Governo troca número 2 do MME, e comando da pasta fica sem especialista em energia

Efrain da Cruz não ficou um ano no posto; Arthur Cerqueira Valério, advogado da União, já foi nomeado para o cargo

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São Paulo e Rio de Janeiro

A Presidência da República exonerou Efrain Pereira da Cruz da Secretaria-Executiva do MME (Ministério de Minas e Energia), segundo ato publicado no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (11). Cruz não chegou a completar um ano no cargo. Tinha assumido em março de 2023.

Cruz também é representante do governo no Conselho de Administração da Petrobras e, segundo pessoas próximas à estatal, deve perder a cadeira nos próximos meses, após cumprido o rito para a troca.

Efrain Pereira da Cruz quando diretor da Aneel; executivo foi exonerado do MME - 31.05.22 - Pedro França/Agência Senado

Em decreto separado, o governo já nomeou para o posto Arthur Cerqueira Valério, advogado de carreira na União. Ele é consultor jurídico do MME desde março de 2023 e presidente do Conselho de Administração PPSA (Pré-Sal Petróleo SA) desde julho.

Cruz tinha apoio da Casa Civil, mas não era o escolhido do ministro Alexandre Silveira. O titular da pasta insistiu por cerca de dois meses pela indicação de Bruno Eustáquio, mas o seu preferido foi vetado pela cúpula do PT por ter ocupado cargo de confiança no governo Jair Bolsonaro (PL).

Agora, o que se conta no setor de energia é que Valério, ao contrário, foi uma opção de Silveira.

Executivo polêmico, Cruz fez as ações de empresas de energia caírem na Bolsa quando foi indicado para pasta.

Atualmente, é alvo de investigação da Comissão de Ética Pública da Presidência por causa de denúncia sobre irregularidades que teria cometido em 2022, quando era diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ele esteve na diretoria da agência de 2018 a 2022. Recentemente, o mercado atribuiu a ele o apoio da pasta a propostas que poderiam elevar a conta de luz.

No que se refere a grandes diretrizes no MME, o mercado não espera mudanças. Cruz era um nome associado ao setor de gás, e a escolha de Valério reforça a leitura de que esse segmento de energia fóssil se mantém como prioridade na gestão de Silveira. No entanto, existe a expectativa de que a pasta possa ficar menos controversa.

Valério tem uma carreira consistente na AGU (Advocacia-Geral da União) desde 2006. Esteve na consultoria jurídica do Ministério dos Transportes (2012-2015), foi chefe de gabinete do Procurador-Geral da União (2015-2016), depois consultor jurídico do Ministério das Cidades (2016), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (2016-2019) e consultor-geral da União.

Apesar da qualificação jurídica, a sua escolha foi recebida com estranhamento por executivos do setor de energia.

O ministro Silveira não tinha atuado na área até chegar à pasta. Isso já ocorreu em outras gestões. Não é considerado um problema. Para se blindar, o titular sem conhecimento amplo no setor, por tradição, escala como número dois alguém capaz de transitar em minas e energia e tomar decisões de cunho mais técnico.

O que se comentava nesta quinta é que pela primeira vez na história o comando do ministério estará na inusitada situação de não ter especialistas em energia em sua cúpula.

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