Descrição de chapéu Folhainvest Estados Unidos

Dólar fica abaixo de R$ 5,70 e Bolsa sobe, em dia de recuperação global e ata do Copom

Mercados engatam recuperação após enorme aversão ao risco na véspera, sob temores de recessão nos EUA

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São Paulo

O dólar tem queda firme nesta terça-feira (6), em movimento de correção global após a enorme aversão ao risco que marcou a sessão de ontem.

Às 14h07, a moeda norte-americana recuava 1,60%, cotada a R$ 5,647 na venda.

Já a Bolsa brasileira tinha alta de 0,70%, aos 126.146 pontos, também embalada pelo tom mais duro da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada mais cedo nesta manhã, e pela valorização dos papéis de grandes bancos.

Pedestre observa painel que mostra variação da Bolsa de Tóquio nesta terça-feira (6)
Pedestre observa painel que mostra variação da Bolsa de Tóquio nesta terça-feira (6) - Yue Chenxing/Xinhua

Os mercados globais engataram em movimento de recuperação nesta terça, depois de temores de uma recessão nos Estados Unidos tomarem conta dos investidores na véspera.

Bolsas derreteram com a fuga de investimentos considerados de risco, como é o caso de mercados acionários e emergentes. O principal índice do Japão, na segunda-feira, chegou a perder mais de 12% e teve o mecanismo de "circuit breaker" —uma espécie de "disjuntor" que trava negociações em meio a grandes flutuações— acionado ao longo do pregão.

Porém, nesta terça, a Bolsa japonesa se recuperou e fechou em forte alta de 10,23%. A performance se refletiu em outros mercados asiáticos com o índice Kospi, da Coreia do Sul, fechando em alta de 3,3% nesta terça. O índice de ações de Taiwan, que teve sua pior venda da história na segunda-feira, se recuperou e valorizou 3,38%.

Já na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias em Xangai e Shenzhen, fechou praticamente estável com uma queda de 0,01%. Em Xangai, a Bolsa subiu 0,23%.

Os temores de contração da maior economia do mundo ganharam força na sexta-feira, após a divulgação de dados de mercado de trabalho vierem abaixo do esperado.

O "payroll" (folha de pagamento, em inglês) mostrou que os EUA criaram 114 mil vagas no mês passado, ante expectativa de 175 mil, e a taxa de desemprego cresceu para 4,3%, quando agentes financeiros esperavam manutenção em 4,1%.

Os novos dados acionaram a chamada Regra de Sahm, que vincula o início de uma recessão ao momento em que a média móvel de três meses da taxa de desemprego sobe pelo menos 0,5 ponto percentual acima da mínima de 12 meses. Em agosto do ano passado, o índice estava em 3,8%, o que coloca a taxa atual exatamente no gatilho.

O derretimento no Brasil, porém, foi contido pela disparada do Bradesco na Bolsa e por dados de atividade do setor de serviços dos EUA. Aqui, o dólar fechou em alta de 0,53%, aos R$ 5,739, e a Bolsa perdeu 0,46%, aos 125.269 pontos.

O PMI (índice de gerente de compras, na sigla em inglês) mostrou que o setor se recuperou mais do que o esperado para o mês de julho, a 51,4. A expectativa era de que o índice subiria para 51, após marcar 48,8 em junho, o nível mais baixo desde maio de 2020. Uma leitura acima de 50 indica crescimento da atividade.

Além disso, uma autoridade do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) ajudou a apaziguar os ânimos na véspera. Austan Gooslbee, presidente do Fed de Chicago, disse que, embora os dados de emprego tenham sido mais fracos do que o esperado, não parece haver uma recessão a caminho.

Operadores agora esperam que o banco central norte-americano faça um corte nos juros pela primeira vez em mais de dois anos, na reunião marcada para setembro. As apostas se dividem: 75,5% dos investidores esperam uma queda de 0,5 ponto percentual, enquanto os 24,5% restantes esperam 0,25, segundo a ferramenta CME FedWatch.

Na faixa atual de 5,25% e 5,50% desde julho de 2023, a taxa de referência é a mais alta em mais de duas décadas. Para alguns investidores, a percepção é de que o Fed talvez tenha esperado tempo demais para iniciar o ciclo de afrouxamento.

"O Fed pode ter dormido no ponto. Em especial na figura do presidente Jerome Powell, a autarquia foi mais leniente no começo do ano, momento em que os dados de inflação estavam vindo estranhamente elevados. Nestas últimas semanas, quando os dados começaram a vir de forma mais moderada, o Fed tentou consertar a rota vindo um pouco mais contracionista do que o necessário", diz César Garritano, economista-chefe da SOMMA Investimentos

Na cena doméstica, o mercado também repercutia a ata do Copom, que reafirmou o compromisso com a convergência da inflação à meta e disse que não hesitará em subir a taxa Selic mais uma vez, caso necessário.

A ata, na visão da equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú, transmite que o comitê está atento às perspectivas de inflação e pronto para subir os juros caso o câmbio continue deteriorado.

"Como acreditamos que o real se fortalecerá nas próximas semanas, à medida que os mercados globais se acalmarem, mantemos, por enquanto, a previsão de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano", afirmou a equipe em relatório a clientes.

"Se o câmbio não reagir, um ciclo de alta, começando em setembro, será inevitável."

Na visão do economista-chefe da Azimut Brasil WM, Gino Olivares, a ata reforçou a mensagem mais dura do comunicado que acompanhou a decisão do BC na semana passada e mostra um Copom coeso e comprometido com o objetivo de levar a inflação à meta.

"Num cenário que, por diversos fatores, está ficando cada vez mais incerto, agora temos uma incerteza a menos", pontuou.

No meio corporativo, o Ibovespa se beneficiava do avanço em bloco de grandes bancos. Bradesco tinha forte alta de 3%, ainda embalado pela repercussão positiva do balanço trimestral, e Itaú subia 1,90%, antes de divulgar os dados do último trimestre.

Vale tinha leve queda de 0,09%, em mais um dia de perdas do minério de ferro no exterior. A Petrobras avançava, com os papéis preferenciais em alta de 0,73% e os ordinários, de 1,23%.

Na ponta negativa, Vamos liderava com perdas de 9%, após o balanço corporativo frustrar expectativas de investidores.

A possibilidade de alta na Selic inclinava a curva de contratos futuros para cima —que, no Ibovespa, costuma se traduzir em pressão para empresas mais sensíveis a juros. As varejistas Magazine Luiza, Petz e Pão de Açúcar caíam no pregão.

Com Reuters

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