Descrição de chapéu FGTS mercado de trabalho

Governo vai impulsionar consignado para trabalhador privado para acabar com saque-aniversário do FGTS

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, quer enviar medida acabando com o saque-aniversário ainda em março deste ano

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O trabalhador da iniciativa privada poderá realizar empréstimos consignados a partir da plataforma digital do FGTS (Fundo de Garantia de Tempo de Serviço), anunciou nesta terça-feira (27) o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

A medida servirá como alternativa para o saque-aniversário do FGTS e serve para diminuir a pressão contrária de bancos e da Fazenda, que temem que a extinção da modalidade possa restringir o acesso a crédito e prejudicar a economia.

Os bancos oferecem empréstimos garantidos pelos valores do saque-aniversário.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho - Evaristo Sá - 28.ago.2023/AFP

Marinho afirmou que um projeto encerrando a modalidade será enviado ao Congresso Nacional em março.

O governo federal tenta viabilizar o fim do saque aniversário desde o ano passado, com o envio do projeto ao parlamento sendo adiado sucessivamente diante das resistências dos parlamentares em acabar com uma medida aprovada na gestão passada.

"Já despachei com [o presidente] Lula, já temos autorização. Agora dependemos dos detalhes finais com colegas do Ministério da Fazenda, de governo, para encaminhar projeto de lei. Espero que o Congresso tenha sensibilidade de aprovar o projeto", disse Marinho.

"Queríamos antes, mas antes hoje do que nunca", acrescentou o ministro.

Hoje, o trabalhador que opta pelo saque-aniversário deixa de ter direito ao saque dos valores do FGTS na demissão, tendo direito apenas à multa de 40% sobre o FGTS pago pela empresa —o que é negativo, na visão de Marinho.

"Uma das funções [do FGTS] é trazer a proteção ao desemprego. Com saque-aniversário, não pode sacar o saldo sendo que foi pensado como poupança para caso de desemprego", apontou o ministro.

De acordo com ele, há cerca de R$ 20 bilhões no FGTS que poderiam ter sido sacados por trabalhadores demitidos que optaram pelo saque-aniversário. Desse total, cerca de R$ 15 bilhões estão comprometidos como garantias para empréstimos bancários.

O restante, cerca de R$ 5 bilhões, poderá ser sacado pelos cotistas do FGTS que estão nessa situação, revelou Marinho. A medida vale para quem tiver sido demitido desde abril de 2020.

O saque-aniversário foi criado em 2019 no governo Jair Bolsonaro (PL) e efetivado em abril de 2020.

O empréstimo consignado para os trabalhadores da iniciativa privada substituirá o saque-aniversário como fonte de recursos para o trabalhador.

O consignado foi criado em 2003 durante o primeiro governo do presidente Lula. Ele é praticado principalmente por servidores públicos e pensionistas.

De acordo com Marinho, a modalidade nunca pegou na iniciativa privada porque dependia de convênios dos recursos humanos das empresas com as instituições financeiras para serem viabilizados, o que não aconteceu.

Agora, quem tem recursos no FGTS poderá realizar o empréstimo diretamente através da plataforma digital do fundo.

Isso será possível porque em março começa a funcionar o FGTS Digital. Nele, as empresas lançarão os valores de FGTS através do e-Social, eliminando a necessidade de usar sistemas diferentes para que o setor privado preste informações ao governo federal.

"O FGTS digital traz grande modernização e eficiência. O trabalhador terá maior transparência e [o sistema] dá mais eficiência à fiscalização e traz para as empresas uma economia de horas para executar o trabalho", avaliou Marinho.

Os saldos no FGTS recebem atualização monetária mensalmente e juros de 3% ao ano, conforme previsto em lei. Além disso, o fundo tem distribuído nos últimos anos aos trabalhadores cotistas o lucro das operações.

Em 2023, por exemplo, foram creditados R$ 12,7 bilhões (referentes ao resultado de 2022). A rentabilidade foi de 7,9%, acima da inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que ficou em 5,79% em 2022. O número ficou próximo ao da poupança, que ficou em 7,89% no mesmo período.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.