Criação de empregos nos EUA surpreende, e dólar sobe para R$ 4,97

Payroll apontou 353 mil novas vagas de trabalho em janeiro, reduzindo expectativas por cortes nos juros americanos

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São Paulo

Nesta sexta-feira (2), investidores foram pegos de surpresa com a força do mercado de trabalho americano. No início do pregão, o payroll (relatório que aponta a criação de empregos nos Estados Unidos) apontou quase o dobro de vagas do que se esperava.

A quebra de expectativa levou o dólar a subir 1,06%, a R$ 4,9676, acumulando ganho de 1,12% na semana.

O Ibovespa, por sua vez, fechou em queda de 1,01%, a 127.182 pontos, o que resultou em um declínio de 1,21% na semana, de acordo com dados preliminares.

Painel eletrônico da B3
Painel eletrônico da B3; investidores aguardam dados do mercado de trabalho americano nesta sexta (2) - Amanda Perobelli/REUTERS

A criação líquida de vagas fora do setor agrícola somou 353 mil no mês passado, quase o dobro do previsto por economistas consultados pela agência de notícias Reuters, que esperavam 180 mil vagas, mantendo o nível de desemprego do país em 3,7%, um dos menores da história.

Tom Simons, economista na Jefferies, nos EUA, descreveu os dados como "números impressionantes" que o deixaram "quase sem palavras".

A média salarial também acelerou, indo de um ganho de 0,4% em dezembro, para 0,6% em janeiro. Nos 12 meses até agora, os salários acumularam uma alta de 4,5%, depois de avançarem 4,3% até o mês anterior.

Stephen Stanley, economista-chefe do Santander nos Estados Unidos, afirmou que embora o número de janeiro tenha sido "exagerado pela sazonalidade", os dados foram "fortes em todos os setores".

Além disso, os dados de dezembro e de novembro foram revisados para cima, de 216 mil para 333 mil, e de 173 mil para 182 mil, respectivamente.

Tamanha discrepância entre expectativa e realidade também se refletiu na valorização dos títulos do Tesouro americano (treasuries), já que, com mais americanos empregados e ganhando melhor, a inflação tende a subir, o que força o Fed (Banco Central dos EUA) a manter a taxa de juros no país elevada, contrariando as expectativas de cortes no curto prazo.

O juro do treasury com vencimento em dois anos subiu de 4,20% na véspera para 4,36% nesta sexta. O de dez anos foi de 3,87% para 4,03%.

A aposta em um corte de juros de 0,25 ponto percentual já na próxima reunião de política econômica do Fed caiu de 38% na véspera, para 20,5% nesta sexta. Atualmente, a taxa de juros americano está no patamar de 5,25% a 5,50%, o nível mais alto desde o começo de 2001.

Para Simons, os dados desta sexta enterraram a possibilidade de o Fed baixar juros em março. "Salvo algum tipo de choque exógeno, isso elimina a possibilidade de um corte na taxa em março", disse.

Na última quarta, após a primeira reunião de política monetária do ano, o presidente do Fed, Jerome Powell afirmou que a autoridade não trabalhava com o cenário de uma baixa nos juros já em março.

O ex-presidente e atual candidato à Casa Branca, Donald Trump, diz entender o contrário. "Parece para mim que ele está tentando baixar as taxas de juros talvez para conseguir que as pessoas sejam eleitas, eu não sei", disse o republicano à Fox Business Network, de acordo com trechos de uma entrevista que será exibida neste domingo (4).

Foi Trump quem indicou Powell para a presidência do Fed em 2018, mas o então presidente logo acabou se voltando contra o economista, acusando-o de manter as taxas de juros muito altas em época de guerras comerciais com a China e a Europa. Caso eleito, Trump disse que não reconduzirá Powell ao cargo.

Taxas de juros menores impulsionam a economia e, assim, a criação de empregos, pois reduzem o custo de capital. Além disso, deixam a renda fixa menos atraente, o gera um fluxo de investimentos para a renda variável, gerando um financiamento mais barato para as empresas.

Nos EUA, os índices fecharam em alta por conta da valorização das big techs após bons resultados em 2023. O S&P 500 subiu 1,07%, e atingiu um novo recorde de pontuação nominal. O Dow Jones se valorizou 0,35% e o Nasdaq teve ganhos de 1,74%.

As ações da Meta (ex-Facebook) foram o destaque. Elas dispararam 20,32%, adicionado mais de US$ 200 bilhões em seu valor de mercado, após a companhia anunciar seu dividendos de US$ 0,50 por ação e uma recompra de ações de US$ 50 bilhões.

Já os papéis da Amazon saltaram 7,87%, depois que a companhia divulgou vendas acima do esperado e lucrou com negócios de computação em nuvem impulsionados por ferramentas de inteligência artificial.

Com informações de Financial Times e Reuters

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