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Agrishow, 30, mais do que nunca, será termômetro do agro nacional em 2024

Feira agrícola que será aberta ao público nesta segunda (29) ocorre em meio a incerteza gerada após evento em Rio Verde negociar quase R$ 2 bi a menos

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Ribeirão Preto

Principal feira do agronegócio brasileiro, a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) será aberta ao público nesta segunda-feira (29) para, mais do que nunca, servir como um termômetro do agro nacional.

A feira realizada em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) há 30 anos historicamente é palco dos modernos lançamentos de máquinas e implementos agrícolas das grandes marcas, mas neste ano terá como componente essencial em sua realização o momento vivido pelo agronegócio no país.

Imagem mostra uma bandeira do Brasil em primeiro plano, com uma série de estandes ao fundo, que abrigam expositores da Agrishow, em Ribeirão Preto
Principal feira do agronegócio brasileiro, a Agrishow será aberta ao público na segunda-feira (29) - Joel Silva-25.abr.2018/Folhapress

Após apresentar sucessivas altas nos últimos anos, os preços de algumas commodities estão em baixa e há o risco de quebra de safra em algumas culturas. Por isso, o desafio é ao menos manter em sua 29ª edição as intenções de negócios geradas em 2023: R$ 13,29 bilhões (R$ 13,73 bilhões, atualizados pela inflação), recorde na história de feiras agrícolas no país.

Integrantes da organização do evento costumam dizer que, "se a Agrishow vai bem, o ano será bom", o que também significa que, em anos em que a feira apresentou desempenho ruim, isso se refletiu pelo agro no decorrer dos respectivos anos.

"Nós estamos vivendo alguns momentos de fatores climáticos, questão de preços das commodities, mas isso faz parte do negócio, faz parte do ciclo da agricultura, da pecuária e do agronegócio. O agricultor já está acostumado com isso, não é a primeira vez, não será a última vez. O importante é que o agronegócio não olha para trás, também não fica chorando as mágoas", afirmou João Carlos Marchesan, presidente da Agrishow.

Além disso, a feira mudou a data de abertura, que neste ano ocorrerá neste domingo (28), restrita a autoridades, expositores e imprensa. Assim, evitará a saia-justa em que a própria feira se colocou no ano passado, quando gerou mal-estar com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que se sentiu "desconvidado" ao ser informado que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria na cerimônia inaugural.

A previsão é que a feira receba cerca de 200 mil visitantes até sexta-feira para conhecer as 800 marcas que estarão expostas nos mais de 25 quilômetros de ruas que abrigam a feira em Ribeirão, num cenário muito diferente do registrado em 1994, quando 120 expositores participaram da primeira Agrishow. O que não mudou foi o endereço, já que a feira sempre ocorreu numa fazenda do governo paulista às margens da rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, no km 321.

AS INCERTEZAS

O ano começou promissor para as principais feiras do agro, mas os negócios abaixo do resultado do ano passado gerados na Tecnoshow Comigo, a maior do Centro-Oeste brasileiro, evidenciaram um temor que rondava o setor.

Encerrada no último dia 12 em Rio Verde (GO), a Tecnoshow teve movimentação de R$ 9,34 bilhões em negócios em sua 21ª edição, com 135 mil visitantes, abaixo dos R$ 11,1 bilhões do ano passado (R$ 11,42 bilhões, atualizados).

Antes dela, a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), e a Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), anunciaram resultados melhores que os obtidos nas edições do ano passado.

Enquanto a feira na cidade gaúcha informou ter gerado R$ 7,92 bilhões (ante R$ 7,3 bilhões, em valores atualizados, em 2023), o evento paranaense negociou R$ 6,1 bilhões (R$ 5,23 bilhões no ano passado, atualizados).

Os dois resultados, porém, contrastam com as previsões da indústria de máquinas para 2024. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) projeta que serão vendidos 54,3 mil tratores e colheitadeiras neste ano, resultado que, se confirmado, configurará a segunda queda seguida no setor.

Depois das 70.262 unidades negociadas em 2022, ano de recorde histórico, o setor comercializou 60.981 colheitadeiras e tratores no ano passado, redução de 13,2%.

"Estamos em um período conjunturalmente não tão bom. Nós tivemos uma seca muito severa este ano. E as commodities têm um ciclo de alta e de baixa, nós estamos num ciclo de baixa", disse Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).

Para a Agrishow, porém, o próprio presidente do conselho de administração da Comigo, Antônio Chavaglia, vê um alento.

Na coletiva de apresentação da Tecnoshow, ele afirmou que a Agrishow tem um diferencial em relação a outros eventos, como a própria feira que a cooperativa que preside realiza.

"Ribeirão Preto é referência nacional, internacional, e tem uma grande diferença, que é a cana. Quem planta cana continua tendo rentabilidade quase o dobro da soja. A cana não caiu de preço, ela manteve o preço. [Historicamente] A cana sempre esteve mais ou menos o preço da soja, só que a soja hoje está em R$ 100 e a cana está R$ 180", disse.

O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), afirmou que a decisão da organização da feira de antecipar a abertura foi "bastante acertada", para evitar tumultos.

A Agrishow é organizada por Abimaq, Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos), Faesp (Federação da Agricultura e da Pecuária de SP) e SRB (Sociedade Rural Brasileira).

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