Descrição de chapéu Governo Lula

Lula lamenta morte de Delfim Netto: 'Quando o adversário é inteligente, nos faz trabalhar mais'

Ministro na ditadura militar, economista apoiou políticas públicas dos primeiros mandatos de Lula

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou, por meio de nota, sobre a morte do ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, que morreu nesta segunda-feira (12), aos 96 anos.

"Durante 30 anos eu fiz críticas a Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente, porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos", disse Lula.

O presidente Lula recebendo apoio do então deputado federal Delfim Netto durante as eleições de 2006, em São Paulo. - Tuca Vieira - 10.out.2006/Folhapress

Quando ministro, Delfim foi um dos responsáveis por assinar, em 1968, o AI-5, o ato que inaugurou os Anos de Chumbo no país. Já como deputado federal, chancelou a Constituição de 1988, considerada uma das mais democráticas do planeta. Durante os dois primeiros mandatos de Lula, o economista contribuiu com as políticas sociais da gestão e tornou-se um dos principais interlocutores do governo na época.

"Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes", afirmou o presidente.

Na nota, o governo também menciona a perda de Maria Conceição Tavares, economista de vertente divergente à de Delfim Netto, que morreu em junho deste ano.

"Em um curto espaço de tempo, o Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país: Delfim Netto e Maria da Conceição Tavares. Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser de batido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos. Meus sentimentos aos familiares, amigos e alunos de Delfim Netto."

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, publicou em sua conta no X (antigo Twitter) um pedido de respeito ao ex-chefe do ministério e prestou condolências à família.

"O professor Antônio Delfim Netto merece respeito por ter se dedicado ao progresso econômico brasileiro. Meus sentimentos aos amigos e familiares", diz o post.

O ministério também se manifestou sobre a morte de Delfim Netto. A pasta afirmou que o ex-ministro foi um "referencial em diferentes fases da história do país".

"Por décadas, [Delfim] fomentou debates essenciais sobre a condução da política econômica brasileira. Neste momento de luto, os servidores do ministério da Fazenda manifestam respeito e solidariedade aos familiares e amigos de Delfim Netto", disse a Fazenda.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também publicou em sua conta no X, dizendo que Delfim deixa um "legado histórico para o país".

As homenagens também foram prestadas pelo Ministério do Planejamento, que publicou uma nota em que classifica o economista como um dos "mais respeitados e ouvidos da história do Brasil".

"Delfim influenciou fortemente a condução da economia e o debate macroeconômico do país nas últimas décadas. Seja como ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, seja como deputado e consultor, o professor emérito da USP teve atuação marcada pela defesa da indústria e das exportações brasileiras, pela valorização do trabalho de planejar o país e pela capacidade de dialogar com pessoas de diferentes correntes de pensamento".

O Banco Central emitiu uma nota agradecendo a Delfim por suas contribuições ao pensamento econômico e à economia brasileira.

A morte de Delfim também foi lamentada pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que foi deputado federal no mesmo período do economista. Em nota, Mercadante também mencionou as diferenças políticas entre eles, mas enfatizou o apoio de Delfim Netto ao governo Lula.

"Recebo com tristeza a informação sobre a morte do economista Delfim Netto. Fomos deputados no mesmo período histórico e estivemos na Comissão de Economia, espaço público em que havia um debate qualificado sobre as políticas de desenvolvimento nacional", diz a nota.

"Apesar das divergências políticas e no próprio debate econômico, que tivemos ao longo da vida, Delfim Netto sempre teve compromisso com a produção e com o crescimento da economia. Mesmo tendo sido um ministro destacado do regime militar - liderou o chamado 'milagre brasileiro' -, Delfim apoiou o governo Lula em momentos importantes e desafiadores", completa.

Delfim também foi professor de economia na USP, onde Mercadante se graduou.

Ele deixa filha e neto. Não haverá velório aberto ao público e o enterro será restrito à família.

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