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Compra parcelada ganha força nos EUA e aumenta 17% em um ano, diz pesquisa

Consumo sem pagamento à vista movimenta US$ 10,1 bilhões desde novembro nos Estados Unidos

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Anna Mutoh
Nova York | Financial Times

Uma pesquisa apontou aumento de 17% no número de norte-americanos que estão optando por comprar parcelado.

De acordo com a Adobe Analytics, as aquisições a prazo somam US$ 10,1 bilhões dos gastos online desde novembro deste ano, um aumento de 17% em relação ao mesmo período de 2022.

A medida está preocupando grupos de defesa do consumidor que indicam que compradores de baixa renda terão dificuldades para pagar suas contas no próximo ano.

Pessoas pagam compras feitas em loja da Macy's, em Nova York, durante a Black Friday
Compra parcelada aumenta 17% em um ano e movimenta US$ 10,1 bilhões nos EUA, indica pesquisa - Kena Betancur/AFP

A opção dos consumidores pelo "compre agora, pague depois" é geralmente feita em parcelas sem juros, exceto para o comerciante.

O método de pagamento ganha popularidade à medida que as economias domésticas nos EUA caem abaixo dos níveis registrados antes de serem impulsionadas pelo estímulo do governo durante a pandemia de Covid-19. O sentimento do consumidor atingiu o nível mais baixo em seis meses.

Os efeitos de dois anos de inflação acima do normal também elevaram os preços para a população. Adiar o pagamento é uma maneira para os consumidores lidarem com a pressão.

"Estamos em um ambiente onde as coisas custam mais, então é um tanto previsível que os consumidores possam encarar situações que podem rapidamente se transformar em dívidas insustentáveis", disse Delicia Reynolds Hand, diretora do setor da justiça financeira do grupo de pesquisa Consumer Reports.

Embora o pagamento a prazo tenha aumentado na Europa e na Austrália há cerca de uma década, ele decolou nos EUA durante a pandemia. Entre 2019 e 2021, o volume desses empréstimos aumentou quase dez vezes, de acordo com o Consumer Financial Protection Bureau (CFPB, da sigla em inglês).

Pesquisadores do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) alertaram em um relatório de setembro sobre "os riscos potenciais de endividamento, já que o uso frequente do financiamento leva a uma acumulação excessiva de dívidas ao longo do tempo.

Um estudo acadêmico de 2023 mostrou que os consumidores gastaram 20% a mais com pagamento a prazo do que teriam feito de outra forma. O grupo de comércio eletrônico Shopify, que registrou recorde de vendas de fim de ano, incentiva os vendedores a usar essa estratégia para impulsionar vendas mais altas.

Muitas empresas que aceitam pagamento a prazo têm se afastado de modelos sem juros e optado para cobrar juros nos últimos meses, disse Reynolds Hand. "O custo para o consumidor provavelmente aumentou", comentou.

Uma das principais empresas de venda a prazo, a Affirm, disse aos investidores que 74% de seu volume bruto de mercadorias no último trimestre consistia em empréstimos com juros. Mais de 90% desses empréstimos ofereciam uma taxa de juros anual máxima de 36%, disse Michael Linford, chefe de finanças, em uma carta aos acionistas.

"Porque não cobramos taxas de atraso ou outras taxas ocultas, nosso sucesso está alinhado com os clientes que controlam bem as suas finanças e estendem o acesso ao crédito de forma responsável", disse a Affirm ao Financial Times. A empresa afirmou que a indústria do pagamento a prazo se beneficiaria de mais regulamentação.

Mas alguns credores de desta forma de pagamento também cobram taxas de atraso, geralmente cerca de US$ 7 por pagamento atrasado em um tamanho médio de empréstimo de US$ 135, de acordo com o CFPB.

Uma fonte de preocupação é que o financiamento não está sujeito aos mesmos requisitos de outras formas de pagamento como os cartões de crédito ou outras formas de crédito.

"Pode estar ocorrendo um grande acúmulo de empréstimos, pois os financiamentos do "compre agora, pague depois" não estão sendo relatados", disse Armen Meyer, co-fundador do grupo de comércio American Fintech Council e ex-chefe de estratégia regulatória e política pública da LendingClub.

As dívidas de cartão de crédito dos americanos atingiram US$ 1,08 trilhão no terceiro trimestre, um aumento de US$ 154 bilhões em relação ao ano anterior, o maior salto desde 1999, segundo o Fed de Nova York.

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