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Quem é Luiz Barsi, o 'Warren Buffett' brasileiro que conseguiu sair da pobreza

Investidor bilionário vendeu balas no cinema, foi engraxate e mensageiro em uma empresa, sem descuidar dos estudos

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Luján Scarpinelli
São Paulo | AFP

Para Luiz Barsi, ser rico não foi um objetivo, mas uma consequência de sua determinação de "não voltar a ser pobre". Aos 84 anos, o brasileiro é um dos homens mais ricos do país, graças a um desempenho excepcional na Bolsa.

Conhecido como "o Warren Buffett brasileiro" por sua influência no mercado de valores de São Paulo, Barsi construiu do zero um patrimônio de R$ 4 bilhões, segundo estimativa da revista Forbes, seguindo um método que ensina como seu legado.

Luiz Barsi, durante entrevista em São Paulo, ele usa camiseta de listras brancas, azuis e vermelhas, tem cabelos grisalhos e usa óculos
Luiz Barsi, durante entrevista em São Paulo - Carla Carniel - 11.jul.22/Reuters

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No entanto, continua trabalhando todos os dias por "vício" e porque "a roda não pode parar", conta à agência AFP este homem de óculos e cabelos brancos, em uma sala de seus escritórios no centro da capital paulista.

"Se eu parar, volto a ser quem eu era", afirma o bilionário, um dos maiores investidores individuais na B3, a bolsa mais importante da América Latina.

Nascido em São Paulo, foi o único filho de um casal de descendentes de imigrantes europeus.

Perdeu o pai com um ano de idade e teve que se virar com sua mãe para subsistir, vivendo até os 20 anos em um cortiço no bairro operário do Brás.

"Voltar todo dia para o [cortiço do] Quintalão era um lembrete constante de que eu precisava desesperadamente melhorar de vida", conta Barsi em sua autobiografia, publicada em 2022.

Ele vendeu balas no cinema, foi engraxate e mensageiro em uma empresa, sem descuidar dos estudos, até se formar em direito, economia e contabilidade.

Vestindo camisa polo listrada, calças e chapéu, ele não aparenta ser detentor da fortuna que começou a acumular desde que as ações eram compradas e vendidas aos gritos, no final dos anos 1960.

Barsi afirma que um bom investidor deve "controlar seu ego" e tem um estilo de vida austero.

Há mais de cinco décadas, começou a buscar "novas formas de ganhar dinheiro, com pouco para investir", enquanto trabalhava como auditor de empresas, separado da primeira mulher e com quatro filhos para sustentar (Ele teve outra filha do segundo casamento).

Atualmente, recebe cerca de R$ 1 milhão por dia em dividendos pagos por empresas das quais é acionista, estima sua filha Louise, presente na entrevista.

Ele conseguiu chegar lá com "disciplina" e "poucos erros", além de tempo. "Ninguém fica rico da noite para o dia", afirma.

Barsi se considera "um pequeno dono" de empresas como a Klabin, a maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, e do banco Santander, entre outras companhias das quais é acionista.

Com estas palavras, resume uma filosofia que, garante, contrasta com a de grande parte dos quase cinco milhões de investidores individuais que operam na Bolsa de São Paulo.

"A Bolsa está lotada de especuladores, tem pouquíssimos investidores. Virou um cassino de valores", tentando lucrar com a valorização de ações a curto prazo.

A receita que Barsi ensina, através de uma plataforma educacional ("Ações garantem futuro"), cofundada por sua filha Louise, consiste em formar uma carteira com grande quantidade de ações de empresas, adquiridas a preços baixos em setores "perenes" (como energia, bancos ou celulose).

E o principal: estas devem garantir um lucro mensal em dividendos, explica Barsi, que descarta opções com renda fixa, cujo retorno considera pequeno, ou criptomoedas, que define como uma "fantasia".

O método lhe permitiu se sair geralmente bem dos altos e baixos da economia nacional desde 1970. "Meu sucesso foi nunca acreditar no governo, e acreditar no mercado", afirma.

Ele chegou, inclusive, a recusar convites para entrar para a política. "Eu gosto da grana, mas não dos cargos", diz Barsi.

Barsi critica os governantes, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), visto com simpatia pelo mercado, embora apenas o considere "menos pior" que o presidente atual, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Este governo é de esquerda. O DNA dos governos de esquerda não é investir na geração de riqueza, mas no social. O governo de esquerda distribui o que não tem, o que não cria, o que não gera, apoderando-se das riquezas que são fáceis de serem apoderadas", afirma.

Um projeto para taxar fundos de muito ricos e empresas offshore avança no Congresso, enquanto se analisa a taxação de dividendos.

"Lula se tornou mais imperador do que presidente", sentencia Barsi. No Brasil, "já temos muito imposto". Com mais, "o pouco que tem aqui [de investimentos], vai embora", adverte.

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