Descrição de chapéu newsletters da folha

Hidrogênio verde emperra, Haddad fica mais otimista e o que importa no mercado

Leia edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (13)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Victor Sena
São Paulo

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (13). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:

Hidrogênio verde emperra

Falta dinheiro para bancar a produção de hidrogênio verde no mundo. As empresas que constroem usinas desse combustível até conseguiram contratos de interesse com futuros clientes, mas a maioria não consegue garantir a venda.

↳ Apenas 12% das empresas possuem acordos confirmados, segundo a BloombergNEF.

Relembre: o hidrogênio só pode ser considerado verde quando o processo para produzi-lo utiliza fontes renováveis de energia –como eólica e solar. Quase todo o que é usado hoje vêm do gás natural, uma opção poluente.

↳ O processo mais comum para obtê-lo é a partir da eletrólise, reação química em que ocorre há quebra da molécula de água (H2O). De um lado sai o H2, hidrogênio, e do outro o O, oxigênio que respiramos.

Por que importa: a incerteza e a falta de financiamento mantêm a produção em níveis baixos. Na luta contra as mudanças climáticas, o combustível pode ser essencial para zerar as emissões de carbono.

Muitos analistas não veem outra forma de descarbonizar a produção de aço, transporte marítimo e outras indústrias que não funcionam tão bem com eletricidade.

Parte das montadoras também defende o combustível como opção aos carros 100% à bateria.

↳ Para neutralizar as emissões de carbono, a Bloomberg NEF prevê que será preciso usar 390 milhões de toneladas de hidrogênio por ano no mundo, quatro vezes o usado hoje.

O que dificulta: a falta de infraestrutura de escoamento e distribuição. Potenciais clientes estão adiando encomendas porque precisam modernizar suas instalações para usar o combustível.

Sem pedidos, o setor não avança com os projetos bilionários. Produzir hidrogênio verde custa quatro vezes mais que o comum.

Analistas ouvidos pela agência Bloomberg apontam que os projetos com maior chance de sucesso ficam próximo de uma fonte de energia limpa e dos seus clientes.

Exemplo: na Suécia, a siderúrgica H2 Green Steel garantiu US$ 6,9 bilhões (R$ 37,9 bi) para a produção. As hidrelétricas da região fornecem eletricidade, e parte das vendas do chamado aço verde já está garantida para carros da Mercedes-Benz.

Projetos que dependem de gasodutos ou navios tendem a ser deixados de lado devido aos desafios do transporte, que exige baixas temperaturas e alta pressão.

E o Brasil? Vê o setor como uma oportunidade econômica. O país é o terceiro maior produtor de energia renovável, atrás apenas de EUA e China, o que o torna competitivo em preço.

A BloombergNEF projeta o Brasil como um dos únicos capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por quilo até 2030.

Sim, mas… Para viabilizar esse cenário, precisa investir cerca de US$ 200 bilhões (R$ 1,04 trilhão) até 2040 em indústria e infraestrutura, segundo a McKinsey.

Avanço na lei. O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira um projeto de lei que cria incentivos fiscais para projetos de hidrogênio verde. A iniciativa concederá subsídio às empresas com desconto no imposto CSLL.

↳ Levantamento da Folha calcula mais de R$ 180 bilhões em investimentos anunciados por empresas privadas, como Qair, Shell e Fortescue.

↳ Apesar dos valores anunciado, a maioria dos projetos continua no papel, e o hidrogênio longe da produção em massa.


Haddad otimista

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê que a economia brasileira terá um bom desempenho este ano. Em um evento nesta segunda-feira (12), ele revelou que o governo federal revisará para cima a estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

↳ A atual projeção é de alta de 2,5%.

↳ A economia brasileira encerrou 2023 com uma produção total de R$ 10,9 trilhões.

Confiantes. A previsão atual já é mais otimista do que a dos economistas do mercado financeiro, que estimam um crescimento de 2,2% para este ano, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central.

Melhor que esperado. A economia brasileira tem superado as expectativas nos últimos anos, após a pandemia. Em 2022 e 2023, o crescimento foi de 3%, com destaque para o agronegócio, serviços e a indústria do petróleo.

↳Haddad já havia afirmado no mês passado que a projeção do PIB deveria ser revisada para cima, mas manteve os 2,5% por cautela à época.

↳ O ministro também declarou que é hora de "virar a página" dos últimos dez anos, marcados por altos gastos, pouca receita e baixo crescimento.

Crises. O crescimento brasileiro na década passada foi o pior da história, com uma média de apenas 0,26% ao ano, devido a duas crises entre 2011 e 2020: a do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) e o início da pandemia no governo Bolsonaro (PL).

De um lado... Parte dos analistas vê a expansão de 3% nos últimos anos como resultado de grandes gastos do governo, que não se sustentariam no médio prazo porque as contas públicas precisam fechar este ano e o próximo sem déficit.

↳ Em 2022, ano eleitoral, e 2023, as despesas tiveram forte expansão.

Do outro... Há economistas que afirmam que o país pode ter melhorado a dinâmica da sua economia, com aumento de produtividade e capacidade de absorver mais mão de obra. Isso justificaria a alta.

↳ Em entrevista à Folha, o economista do Bank of America, David Beker, defende essa tese de que o crescimento está naturalmente maior. A previsão dele é de 2,7%.


Disney dobra a aposta

Quando a Disney anunciou no ano passado que planejava gastar US$ 60 bilhões (R$ 329 bilhões) para expandir seus parques, o preço das ações caiu na hora.

A dúvida dos investidores era se o investimento valia a pena para as finanças da empresa, em meio às incertezas sobre vendas de ingresso e o futuro da economia americana.

Dobrou a aposta. Mesmo com dificuldades para atrair visitantes em meio à inflação alta no país, a companhia decidiu criar novidades e fazer a expansão bilionária. Os detalhes foram anunciados nos últimos dias.

↳ O Magic Kingdom, um dos parques mais famosos na Flórida, passará pela maior atualização em 53 anos.

↳ Os investimentos deverão ultrapassar os US$ 60 bilhões. Os novos espaços serão entregues em dois anos.

Entenda: o custo de vida alto nos Estados Unidos esfriou a presença nos parques desde 2023. Isso tem refletido nas vendas de ingressos.

↳ O faturamento bilionário da Disney foi mais fraco que o esperado no último trimestre, como expliquei nesta edição da newsletter.

Algumas atrações anunciadas para a Flórida:

  • Espaços e brinquedos inspirados nos vilões da Disney e nos filmes "Carros", da Pixar, nos parques;
  • Montanha-russa temática do longa "Monstros S.A" e outra do "Homem-Aranha";
  • Atração aquática de "O Rei Leão".

Tem mais. Na Califórnia, o parque receberá dois brinquedos de super-heróis, uma atração aquática de "Avatar" e outra inspirada no filme "Viva, a vida é uma festa".

A Disney vai construir quatro novos navios de cruzeiro —além de outros quatro já anunciados—, quase triplicando sua frota até 2031.

Joia da coroa. Os parques temáticos têm grande importância financeira para a empresa. Com navios de cruzeiro, eles contribuíram com 70% do lucro em 2023. Há dez anos, somavam apenas 30%, época em que o faturamento com TV era alto.

Menos parques, mais streamings. O crescimento das assinaturas de streaming tiveram papel importante nos últimos meses para compensar a receita fraca dos parques.

↳ As marcas Disney+, Hulu e ESPN registraram o primeiro lucro somado, de US$ 47 milhões (R$ 258 milhões)

↳ O Disney+ terminou o trimestre com 153,8 milhões de assinantes em todo o mundo, aumento de 200 mil em relação ao anterior.


Dica de carreira

Amigos, amigos, trabalho à parte?

Quais são os limites da amizade no ambiente profissional? Dá para ser amigo do chefe? Ao assumir um papel de liderança, como deve ser a relação com os subordinados?

A FolhaCarreiras desta semana explica: a construção de relacionamentos deve ser uma consequência, e não o foco do profissional dentro da empresa.

↳ É importante ter maturidade e entender que você será cobrado para entregar as tarefas para as quais foi contratado, não para fazer amigos.

O que pode dar errado: amigos podem vazar informações confidenciais, misturar assuntos pessoais e profissionais, e perder credibilidade com outros colegas de trabalho.

  • Exemplos: alguém do RH contar para seu amigo que um profissional da área dele vai ser demitido. Ou ter sua liderança questionada caso promova alguém de quem é próximo.

Sim, mas… Amizades podem também ajudar a aumentar o engajamento dos profissionais tornar o ambiente mais dinâmico e colaborativo. O segredo é lidar com maturidade.

Quer mais dicas de como conciliar relações de trabalho com uma boa imagem profissional? Inscreva-se e receba a edição escrita pela repórter Gabriela Bonin.

Clique para se inscrever e receber a edição da FolhaCarreiras.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.