Subsídio para combustíveis na conta de luz diminui R$ 1,3 bilhão em 2023

Brasil gasta menos para financiar compra de combustível para sistemas que estão isolados da integração nacional

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Letícia Fucuchima
São Paulo | Reuters

O Brasil economizou R$ 1,3 bilhão em subsídios na conta de luz para compra de combustíveis no ano de 2023, conforme avançam as conexões de comunidades isoladas da Amazônia à rede elétrica nacional.

Segundo dados antecipados à Reuters pelo Ministério de Minas e Energia, a CCC (Conta de Consumo de Combustíveis) somou R$ 11,6 bilhões no ano passado, valor inferior ao projetado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para o ano e também abaixo dos R$ 12,9 bilhões registrados em 2022.

Linhas de transmissão em campo de grama
Linhas de transmissão de energia em fazenda de café em Santo Antônio do Jardim - Paulo Whitaker/Reuters

A CCC subsidia o custo de geração de energia elétrica nos chamados "sistemas isolados", comunidades principalmente da região Norte que, por não receberem energia do SIN (Sistema Interligado Nacional), dependem de termelétricas locais movidas a óleo diesel, uma geração mais cara e poluente.

De acordo com o ministério, o avanço das conexões no ano passado foi o principal motivo para a economia obtida na CCC. Para 2024, a pasta citou que, conforme projeções da Aneel, novas interligações podem garantir uma redução adicional de R$ 168 milhões dos subsídios.

"Em agosto, lançamos o programa Energias da Amazônia, em Parintins, no Amazonas. Na ocasião, fizemos a interligação de Itacoatiara, Juruti e Parintins ao SIN, beneficiando mais de 70 mil unidades consumidoras, que agora poderão desfrutar de uma oferta de energia mais perene e barata", destacou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em comunicado.

O Brasil tem 212 sistemas isolados, concentrados no Norte e em calhas dos rios, com comunidades que chegam a ter população de cerca de 100 habitantes, segundo levantamento da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) de 2022.

Boa parte dos sistemas isolados se localiza, no Amazonas, mas o destaque é o estado de Roraima, que ainda está totalmente fora do SIN. A interligação para que Roraima passe a receber energia da rede nacional depende de um linhão cujas obras foram autorizadas recentemente, após mais de dez anos paradas.

Além do avanço das interligações, o governo também trabalha para substituir a geração termelétrica pela de fontes renováveis em algumas localidades isoladas. Os principais projetos nesse sentido são da fonte solar agregada com baterias.

"Esse incremento é importante e vamos trabalhar para aumentar a oferta de energia limpa e renovável para descarbonizar a matriz energética nacional e reduzir o custo aos consumidores...", acrescentou Silveira.

A redução dos custos de geração nos sistemas isoladas é uma agenda importante para o governo, já que a CCC é a principal rubrica da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), encargo cobrado na conta de luz de todos os consumidores que disparou nos últimos anos.

Para 2024, a Aneel projeta que o orçamento da CDE chegará a R$ 37,2 bilhões, à medida que aumentam os subsídios com diversas políticas públicas do setor elétrico.

As tarifas de energia no Brasil têm sido uma preocupação do Ministério de Minas e Energia, que já anunciou publicamente trabalhar em medidas para corrigir distorções que oneram principalmente os consumidores do mercado regulado, como residências, vinculados às distribuidoras de energia.

Na véspera, Silveira voltou a falar que o Brasil "perdeu a mão" das políticas públicas e que o setor elétrico virou uma "colcha de retalhos". Segundo ele, serão editadas medidas para que o país consiga avançar com investimentos na transição energética sem onerar os consumidores via conta de luz.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.