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Banco Safra questiona na Justiça assembleia da Americanas para acordo com credores

Varejista pediu convocação de reuniões para decidir acordos com credores e plano de recuperação judicial

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São Paulo

O Banco Safra protocolou nesta terça-feira (21) junto à Justiça do Rio de Janeiro petição em que questiona o pedido da Americanas para a realização de AGC (assembleia geral de credores) em duas convocações, sendo uma delas ainda neste ano.

Estão em jogo as negociações da varejista com instituições financeiras e o desenho final do plano de recuperação judicial da companhia.

Na segunda-feira (20), a coluna Painel S.A., da Folha, noticiou que a Americanas está a um passo de fechar um acordo entre acionistas e bancos credores para receber cerca de R$ 24 bilhões, o que representaria a maior capitalização de sua história.

Fachada da Lojas Americanas no Park Shopping, na região sul de Brasília (DF).
Fachada da Lojas Americanas no Park Shopping, na região sul de Brasília (DF). - Gesival Nogueira/Ato Press/Agência Globo

Segundo a publicação, o arranjo prevê que Itaú, Santander, Bradesco e Banco do Brasil, entre outros, converterão parte de seus créditos –que somam R$ 19,5 bilhões no total– em até R$ 12 bilhões em ações da empresa. O restante dos créditos seguirá o fluxo de pagamentos, em parcelas e com descontos, dentro do processo de recuperação.

O Banco Safra ficou fora do acordo, mas isso não inviabilizaria o fechamento da proposta.

Ainda de acordo com a coluna, os acionistas de referência da companhia –o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira– injetarão uma cifra semelhante na companhia —até R$ 12 bilhões.

Na petição apresentada à 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, o Banco Safra alega "impossibilidade de designação" das assembleias com credores, pela necessidade da resolução de "questões procedimentais" antes de uma decisão da Justiça sobre a convocação da AGC, a fim de se evitar "a produção de atos nulos e/ou ineficazes".

Segundo a instituição financeira, a Americanas precisa apresentar uma lista nova com a relação de credores antes da convocação da assembleia. A lista publicada pela varejista é correspondente ao dia 12 de janeiro deste ano, e será ela que embasará a AGC.

O Safra, contudo, entrou com recurso para anular decisão proferida com base nessa relação de credores, e determinando a data de 19 de janeiro como referência, que foi quando a companhia entrou com pedido de recuperação judicial.

"São quadros de credores diferentes, a depender do corte cronológico (12/01/23 ou 19/01/23), com repercussão nos quóruns de deliberação", diz o banco na petição.

A instituição financeira cita ainda o procedimento de individualização dos debenturistas, que não está finalizado, além da ausência da apresentação dos balanços financeiros da empresa neste ano.

Apenas no dia 16 deste mês a Americanas apresentou a revisão das suas demonstrações contábeis referentes a 2021 e 2022, quando declarou dívidas de R$ 42,3 bilhões e prejuízo de R$ 12,9 bilhões.

"Ocorre que a presente recuperação judicial não preenche os requisitos necessários para o seu processamento (art. 51 da LRF), em vista da ilicitude da documentação contábil da Americanas. Não houve até o momento a apresentação das demonstrações financeiras dos três últimos exercícios, [trimestres], tampouco as demonstrações levantadas especialmente para o pedido de recuperação", declarou o Banco Safra.

"Não é novidade para nenhum dos sujeitos desta recuperação judicial o contexto de fraude das demonstrações contábeis da Americanas que se apresentou como elemento decisivo para o ingresso do pedido [de recuperação judicial]", disse a instituição em outro trecho.

No dia em que apresentou a revisão das demonstrações de 2021 e 2022, a Americanas informou o mercado por meio de fato relevante que pediu à Justiça a convocação de assembleia geral de credores, com duas convocações, uma para 19 de dezembro e outra para 22 de janeiro de 2024, "para deliberação sobre o plano de recuperação judicial" da companhia.

Depois da publicação da notícia do Painel S.A., a Americanas protocolou na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), nesta terça, comunicado ao mercado reafirmando o pedido de convocação das assembleias, e disse que, "até o momento, os termos finais do plano de recuperação judicial, assim como de eventuais acordos de apoio ao plano, entre companhia e seus principais credores financeiros, ainda se encontram em negociação, não sendo possível precisar se ou quando tais negociações serão concluídas".

A possibilidade de um acordo próximo da Americanas com os credores animou os investidores. As ações da varejista fecharam a sessão desta terça-feira (21) na Bolsa em forte alta de 16,83%, valendo R$ 1,18.

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