Descrição de chapéu União Europeia juros

Banco Central Europeu corta juros pela 1ª vez desde 2019, mas batalha contra a inflação continua

Entidade anuncia redução da taxa de 4% para 3,75%

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Francesco Canepa Balazs Koranyi
Frankfurt (Alemanha) | Reuters

O BCE (Banco Central Europeu) anunciou o primeiro corte na taxas de juros desde 2019, citando o progresso no combate à inflação e reconhecendo que a batalha está longe de terminar.

A entidade reduziu a taxa de depósito de 4% para 3,75%, nesta quinta-feira (6), na primeira redução em cinco anos. O BCE não deu indicação se esse movimento será seguido por um novo afrouxamento em julho.

Christine Lagarde, presidente do BCE, é uma mulher com expressão pensativa e está em primeiro plano, com as mãos próximas ao rosto, como se estivesse ponderando uma questão importante. Ela veste um elegante casaco de tweed e óculos. Ao fundo, a bandeira da União Europeia serve como pano de fundo, sugerindo um contexto de discussões políticas ou econômicas.
Christine Lagarde, presidente do BCE, concede entrevista após anunciar redução dos juros - Kirill Kudreyavtsev / AFP

Em novas previsões divulgadas com o esperado corte de juros, o BCE disse que estima que a inflação ficará em média de 2,2% em 2025 —acima de uma estimativa anterior de 2% e portanto acima da meta de 2% do BCE até o próximo ano.

A inflação nos 20 países que usam o euro caiu de mais de 10% no final de 2022 para 2,6%, em grande parte devido aos custos mais baixos dos combustíveis e à normalização da oferta após alguns problemas pós-pandemia.

"Não estamos nos comprometendo previamente com uma determinada trajetória de juros", disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em uma coletiva de imprensa. "Apesar do progresso nos últimos trimestres, as pressões internas dos preços continuam fortes já que o crescimento dos salários está elevado, e a inflação provavelmente permanecerá acima da meta até o próximo ano", avaliou.

Com a decisão desta quinta-feira, o BCE se junta aos bancos centrais do Canadá, da Suécia e da Suíça, desfazendo algumas das sequências mais acentuadas de aumentos das taxas de juros na história recente.

No entanto, alguns observadores do BCE questionaram a lógica de agir agora, especialmente porque o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) foi abalado por algumas leituras de inflação mais fortes do que o esperado, e não se espera que ele aja antes do segundo semestre.

Investidores do mercado monetário reduziram suas apostas em cortes de juros após o anúncio desta quinta-feira e precificavam apenas mais um, com um pequeno risco de um segundo, para o restante do ano.

Questionada se o BCE estava entrando em uma fase de "reversão" de sua política monetária apertada, Lagarde disse que não podia confirmar que esse processo está em andamento, mas que há "uma forte probabilidade".

"No entanto, isso dependerá dos dados, e o que é muito incerto é a velocidade com que avançamos e o tempo que isso levará", acrescentou.

Última milha

Dados mais fortes do que o esperado sobre a inflação, os salários e a atividade econômica da zona do euro nas últimas semanas alimentaram os temores de uma "última milha" mais difícil no caminho para a meta do BCE —uma preocupação frequentemente expressa pela influente membro do conselho Isabel Schnabel.

A inflação no setor de serviços, que algumas autoridades têm destacado como especialmente relevante porque reflete a demanda doméstica, tem sido uma preocupação especial depois de ter avançado para 4,1% em maio, de 3,7% no mês anterior.

Ao mesmo tempo, uma recuperação no crescimento também reduziu a urgência para o BCE, minando o argumento de que as taxas altas estão sufocando a atividade econômica.

Entretanto, o verdadeiro elefante na sala pode ser o Fed, e se ele iniciará ou atrasará ainda mais seu próprio ciclo de afrouxamento.

Um Fed mais restritivo provavelmente significaria um euro mais fraco e uma inflação importada mais elevada para o bloco monetário, mas também aumentaria os rendimentos nos mercados de títulos globais —um golpe duplo cujo efeito líquido é difícil de prever.

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