Descrição de chapéu mercado de trabalho

Mutirão do Emprego começa sem filas, com mais vagas do que trabalhadores

Feirão ocorre no vale do Anhangabaú, no centro de SP, até sexta (16); empresas oferecem 22 mil oportunidades

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São Paulo

As longas filas de desempregados que tomavam conta do vale do Anhangabaú no Mutirão do Emprego da UGT (União Geral dos Trabalhadores) e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo ficaram para trás.

A nona edição do evento, que começou nesta segunda-feira (12) e vai até sexta (16), tem mais vagas do que trabalhadores.

O feirão foi anunciado com uma lista inicial de 20 mil oportunidades, mas, chegou a 22 mil postos abertos antes mesmo de começar, às 7h. A fila tinha cerca de 50 trabalhadores próximo da abertura dos portões, e às 10h, todos já haviam sido direcionados para um atendimento.

Ricardo Patah, presidente da UGT e do sindicato, atribuiu a baixa procura ao momento do mercado de trabalho aquecido, com índice de desemprego em baixa —a taxa é de 6,9% no segundo trimestre deste ano.

"Houve uma mudança importante no cenário de emprego no Brasil, tendo talvez um dos índices mais baixos dos últimos anos. Mesmo assim, na cidade de São Paulo, ainda tem muitas pessoas desempregadas e desalentadas", diz.

Para o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, a tendência é um outro tipo de movimentação no mercado, com trabalhadores em busca de vagas que paguem salário maior, em empregos onde haja mais respeito e reconhecimento, como mostrou a Folha em reportagem exclusiva.

"A economia vem funcionando bem. Uma das colheitas importantes está no mercado de trabalho, onde nós geramos, em 18 meses, 2,758 milhões de novos empregos, 1,3 milhão no primeiro semestre deste ano, acima do ano passado. Portando nós estamos otimistas com o mercado de trabalho", afirma.

"São duas coisas positivas, a diminuição da fila pelo aumento das oportunidades e também o trabalhador que se anima com esse momento e diz o seguinte: 'eu não estou sendo respeitado, valorizado, vou procurar um empregador que me respeite e me valorize mais'", diz.

A imagem mostra um grupo de homens em um evento ao ar livre. Dois homens estão se cumprimentando, um deles vestindo um paletó cinza e o outro uma jaqueta azul. Um jovem está entre eles, observando a interação. Ao fundo, outras pessoas estão visíveis, algumas vestindo camisetas brancas com logotipos
Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, cumprimenta os dois primeiros trabalhadores na fila do Mutirão Nacional do Emprego, na sede do Sindicato dos Comerciários de São Paulo - Rafaela Araújo/Folhapress

Para quem está sem emprego, no entanto, a espera por uma vaga é angustiante, e foi isso que fez o gerente de serviços Marcel Borges, 41 anos, chegar no dia anterior ao mutirão. Ele foi o primeiro da fila. Desempregado há cem dias, Borges passou a tarde pela região central e enfrentou o frio da madrugada.

Pela manhã, foi atendido e direcionado para três entrevistas de emprego. O gerente de serviços tem formação em ensino superior. É da zona sul da capital paulista, mora sozinho e diz que utilizou todas as economias para se manter neste período. Segundo ele, seu último emprego com carteira assinada foi temporário.

Cristyan Ribeiro, 20, é estudante de análise e desenvolvimento de sistema. Segundo da fila, chegou às 4h no mutirão, com a expectativa de conseguir uma vaga de estágio.

Já Fábio Thomaz, 40, o terceiro da fila, espera que a proximidade do final do ano lhe garanta alguma chance formal, mesmo que temporária, no comércio. Ele chegou às 5h. Desde que começou a trabalhar, atua na área de supermercados, como operador de caixa, recebimento de mercadoria, estoque, entre outros postos. Thomaz está há seis meses procurando emprego.

As irmãs Daniela Maria, 36 anos, e Clarice Silva, 34 anos, foram juntas, às 5h da manhã, para a fila do mutirão. Elas moram com a mãe, que recebe pensão por morte, e esperam sair empregadas. Clarice está desempregada há em busca de emprego há três meses, mas passou mais tempo desempregada. Ela conseguiu se manter com o dinheiro da rescisão e do seguro-desemprego.

O mutirão do emprego vai até sexta-feira (16), na sede do Sindicato dos Comerciários, na rua Formosa, 99, ao lado do metrô. Há vagas em todos os setores da economia, como comércio, serviços, construção civil e indústria em geral. Somente na área de telemarketing há 3.000 postos. A rede de petshops Petz tem 70 postos para início imediato.

A Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo da Prefeitura de São Paulo oferecerá 1.200 vagas no evento, 200 delas destinadas à inclusão social.

"Temos que transformar o turismo em um ambiente cada vez mais inclusivo e de grande oportunidade de crescimento profissional", afirma Roberto de Lucena, secretário de Turismo e Viagens de SP.

O Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) está no mutirão, oferecendo 26 mil bolsas de estudo. Os cursos são para pessoas cuja renda por pessoa da família seja de até dois salários mínimos.

O feirão chega à nona edição em 2024 e expande a abrangência. Há vagas a trabalhadores de todas as idades, incluindo jovem aprendiz entre 14 e 24 anos, pessoas acima de 60 anos, pessoas com deficiência, imigrantes e refugiados, população LGBTQIA+ e estudantes em busca de estágio.

Como participar

O trabalhador interessado em uma das 22 mil vagas deve ir até o local, levando documentos pessoais e a carteira de trabalho. Quem tiver currículo, pode levar.

O mutirão de 2023 realizou um total de 64,3 mil atendimentos, 8% a mais do que em 2022, quando foram atendidas 59,3 mil pessoas. No ano passado, foram divulgadas 6.000 vagas, mas, ao final do evento, haviam sido ofertadas 13.504 oportunidade de emprego, aumento de 29% ante 2022, com 10.504 vagas.

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