Descrição de chapéu aeroportos

Príncipe saudita cria uma Emirates para chamar de sua

Projeto de transformação da Arábia inclui estreia, em 2025, de uma nova empresa aérea

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Riad (Arábia Saudita)

Em 1985, com uma modesta frota de dois aviões, a Emirates iniciou uma carreira que a levou ao estrelato entre as grandes empresas aéreas do mundo, acompanhando e sendo veículo da transformação de Dubai de um emirado desértico a uma Las Vegas e centro de negócios em escala global.

O sucesso inspirou o vizinho Qatar, outro emirado petrolífero riquíssimo, a fazer o mesmo com a aerolinha homônima, lançada em 1993. Dez anos depois, foi a vez de Abu Dhabi, o mais sisudo e politicamente importante dos sete Emirados Árabes Unidos, com a Etihad.

Um Boeing 787-9 da Riyadh Air na pista no Show Aéreo de Dubai, em novembro passado
Um Boeing 787-9 da Riyadh Air na pista no Show Aéreo de Dubai, em novembro passado - Giuseppe Cacace - 13.nov.2023/AFP

Agora é a vez da Arábia Saudita do polêmico Mohammed bin Salman, no poder de fato desde 2017 por indicação de seu pai, o rei Salman. MbS, como é conhecido, quer uma Emirates para chamar de sua.

Seu desejo foi atendido em março do ano passado, com a criação no papel da Riyadh Air, uma empresa que se espelhará em tudo nas vizinhas mais famosas. O foco será viagens internacionais com alto padrão ligando os dois lados do mundo, em um novo "hub" que está sendo construído no deserto perto da capital homônima da empresa, Riad.

Na semana passada, o governo saudita confirmou que os primeiros aviões decolarão em 2025, cinco anos antes do prazo simbólico da transformação prometida por MbS de trazer a Arábia Saudita do status de petromonarquia impenetrável a ponto de referência tecnológica e de lazer no Oriente Médio.

É a chamada Visão 2033, um plano de US$ 3,2 trilhões (R$ 15,8 trilhões, ou 1,5 PIB do Brasil) coalhado de megaprojetos que atraem admiração, ceticismo e críticas em igual medida —no último caso, acerca das intenções do reino de evitar a lembrança de que a transição verde se dará com petrodólares ou de que há questionamentos sérios acerca dos direitos humanos no país.

O ideia é estrear a frota de Boeing 787-9 comprados no ano passado, dentro do quinto maior pacote de venda da atribulada gigante americana, que inclui 39 unidades para a Riyadh e outros 38 para a Saudia, a voadora estatal do país. O negócio todo saiu por US$ 32 bilhões (R$ 183 bilhões).

A empresa também quer uma frota de aviões menores para voos mais curtos e tinha em mente o Boeing 737 Max, mas a crise de reputação após o novo problema com o modelo, que teve um pedaço de fuselagem ejetado por má colocação no ano passado, atrasou o processo.

Até a receita administrativa das irmãs do golfo de ter um nome internacional à frente do negócio está presente: seu presidente é Tony Douglas, executivo britânico que comandou a Etihad de 2018 a 2022.

Como avião precisa ter onde pousar e embarcar passageiros, e o atual Aeroporto Internacional Rei Khalid parece modesto para as pretensões na capital, MbS está fazendo subir aquele que deverá ser um dos mais modernos terminais do mundo, o Rei Salman, em homenagem a seu pai.

A obra terá seis pistas paralelas de pouso e capacidade para 120 milhões de passageiros/ano em 2030, quando Riyahd sediará a Expo, e buscará expandir isso para 185 milhões de pessoas em 2050.

A quantidade de tratores, gruas e trabalhadores em canteiros de obras do aeroporto não permite muita dúvida acerca dos prazos estabelecidos, mas daí a desbancar Dubai vai um caminho. O aeroporto nos Emirados é o segundo maior do mundo em tráfego de passageiros, com pouco menos do que os 5,2 milhões de assentos (usados ou não) que pousaram e decolaram de Dallas (EUA) em 2024.

O mesmo pode se dizer sobre a Riyadh Air, que, a exemplo dos megaprojetos sauditas, como as cidades de Neom e Diriyah, por ora está muito bonita em ambiente virtual, como seu site atesta. A inspiradora emirati, Emirates, também figura entre as principais empresas do mundo.

Não tanto em volume total de passageiros, por operar basicamente rotas internacionais entre as 150 que serve todo dia com 3.600 voos, mas é a primeira justamente neste quesito —pessoas indo para outros países e continentes.

Além disso, a marca é reconhecida como uma das mais lembradas no mercado, segundo a revista Forbes, operando a maior frota de superjumbos Airbus A380 do mundo.

O jornalista viajou a convite do Lide

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