Descrição de chapéu inflação juros Argentina

Inflação desacelera na Argentina e atinge 4% em julho, menor marca desde 2022

Índice de preços ao consumidor vem diminuindo paulatinamente desde explosão inflacionária de 25,5% em dezembro de 2023

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Buenos Aires | AFP

A inflação na Argentina foi de 4% em julho, a cifra mensal mais baixa dos últimos dois anos e meio e a terceira consecutiva abaixo de 5%, informou nesta quarta-feira (14) o Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos).

O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) alcançou nos últimos 12 meses 263,4%, um dos níveis mais altos do mundo, enquanto nos primeiros sete meses do ano chegou a 87%.

Os aumentos foram impulsionados pelos setores de restaurantes e hotéis (6,5%), bebidas alcoólicas e tabaco (6,1%) e habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis (6%).

A imagem mostra o interior de um supermercado, com prateleiras cheias de produtos empilhados em sacos coloridos. Há várias pessoas fazendo compras, algumas empurrando carrinhos. Ao fundo, há uma seção de refrigerados com produtos visíveis. Placas de ofertas estão penduradas em várias partes, destacando preços. O ambiente é bem iluminado.
Pessoas fazem compras em um supermercado de Buenos Aires; em julho, inflação argentina atingiu menor patamar desde 2022 - Martin Zabala - 11.abr.2024/Xinhua

Após a explosão inflacionária de 25,5% em dezembro, impulsionada pela forte desvalorização do peso argentino no início do governo de Javier Milei, o IPC foi moderando-se paulatinamente até chegar a 4,2% em maio, 4,6% em junho e o atual 4%, que ficou à beira de contrapor a marca de janeiro de 2022 (3,9%).

O governo argentino obteve no primeiro semestre deste ano o primeiro superávit fiscal desde 2008 com a implementação de um drástico corte de orçamento, paralisação de obras públicas, dezenas de milhares de demissões, congelamento de fundos para educação e saúde e redução de aposentadorias e ajudas sociais.

"Quando olhamos o mapa de atividade, as luzes verdes cada vez ganham um pouco mais de terreno, e tecnicamente a recessão viveu seu pior momento em abril e maio", celebrou Milei nesta quarta-feira (14) diante de empresários.

O mandatário ultraliberal destacou o trabalho de seus ministros para alcançar "uma macroeconomia ordenada para dar uma solução definitiva à inflação; um profundo corte do gasto público e uma atenção obsessiva em desregular e devolver a liberdade a cada um dos argentinos".

Tema encerrado

O porta-voz presidencial Manuel Adorni considerou, à véspera da divulgação dos dados, que "a inflação é um tema que tecnicamente está encerrado", ao acrescentar que o governo fez "tudo o que precisava para solucioná-la".

"O que resta é tempo para ver essa inflação desmoronar", afirmou. Em contraste, para o economista Ricardo Delgado, diretor da consultoria Analytica, "dar por encerrada a inflação é demais para este momento da economia".

"Há uma desaceleração da inflação devido a várias questões como a atividade econômica em níveis muito baixos. A recessão sempre produz queda da inflação", explicou à Rádio Continental.

O consumo e a atividade econômica despencaram desde dezembro devido à desvalorização do peso e aos cortes orçamentários. Segundo a Câmara Argentina da Média Empresa, a venda no varejo caiu 15% em julho, em relação ao mesmo período de 2023, e 17% no acumulado do ano.

De acordo com dados da Seguridade Social, mais de 600 mil pessoas deixaram de contribuir nos últimos seis meses, o que poderia significar uma perda de emprego ou uma transição para a informalidade laboral.

O governo contabiliza 115 mil perdas de empregos comprovadas no setor privado, mas assegura que em junho foi registrado o primeiro aumento.

O economista e deputado da oposição Martín Tetaz apontou que "depois de ter caído sistematicamente até o mês de maio, a inflação está há três meses em torno de 4% mensal (60% anualizado)".

"O patamar é consistente com o aumento da diferença cambial e a queda real dos depósitos a prazo", escreveu na rede social X.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê uma contração de 3,5% na economia argentina para 2024, antes de uma recuperação de 5% para 2025.

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