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Bolívia libera criptomoedas e busca ajuda da Rússia por combustível

País vive crise econômica e protestos contra governo que culminaram em tentativa frustrada de golpe

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São Paulo

A Bolívia anunciou a liberação do uso de criptomoeda e está buscando alternativas para solucionar a falta de combustível. As medidas buscam melhorar a situação econômica do país.

O fim da suspensão da moeda virtual, que estava em vigor em 2020, foi anunciada pelo presidente Luis Arce em entrevista à agência de notícias AFP nessa quarta-feira (3).

"É uma medida importante para resolver isto (...), qual é o uso das criptomoedas aqui no nosso país (...) Na realidade, é uma estratégia internacional de não usar mais o dólar, ninguém quer usar o dólar, mas aqui pedem o dólar, enquanto em outros países estão se desfazendo dos dólares", afirmou Arce.

Luis Arce, um homem branco, está sentado em uma cadeira de madeira com estofado azul, gesticulando com as mãos abertas. Ele usa óculos, uma camisa listrada e um blazer escuro. Ao fundo, há uma grande janela que mostra uma vista de prédios e montanhas ao longe.
Luis Arce anuncia liberação da criptomoeda na Bolívia - Aizar Raldes/AFP

Ao mesmo tempo, a estatal de energia YPFB confirmou que negocia uma melhora nas condições de investimento no setor de petróleo e gás do país e busca ajuda da Rússia para superar a recente escassez de combustível.

"Estamos trabalhando para atrair financiamento de vários lados e também procurando parceiros", disse o presidente da YPFB, Armin Dorgathen, à agência de notícias Reuters.

O país sul-americano está se recuperando de um golpe militar frustrado contra o governo na semana passada, que se originou, em parte, em uma crise econômica crescente ligada a anos de declínio na produção de petróleo e gás, que atingiu as reservas de moeda forte.

Dorgathen afirmou que os erros políticos dos últimos anos afastaram os investidores, prejudicando a produção. O gás feito na Bolívia caiu pela metade em relação ao pico de uma década atrás, enquanto a produção de petróleo é a mais baixa desde a década de 1990.

O presidente da YPFB citou problemas com pagamentos, legislação e regulamentação sob a liderança majoritariamente socialista do país nos últimos anos, o que dificultou a entrada de empresas privadas -- uma situação que a estatal está tentando mudar.

"O setor estava desanimado", disse ele. "Agora estamos trabalhando também com os parceiros que já temos aqui na Bolívia —Repsol, TotalEnergies e Petrobras— para que investimentos adicionais possam ser feitos", afirmou.

A imagem mostra um confronto entre policiais e manifestantes em uma rua. Há uma densa fumaça no ar, possivelmente de gás lacrimogêneo. Os policiais estão usando equipamentos de proteção, incluindo capacetes e escudos. Ao fundo, há um ônibus e várias pessoas, algumas das quais parecem estar envolvidas no confronto. Há também destroços espalhados pelo chão.
Polícia usa bombas de gás para conter protesto em estada da Bolívia contra a falta de combustível - Claudia Morales/Reuters

A queda na produção nacional de petróleo e gás tem sido o cerne dos recentes problemas econômicos e políticos da Bolívia. Outrora um importante exportador de gás para vizinhos como o Brasil, a queda na produção prejudicou a receita de exportação e deixou as reservas do banco central quase esgotadas.

Os protestos relacionados à falta de dólares e às longas filas nos postos de gasolina têm se tornado cada vez mais comuns, alimentando as tensões e levando a brigas internas no partido socialista MAS, no poder, entre o presidente Luis Arce e o ex-líder Evo Morales.

Dorgathen disse que, no curto prazo, o maior problema de energia é a escassez de gasolina, que colocou em evidência as importações caras. A Bolívia importa metade da gasolina necessária para atender à demanda doméstica, o que custa cerca de US$ 800 milhões por ano.

Ele disse à Reuters que o país estava se voltando para compras mais diretas —e de baixo custo— de produtores da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e outros por meio de sua nova estatal de trading de energia, a Botrading S.A.

"Nosso objetivo por meio da Opep é ter acesso a combustível mais barato e melhorar os suprimentos", disse Dorgathen.

Além disso, o governo busca ajuda da Rússia, que faz parte da Opep+, para facilitar o fornecimento de combustível. A Rússia foi atingida por sanções sobre as exportações de energia devido à invasão da Ucrânia em 2022.

A russa Lukoil entregou 366 mil barris de diesel em 19 de junho para a YPFB a partir do porto de Vysotsk, no Mar Báltico.

Com informações da AFP e Reuters

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