PT pede na Justiça que Campos Neto seja proibido de dar declaração 'político-partidária'

Ação do partido foi protocolada na esteira das críticas feitas por Lula ao presidente do Banco Central

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Brasília

A bancada do PT na Câmara dos Deputados entrou com uma ação popular na Justiça em que pede que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seja proibido de fazer "pronunciamentos de natureza político-partidárias".

O partido afirma que "notícias sobre as pretensões eleitorais do atual presidente do Banco Central evidenciam potencial conflito de interesses" e solicita que ele seja impedido de dar declarações que "denotem possível interferência na imparcialidade política imposta" ao chefe da autoridade monetária.

A ação do PT foi protocolada na 6ª Vara Federal Cível da Justiça do Distrito Federal, na esteira das críticas feitas pelo presidente Lula (PT) a Campos Neto nesta semana. O petista afirmou em entrevista nesta terça (18) que o presidente da autoridade bancária tem lado político e trabalha para prejudicar o país. O movimento foi adiantado pela coluna Mônica Bergamo.

Roberto Campos Neto em coletiva de imprensa no Banco Central.

"O presidente do Banco Central, que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país", afirmou Lula à rádio CBN, após declarar que a autoridade monetária está "desajustada".

No documento, a legenda cita o jantar oferecido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a Campos Neto e menciona a informação de que ele aceitaria ser ministro da Fazenda em uma eventual gestão federal do atual chefe do Executivo paulista.

"No caso, a presente ação popular insurge-se contra ostensiva movimentação e articulação político-partidária do presidente do Banco Central do Brasil, amplamente registrada pela imprensa, que indica quebra da necessária imparcialidade na condução daquela instituição e das decisões de política monetária e cambial de sua responsabilidade, que afetam toda a economia do país", diz o documento.

Os deputados dizem na ação que a "conduta de direcionamento político-ideológico" pode impactar sobre a "adequada condução da política monetária e financeira nacional", o que caracteriza "ato atentatório à moralidade administrativa e possível conflito de interesses".

"O objetivo da presente ação popular é, assim, preservar a integridade do Banco Central do Brasil, evitando que a presidência da instituição seja usada para beneficiar determinados segmentos políticos ou grupos econômicos em detrimento do interesse público e social", diz o documento.

Como a Folha mostrou, há uma irritação de Lula, de integrantes do governo e da cúpula petista com a movimentação de Campos Neto, rumo a uma aliança em 2026 com Tarcísio. Aliados do petista apontam como algo importante a responsabilização do presidente do Banco Central pela política de juros, associando-o ao bolsonarismo.

As declarações de Lula ocorreram às vésperas da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). A principal aposta continua sendo a de que o colegiado decidirá nesta quarta de forma unânime pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) no atual patamar de 10,5% ao ano. Mas a possibilidade de novo racha no grupo ganhou força depois das declarações do presidente contra Campos Neto.

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