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Como a Tesla recuperou US$ 386 bilhões em valor de mercado mesmo com queda nas vendas

Empresa está com ações em alta desde abril após desvalorizar 43% no começo do ano

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Esha Dey Mia Gindis
Bloomberg

As ações da Tesla estão em alta desde abril após terem desvalorizado 43% nos quatro primeiros meses do ano. A performance nos últimos três meses fez com que a empresa recuperasse US$ 386 bilhões (R$ 2,16 trilhões) em valor de mercado.

Para analistas, a forma como Elon Musk conduz a empresa é parte importante para entender os resultados, que ocorrem em um ano que a empresa desistiu de um carro elétrico de US$ 25 mil, realizou demissões em massa e viu Musk tentar ampliar o seu poder na companhia que enfrenta queda nas vendas.

Elon Musk chega em um carro da Tesla para evento em Pequim
Elon Musk chega em um carro da Tesla para evento em Pequim - Tingshu Wang/Reuters

O CEO conseguiu fazer com que os investidores prestassem mais atenção ao potencial da Tesla em um futuro dominado pela inteligência artificial do que às suas vendas e lucros lentos no presente. O seu modo de agir buscando o que o mercado quer ouvir e sua incessante habilidade de vendas serão postos à prova nesta terça-feira (23), quando a empresa provavelmente divulgará uma receita menor pelo segundo trimestre consecutivo e uma quarta queda seguida no lucro.

"O verdadeiro divisor de águas para a valorização da Tesla reside na capacidade de Musk de posicionar convincentemente a empresa como líder em tecnologia de IA e carro autônomo", disse Adam Sarhan, fundador e diretor executivo da 50 Park Investments. "Essa mudança de narrativa é crucial para justificar a valorização premium da Tesla em comparação com os fabricantes de automóveis tradicionais."

As ações imprevisíveis da Tesla há muito tempo estão à mercê do carisma e das controvérsias do CEO, e os investidores parecem estar se preparando para mais do mesmo à medida que se aproximam de outro conjunto de resultados financeiros.

A negociação de opções implica que as ações podem ter um movimento de 8% em qualquer direção com base nos resultados do segundo trimestre. É esperado também que Musk fale sobre o adiamento da apresentação de protótipos de robotáxis que estava prevista para agosto.

Embora o dono da Tesla tenha confirmado que pediu "uma mudança importante no design" da frente dos veículos, ele não deu maiores informações sobre a alteração e nem disse quanto tempo extra a empresa precisaria para preparar os carros.

"A divulgação do (balanço do) segundo trimestre da Tesla provavelmente será uma decisão difícil para os investidores, dado todos os elementos em movimento", disse Tom Narayan, analista de ações da RBC Capital Markets, que classifica as ações como equivalente a uma compra.

"Parte desse movimento provavelmente está relacionada ao próximo evento de robotáxis. Esperamos que isso possa ajudar a mudar a narrativa sobre as ações e somos grandes crentes na tese, mas nos perguntamos quanto disso já está precificado", avaliou Narayan.

Musk deu início à recuperação das ações da Tesla ao anunciar, juntamente com os resultados do primeiro trimestre, que a empresa aceleraria a introdução de novos modelos —incluindo veículos mais acessíveis— para o final deste ano. Anteriormente, a empresa havia dito que esperava começar a fabricar veículos elétricos de próxima geração na segunda metade de 2025.

O CEO foi reticente sobre os detalhes desses veículos e também traçou uma linha na areia, dizendo aos investidores que eles não deveriam apostar nas ações da Tesla a menos que acreditassem que a empresa iria "resolver" a tecnologia de direção autônoma.

Os múltiplos elevados com que as ações da Tesla são negociadas —elas trocam de mãos por cerca de 94 vezes os lucros futuros— sugerem que há muitos investidores que confiam que Musk cumprirá suas previsões de carros autônomos. A General Motors e a Ford, em contraste, são negociadas a múltiplos de um dígito médio.

"A venda que vimos quando Musk adiou o evento me diz que grande parte da corrida pelas ações está relacionada à IA", disse Seth Goldstein, estrategista de ações da Morningstar.

Embora muitos analistas apontem o potencial de IA da Tesla como o maior suporte para as ações, os investidores ainda querem que Musk reviva o crescimento no negócio de veículos elétricos enquanto os engenheiros trabalham na tecnologia de direção autônoma.

"A Tesla tem atributos significativos para ser valorizada como uma beneficiária da IA, mas a empresa deve ver uma estabilização nas revisões negativas de lucros dentro do negócio automotivo primeiro", disse Adam Jonas, da Morgan Stanley.

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