Descrição de chapéu Financial Times Estados Unidos inflação

Investidores já veem risco de alta dos juros nos EUA, em vez de corte

Risco de o Federal Reserve retomar altas é de 20%; cenário base, no entanto, é de um a dois cortes em 2024

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Kate Duguid Harriet Clarfelt
Nova York (EUA) | Financial Times

Investidores do mercado aumentaram as apostas de que o Federal Reserve poderá elevar as taxas de juros nos Estados Unidos mais uma vez, uma perspectiva antes impensável que destaca a mudança nas expectativas do mercado após dados econômicos fortes e comentários 'hawkish' das autoridades.

Os mercados de opções agora sugerem uma chance de 20% de alta nos juros dos EUA nos próximos 12 meses.

 Bandeiras sobrevoam o prédio do Federal Reserve em um dia de vento em Washington, EUA, em 26 de maio de 2017.
Sede do Federal Reserve, em Washington (Estados Unidos): Fed elevou agressivamente as taxas de juros entre março de 2022 e julho de 2023 na tentativa de conter a inflação - REUTERS

A mudança nas expectativas afetou os mercados, com os rendimentos dos títulos do Tesouro de dois anos — que se movem inversamente aos preços — atingindo uma alta de cinco meses de 5,01%, e as ações de Wall Street em sua mais longa sequência de perdas em 18 meses antes de subir nesta segunda-feira (22).

A expectativa geral dos investidores é de um ou dois cortes nas taxas de 0,25 ponto percentual este ano, abaixo de seis ou sete previstos em janeiro, de acordo com a precificação no mercado de futuros.

Mas após três meses de dados de inflação mais altos do que o esperado, investidores que estão fora do consenso no mercado de opções começam a levar a sério a possibilidade — sugerida no início deste mês pelo ex-secretário do Tesouro Lawrence Summers — de que o próximo movimento das taxas poderia ser para cima.

"Em algum momento, se os dados continuarem a decepcionar, então acho que o Fed terá que começar a considerar aumentos", disse Richard Clarida, um conselheiro econômico da Pimco, que já foi vice-presidente do banco central. Clarida acrescentou que um aumento nas taxas não era seu cenário base, mas era uma possibilidade se o núcleo da inflação subir novamente acima de 3%.

Os economistas esperam que os gastos pessoais de consumo — uma métrica de inflação seguida dentro do Fed — fiquem em 2,7% quando os dados de março forem divulgados na próxima sexta-feira (26).


"Acho completamente apropriado considerar [um aumento nas taxas]", disse Greg Peters, co-chefe de investimentos da PGIM Fixed Income. "Me sinto muito melhor com o mercado precificando isso, em comparação com o início deste ano, quando eram apenas cortes extremos."

O Fed elevou agressivamente as taxas de juros entre março de 2022 e julho de 2023 na tentativa de conter a inflação. As taxas desde então têm se mantido em 5,25% a 5,5%.

Na semana passada, John Williams, presidente do Fed de Nova York, disse que o estado atual da economia dos EUA significa que ele não "sente urgência em cortar as taxas de juros". Embora não seja seu cenário base, ele acrescentou que se os dados disserem que precisam de taxas de juros mais altas para alcançar os objetivos, "obviamente" fariam isso.

A precificação de opções reflete uma chance de cerca de 20% de aumento nas taxas este ano, de acordo com Ed Al-Hussainy, estrategista de taxas na Columbia Threadneedle Investments.

Sua análise foi baseada em opções que vão lucrar em caso de aumento na "Secured Overnight Financing Rate", uma taxa de referência que acompanha de perto os custos de empréstimos do Fed.

Benson Durham, chefe de política global e alocação de ativos na Piper Sandler, disse que sua análise sugere uma chance de quase 25% de um aumento nas taxas nos próximos 12 meses, enquanto uma análise da PGIM dos dados de opções do Barclays indica uma probabilidade de 29% desse aumento no mesmo período.

No início de 2024, a probabilidade era inferior a 10%.

No entanto, enquanto os investidores estão usando opções para se proteger — ou lucrar — com a possibilidade de aumentos nas taxas, uma série rápida de cortes também permanece uma possibilidade.

O mercado de opções também sugere uma chance de cerca de 20% de o Fed reduzir os custos de empréstimos em até 2 pontos percentuais — ou oito cortes — nos próximos 12 meses, de acordo com Durham."Há muita e muita incerteza", disse Durham. "Meu cenário base tem sido semelhante ao cenário base do Fed nos últimos 18 meses, mas também posso vê-los cortando rapidamente sob certos cenários. Também posso vê-los, por várias razões, adicionando mais um tanto."

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