Descrição de chapéu JBS saneamento BNDES

Wesley Batista e CEO da Aegea se dizem otimistas com 'início de ciclo virtuoso' no Brasil

Discursos destoam da visão de diversos outros empresários, que pregam cautela diante da flexibilização no ajuste das contas públicas

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Stéfanie Rigamonti Matheus dos Santos Lara Barsi
São Paulo

Em meio a um clima de desconfiança do mercado em relação às contas públicas no Brasil, o acionista da J&F, dona da JBS, Wesley Batista, que é da família fundadora da empresa, e o CEO da companhia privada de saneamento Aegea, Radamés Casseb, falaram em início de um ciclo virtuoso no país em evento empresarial nesta segunda-feira (22) em São Paulo.

A visão destoa de diversos outros executivos ouvidos pela Folha na semana passada, que demonstraram cautela diante dos sinais de flexibilização do novo arcabouço fiscal e do acerto das contas públicas no país.

"Claramente o Brasil voltou a ser a bola da vez. E nós vamos ver, na verdade já estamos vendo, com a indústria automotiva e várias outras indústrias anunciando números vultuosos de investimento, acreditamos que vamos voltar a entrar naquele ciclo virtuoso que já vimos o Brasil no passado", disse Batista durante o Seminário Brasil Hoje, organizado pela Esfera Brasil.

Seminário Brasil Hoje, organizado pela Esfera Brasil, reune em São Paulo as principais lideranças políticas e do setor privado para debater os desafios e oportunidades para o país. Na foto, painel com Wesley Batista e Radamês Kasseb, mediado por Camila Camargo, presidente da Esfera
Seminário Brasil Hoje, organizado pela Esfera Brasil, reune em São Paulo as principais lideranças políticas e do setor privado para debater os desafios e oportunidades para o país. Na foto, painel com Wesley Batista e Radamês Kasseb, mediado por Camila Camargo, presidente da Esfera - Bruno Santos/ Folhapress

"Estamos bem otimistas com o Brasil. Estamos com planos de investimento robustos. Plano de investir R$ 50 bilhões e esse plano está caminhando", disse em outro momento de sua fala.

Casseb também falou em ciclo de prosperidade no Brasil, com o novo marco do saneamento aumentando os investimentos e o acesso ao saneamento no país.

"Todos nós, públicos e privados, deveríamos estar focados em ampliar a crença no Brasil do futuro. Ampliar a crença de que cada um desses R$ 800 bilhões [de investimento previsto com o marco do saneamento] gerará um ciclo de prosperidade compartilhada de saúde, reduzindo o custo do Estado, de ampliação de riqueza", disse o empresário no evento.

"Tudo isso é um ciclo de prosperidade, de virtuosidade, que vai ser, passo a passo, implantado no Brasil com o fortalecimento desse vértice no saneamento", completou.

Casseb defendeu a participação do Estado no saneamento para atrair investimentos e ampliar a competição no setor, para gerar inclusão sanitária. O empresário citou como exemplo o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para "puxar as fábricas de projetos".

No ano passado, o setor de saneamento foi o maior destino dos créditos do BNDES, com o banco participando de subscrições de debêntures, entre elas a da Aegea.

Também presente no evento, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), corroborou com a visão de que o Estado tem que estar presente na atração de investimentos ao Brasil, e citou como exemplo os leilões de transmissão realizados pelo governo, que atraíram R$ 60 bilhões em 11 meses.

"Um país com a dimensão territorial do Brasil, com tantas desigualdades sociais, ele não pode ser um Estado mínimo, como pregava o ministro da Economia Paulo Guedes. Tem que ser um Estado que reconhece a necessidade do governo de cuidar da pessoas, com impulsos públicos e estimulando e criando um ambiente de segurança para atrair o capital privado", afirmou Silveira a jornalistas.

Nos bastidores, executivos de grandes empresas brasileiras que estão no evento dizem entender que o otimismo de Batista e Casseb tem relação com a posição privilegiada que o Brasil tem no cenário global. No que diz respeito à política econômica, porém, o momento é de atenção, afirmam.

Empresários citaram incertezas sobre o ritmo de queda dos juros após o governo colocar em dúvida a trajetória fiscal no Brasil, com a meta de superávit podendo ser revisada no próximo ano. Se isso acontecer, fica mais difícil a situação financeira das empresas e impacta na atração de investimentos.

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