Nathan, está no cerne da empresa desde sua criação, em 2008.

Sendo o Airbnb, no fim das contas, uma empresa de tecnologia cuja ideia é diminuir as fricções entre quem oferece um serviço e quem quer contratá-lo —como a Uber, o iFood e tantas outras—, também ganhou espaço com a inteligência artificial, principal buzzword do ano para o setor.

A galeria de fotos criada por IA permite que o administrador do imóvel apenas selecione as imagens que quer usar. A disposição delas ficará a cargo do algoritmo, especializado em ordená-las de modo que a sequência dê uma ideia melhor de como o local é de fato.

Essa IA do Airbnb foi treinada com cerca de 100 milhões de imagens que analisa as fotos da acomodação e as atribui a 19 cômodos em questão de segundos, mas os donos ainda assim podem editar a galeria quando quiserem.

A empresa estuda uma forma de implementar IA generativa, aquelas como o ChatGPT, no suporte aos clientes.

Também houve uma melhoria na disposição das avaliações para facilitar a leitura dos usuários. Agora, os hóspedes podem classificar comentários por data mais recente ou por nota de avaliação.

Também será exibido um gráfico que mostra a distribuição de avaliações das acomodações, de 1 a 5 estrelas. Por fim, será possível oferecer um contexto adicional para o comentário, como "Viajou com crianças".

As novidades vêm na esteira do aumento da regulação de empresas como Airbnb em várias partes do mundo. Enquanto Nova York tem criado uma série de entraves para a criação de anúncios, capitais europeias fecham cerco sobre a empresa em meio a uma crise de moradia.

Em São Paulo, um trecho da nova Lei de Zoneamento proposta pela prefeitura pode ser a primeira medida da cidade contra o aluguel de apartamentos por curta temporada.

"Regular é correto, mas qualquer regulamentação precisa ser equilibrada. Precisa ser proporcional, para que você coloque grades de proteção, mas não cause danos colaterais", disse Blecharczyk, citando Nova York como um mau exemplo.

"Há muitas pessoas que realmente dependem do Airbnb [para complementar a renda]. Temos de garantir que, com regulamentação, não estamos prejudicando aqueles que realmente se beneficiam disso."

Em balanço divulgado na semana passada, o Airbnb anunciou que suas receitas saltaram 18% em relação ao ano anterior, para US$ 3,4 bilhões, sendo a América Latina a região com maior crescimento.

O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de US$ 1,5 bilhão, alta de 23,7%. A empresa chegou a valer US$ 120 bilhões em 2021 e hoje vale cerca de US$ 76 bilhões.

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