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‘Succession’ da vida real
O bilionário Rupert Murdoch, 93, está numa batalha jurídica com três de seus filhos pelo o futuro do seu "império". Dono de canais de TV, jornais e produtoras de cinema, ele tenta preservar a abordagem conservadora das empresas, à direita no ringue político.
↳ O grupo News Corp controla os canais Fox, o estúdio de cinema de mesmo nome, o jornal Wall Street Journal, a editora Harper Collins, entre outros.
Em família. Murdoch fez mudanças nos termos da sua herança no fim do ano passado. Ele quer garantir que o filho mais velho e sucessor escolhido, Lachlan, permaneça no comando.
- O patrimônio estimado em US$19,5 bilhões está em um "family trust", fundo de investimentos familiar sob gestão de terceiros;
- Após a morte de Murdoch, o controle do negócio passaria aos quatro filhos, que terão direito a partes iguais.
Três contra dois. James, Elisabeth e Prudence Murdoch são vistos como muito moderados pelo pai. Rudolph alega à Justiça que isso poderia desvalorizar as empresas.
↳ Os três se uniram contra o pai e o irmão Lachlan para preservar as regras iniciais da herança.
Conflitos. James e Elisabeth Murdoch já competiram entre si pelo comando do grupo, e também contra Lachlan. Hoje, porém, tem outros projetos. A escolha por Lachlan só foi revelada em 2018.
No tribunal. A Justiça do estado de Nevada, nos EUA, determinou que o empresário pode alterar as regras do "family trust" se provar que age de boa-fé e para benefício dos herdeiros.
↳ O caso foi revelado pelo New York Times e deverá ser julgado em setembro deste ano.
Quase um Logan Roy. A história do bilionário é uma das inspirações da série "Succession", da HBO, grande vencedora do Emmy neste ano.
Na ficção, o empresário Logan Roy testa seus filhos, que desejam assumir o seu império de mídia. Os irmãos ora se aliam, ora estão em disputa.
O sucesso de crítica teve quatro temporadas até agora, a última lançada em 2023.
Kamalanomics
O baixo desemprego, a melhora dos salários e a força da economia não garantiram popularidade nos EUA ao presidente Joe Biden. Agora, a vice-presidente Kamala Harris é quem tentará convencer os eleitores de que os últimos anos foram bons.
↳ Ela deverá assumir o lugar de Biden na disputa contra o ex-presidente Donald Trump depois da confirmação do partido, em agosto.
Ruins ou bons? Os Estados Unidos se recuperaram rápido da pandemia. Cresceu 1,9% em 2022 e 2,5% em 2023. Neste ano, é esperada alta de 2,7%.
O país segue imbatível como maior economia do mundo, medida pelo PIB (Produto Interno Bruto). Os dados são do FMI, de 2023:
- EUA: US$ 27,3 trilhões
- China: US$ 17,7 trilhões
- Alemanha: US$ 4,4 trilhões
↳ O Brasil está em 8º lugar, com PIB de US$ 2,2 trilhões.
Salário mais gordo. Com esse ritmo de crescimento, a remuneração por hora atingiu US$ 35 em média no mês passado, um recorde. Para quem trabalha 40 horas semanais, o salário mensal foi US$ 5.600 no país (R$ 31,6 mil).
Há vagas. A taxa de desemprego ficou abaixo de 4% por mais de dois anos, entre fevereiro de 2022 e abril de 2024, e setores tiveram dificuldade de contratar profissionais.
Sim, mas… Apesar das boas notícias, a inflação encareceu o custo de vida do americano depois da pandemia. Agora, porém, desacelerou.
- O índice de preços acumula alta de 20% desde 2020;
Para esfriar a alta, o banco central do país aumentou as taxas de juros, que está na faixa de 5,25% a 5,50%. Só agora, o FED indica que haverá cortes.
Bidenomics = Kamalanomics? Analistas políticos destacam que esses são os principais motivos para a avaliação ruim de Biden. Quase tudo ficou mais caro, e os juros também aumentaram.
↳ São as marcas do "Bidenomics" (junção de Biden + economics, economia em inglês), como os americanos chamam as ideias e o legados do atual presidente.
↳ Análise do The New York Times aponta que esses pontos fracos atingem a campanha da candidata democrata, enquanto o público tentar decifrar o que seria o "Kamalanomics".
O que ela defende. Economistas esperam que ela proponha aumento de impostos para financiar políticas sociais. A democrata é a favor de licenças remuneradas para cuidar de membros da família, como a licença maternidade, assim como creches públicas.
↳ Entre os 30 países com maior tributação, os EUA têm uma das menores cargas tributárias, de cerca de 27%. Países nórdicos da Europa chegam a ter mais de 40%.
Corrida. Pesquisas da Reuters/Ipsos e CNN, feitas nesta semana depois da desistência do presidente, mostram Donald Trump e Kamala Harris empatados.
↳ Em uma delas, a democrata está numericamente à frente. Em outra, é o republicano que aparece na ponta.
Dica: a Folha tem uma newsletter exclusiva sobre a eleição nos EUA, marcada para 5 de novembro. Até lá, a correspondente Fernanda Perrin escreve uma edição, direto de Washington, com o que importa na disputa.
Sem turbulências
Boeing e Airbus dominam a fabricação de grandes aviões, e esse "reinado" deve continuar. A americana e a francesa têm uma fila de encomendas que somam 15 mil aviões. Quem quiser comprar um só recebe no fim da década.
Entenda: o alto número de encomendas é resultado da substituição de aeronaves pela maioria das companhias aéreas. Serão necessários 42 mil aviões para aposentar os antigos, mais poluidores, e para responder ao aumento do tráfego aéreo mundial.
E a crise? A Boeing enfrentou problemas nos últimos anos: investigações legais, revisão na engenharia dos aviões e queda da produção após acidentes com o modelo 737.
O ranking.
↳ Fabricantes comerciais, por faturamento em 2023.
1º: Boeing, com US$ 77,8 bilhões
2º: Airbus, com US$ 65,4 bilhões
3º: Bombardier, com US$ 8 bilhões
4º: Embraer, com US$ 5,2 bilhões
Quem vem atrás. Mesmo com o "duopólio" das gigantes, analistas do mercado enxergam a brasileira Embraer e a chinesa Comac como potenciais competidoras, principalmente em modelos específicos.
A indústria chinesa cresceu como fornecedora das companhias aéreas do seu país. O principal modelo é o C919, que carrega até 168 passageiros e fez o primeiro voo há menos de um ano.
Ele poderia concorrer com os modelos médios da Boeing e Airbus, mas só tem certificação na China. Segundo a empresa, são 1.200 aviões encomendados.
A empresa sediada em São José dos Campos (SP) é líder mundial no segmento de aviões comerciais de pequeno porte. E as perspectivas são boas. Ela tem sido mais procurada por companhias aéreas e forças armadas de países.
↳ Hoje a Embraer fabrica o avião comercial E2, com algumas variações no modelo. Ele tem alcance médio e capacidade para até 144 passageiros.
Em alta. A empresa viu suas encomendas saltarem 20% no segundo trimestre, frente a 2023, e pode contar com um empurrão do governo Lula. O governo deseja incentivar as companhias aéreas brasileiras Gol, Azul e Latam a comprar o avião nacional.
↳ Ao fim de 2024, planeja entregar até 215 aeronaves. Em 2023, foram 181.
Startup da semana: CTA Smart
A startup: fundada no Rio Grande do Sul, a CTA Smart desenvolve tecnologia para gestão de estoque de combustíveis em empresas.
O sistema funciona com peças físicas e softwares acoplados nas bombas de abastecimento.
↳ É útil em empresas que têm sua própria frota de veículos, como as da indústria e da agropecuária.
Em números: recebeu R$ 16 milhões de aporte na última semana para expandir a operação internacional, onde opera com a marca Link2 Pump.
↳ São 3 mil postos no Brasil e mais 400 nos Estados Unidos.
↳ Os pontos somados atingiram fluxo de 2,5 bilhões de litros de diesel por ano.
Quem investiu: a gestora brasileira de venture capital Invisto aportou R$ 10 milhões. A Indicator Capital, focada em aportes iniciais, garantiu outros R$ 6 milhões.
Que problema resolve: evita furtos, trabalho manual e erros no lançamento de dados porque automatiza o abastecimento a partir do que foi definido pela empresa.
Por que é destaque: tecnologia aplicada às bombas faz parte da Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), uma das tendências de mais impacto na economia, assim como a Inteligência Artificial.
A CTA afirma que até 20% de combustível pode ser economizado com a automatização.
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