Descrição de chapéu Financial Times Rússia

Opep+ fecha acordo para corte de quase 2 milhões de barris de petróleo por dia

Redução da produção deixa o mercado de petróleo cético; preços da commodity operam em queda

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David Sheppard Ian Johnston
Londres | Financial Times

Os membros da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) concordaram em fazer cortes voluntários adicionais de cerca de 2 milhões de barris por dia na produção de petróleo em 2024, em uma tentativa cada vez mais preocupante de fortalecer o mercado.

Os preços da commodity, no entanto, caíram devido a sinais de tensões contínuas no grupo. Os futuros do petróleo Brent fechou em queda de 0,32% nesta quinta-feira (30), a US$ 82,83 por barril, acumulando um recuo mensal de 5,2%.

Já os contratos referentes a fevereiro de 2024, que começam a ser negociados como principais nesta sexta-feira (1º), caiu US$ 2, ou 2,4%, a US$ 80,86. Os futuros do petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) dos EUA caíram US$ 1,90, ou 2,4%, para US$ 75,96, e recuaram 6,2% em novembro.

A Arábia Saudita se comprometeu a estender um corte voluntário existente de 1 milhão de barris por dia até o final do primeiro trimestre, enquanto a Rússia disse que aprofundaria sua redução voluntária de exportação existente para 500 mil barris diários, em vez de 300 mil, enquanto o grupo busca compensar uma economia global vacilante e o aumento do fornecimento de produtores concorrentes.

Ilustração com o logo da Opep; produtores fecharam acordo para corte de quase 2 milhões de barris de petróleo por dia - Dado Ruvic/Reuters

Mas, em uma medida incomum, autoridades da Opep disseram que cortes voluntários adicionais, projetados para elevar a redução total para mais de 2 milhões de barris por dia, ou cerca de 2% do fornecimento mundial, seriam anunciados por cada membro em momento oportuno, em vez do secretariado.

A incerteza alimentou a crescente ansiedade do mercado de que tensões estão surgindo na coalizão Opep+ mais de um ano após o início da redução da produção, com efeito limitado até agora nos preços.

A reunião da Opep+ foi inicialmente adiada a partir de domingo, enquanto os membros discutiam as metas de produção, e foi transferida para o formato virtual, em vez de ter ministros se encontrando pessoalmente em Viena, na sede da Opep.

Entenda a Opep+

  • O que é?

    A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) é uma coalizão de países produtores de petróleo que coordena as políticas de produção do produto. A Opep+ inclui produtores aliados.

  • Quantos membros tem?

    A Opep tem 13 membros. A Opep+ acrescenta outros 10.

  • Quem são os membros da Opep?

    Arábia Saudita, Venezuela, Emirados Árabes Unidos, Nigéria, Líbia, Kuwait, Iraque, Irã, Gabão, Guiné Equatorial, República do Congo, Angola e Argélia.

  • E da Opep+?

    Rússia, Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, México, Bahrein, Brunei, Omã, Sudão e Sudão do Sul. O Brasil recebeu convite para entrar na organização durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Arábia Saudita nesta semana.

  • Por que o Brasil foi convidado?

    O Brasil despertou interesse da Opep+ porque está entre os dez maiores países produtores de petróleo e é o maior produtor da América Latina desde 2016.

  • Qual a sua importância?

    Como reúne os maiores produtores do mundo, as decisões da Opep+ têm um impacto significativo nos preços do petróleo, afetando a economia global e a inflação para consumidores e indústrias.

  • Quais desafios o setor enfrenta?

    O grupo precisa se adaptar a mudanças nas dinâmicas do mercado, incluindo a ascensão de fontes de energia alternativas, a volatilidade da demanda global por petróleo e as crescentes tensões geopolíticas em regiões-chave.

Operadores disseram que o mercado estava perdendo confiança na capacidade da Opep+ de continuar fortalecendo um preço abalado pelas expectativas de crescimento relativamente fraco da demanda no próximo ano e pelo aumento do fornecimento alternativo.

Mas analistas disseram que, se todos os cortes forem feitos, o fornecimento se ajustará significativamente no primeiro trimestre do próximo ano.

"O mercado vai testar a Opep+ e se US$ 80 por barril realmente é um limite que eles podem defender", disse Raad Alkadiri, da Eurasia Group. "Os cortes sendo anunciados como 'voluntários' minam um pouco o impacto psicológico para o mercado, mas se o corte total for realizado, seu impacto no mercado não deve ser desconsiderado."

O príncipe Abdulaziz bin Salman, ministro de energia da Arábia Saudita, que normalmente desfruta de um papel proeminente nas grandes reuniões da Opep, evitou a oportunidade de realizar uma coletiva de imprensa para explicar a estratégia do grupo.

A extensão do corte voluntário de 1 milhão de barris por dia do reino saudita foi anunciada pela agência de imprensa estatal do país.

Mas foi seguida por várias outras promessas de membros, incluindo a agência de notícias estatal dos Emirados Árabes Unidos, que disse que cortaria voluntariamente 163 mil no primeiro trimestre, enquanto Iraque e Kuwait disseram que cortariam 211 mil e 135 mil, respectivamente. Omã, Argélia e Cazaquistão também prometeram reduções adicionais.

Amrita Sen, da Energy Aspects, disse que, embora a Opep+ não tenha "inspirado confiança no mercado", se cumprir as restrições de fornecimento prometidas, o mercado começará a se ajustar.

O cartel de petróleo está tentando fortalecer os preços que caíram nos últimos meses, enquanto as tensões no Oriente Médio estão sendo intensificadas pela guerra entre Israel e Hamas.

A Arábia Saudita precisa de um preço do petróleo mais próximo de US$ 100 por barril para financiar o ambicioso programa de reforma econômica do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, mas tem enfrentado resistência da Casa Branca, preocupada com os efeitos na inflação.

Pessoas próximas aos poderosos membros do Golfo descartaram a possibilidade de um embargo semelhante às medidas tomadas pelo cartel durante a guerra do Yom Kippur em 1973. Mas o Financial Times relatou neste mês que os países da Opep podem estar procurando enviar um sinal sobre o apoio dos EUA a Israel diante do alto nível de destruição em Gaza.

O adiamento da reunião a partir de domingo foi motivado em parte por conversas com membros africanos, incluindo Angola e Nigéria, que se opuseram às tentativas de limitar sua produção enquanto tentam reviver seus setores de petróleo após anos de subinvestimento e má gestão.

A Opep disse que Angola, Nigéria e Congo tiveram suas linhas de base de produção —o nível a partir do qual as cotas de produção são calculadas— reduzidas. Nenhum membro da África subsaariana ofereceu cortes voluntários adicionais.

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