Descrição de chapéu Chuvas no Sul

Desastre no RS vai acelerar soluções industriais na construção, diz presidente da CBIC

Engenheiro Renato Correia diz que esse fator pode ajudar a driblar desafios de escassez de recursos, mão de obra e logísticos

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São Paulo

Desde o início das chuvas que inundaram o estado do Rio Grande do Sul, a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) propôs 20 medidas emergenciais para a reconstrução do estado. Segundo o presidente da entidade, Renato Correia, o esforço precisa ser conjunto entre todos os entes para dar uma resposta com a rapidez que o estado precisa.

O engenheiro civil reconhece que há diversos desafios logísticos, devido à destruição da infraestrutura local, à escassez de mão de obra no Brasil e à falta de recursos livres disponíveis pelo governo federal, entre outros obstáculos que dificultam dimensionar o tamanho do estrago e prever o tempo de reconstrução.

Para Correia, o setor de construção é sempre um desafio por natureza, devido a prazos, custos e logística. Ele acredita, no entanto, que a velocidade exigida pela tragédia pode impulsionar o uso de soluções industriais que ainda estão sendo testadas ou que ainda não foram difundidas pelo país.

Vista aérea de Roca Sales, no Rio Grande do Sul, tirada em 15 de maio, após enchentes devastarem a região
Vista aérea de Roca Sales, no Rio Grande do Sul, tirada em 15 de maio, após enchentes devastarem a região - Nelson Almeida/AFP

"O setor vai contribuir muito para o Brasil vencer esse desafio. Há uma necessidade de retornar ao padrão anterior ao da calamidade de forma acelerada, e isso vai acontecer com uma abordagem não convencional", diz.

Entre essas soluções para habitação que já existem no Brasil, ele cita a construção "off-site", que são edificações pré-fabricadas fora do canteiro de obra, ou seja, longe do local onde serão instaladas. Segundo Correia, esse método acelera a fabricação de residências.

Outro método interessante, segundo o engenheiro, é o "steel frame", que consiste na formação de uma base de aço para a edificação. A cobertura pode ser feita por meio de madeira ou drywall. A vantagem desse tipo de sistema é a redução de custo e aumento de produtividade.

Correia também cita o uso de casas de conteiner como solução. "A engenharia brasileira tem muitas alternativas para serem aplicadas. Na parte de infraestrutura temos pré-moldados, uso de estrutura metálica, de engenharia de guerra", elenca.

Segundo o engenheiro, a reforma tributária também será essencial para catalisar a industrialização no setor, pois fará com que o país consiga responder com mais rapidez a esse tipo de calamidade, diz.

Entre as 20 medidas emergenciais propostas pela CBIC, a entidade acredita que o programa Minha Casa, Minha Vida é o principal vetor de realocação das famílias que perderam a moradia com a catástrofe climática, além de estimular a recuperação do estado pelo setor da construção.

A câmara da indústria da construção ainda propõe o aumento do valor de subsídios para aquisição da casa própria pelas famílias afetadas, a flexibilização das regras de financiamento no Rio Grande do Sul para compra de unidades no âmbito do Minha Casa, Minha Vida e ajustes nas condições de juros e nas exigências para o setor produtivo.

"As medidas traduzem preocupações das entidades associadas à CBIC no estado", diz a entidade. "A CBIC e suas associadas também propõem a retomada e a priorização de empreendimentos que possam ser entregues rapidamente e o aumento dos recursos orçamentários destinados à política de habitação no estado", completa.

Nesta sexta-feira (17), o governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), apresentou o Plano Rio Grande para ações de reconstrução. O foco principal é garantir moradia temporária aos milhares de desabrigados.

O governador também anunciou a liberação de R$ 2.500 para família em situação de pobreza e extrema pobreza que vive em regiões inundadas. Serão repassados ainda R$ 400 por mês para aluguel social para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, além de auxílio reforma.

São 78.165 pessoas que estão hoje em abrigos montados em clubes, escolas públicas e particulares e universidades pelo estado. Segundo o vice-governador do RS, Gabriel Souza (MDB), cerca de 10 mil pessoas ainda deverão estar em abrigos até o dia 12 de junho.

Além disso, ao menos 154 mortes foram registradas no estado devido à tragédia, segundo boletim divulgado nesta manhã. Mas o número pode ser ainda bem maior nos próximos dias, já que ainda há 98 desaparecidos.

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