Investimentos na matriz eólica superam R$ 187,1 bi na última década

Fonte de energia ganha competitividade no país com preocupação ambiental

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Luis Henrique Gomes
Natal

Quando o primeiro leilão de energia eólica foi feito no Brasil, em 2009, só 0,5% da capacidade de geração de eletricidade do país tinha essa origem. Passados 12 anos, esse percentual cresceu para 10,6%, com investimentos no país que somam US$ 35,8 bilhões entre 2011 e 2019, segundo os cálculos da Bloomberg New Energy Finance. A quantia corresponde a R$ 187,1 bilhões em valores atuais.

Com esse crescimento, numa década em que o mundo se comprometeu em reduzir a emissão de carbono, a matriz eólica se tornou uma fonte de energia competitiva no Brasil e tem a seu favor o financiamento de bancos internacionais que buscam cumprir as metas do Acordo de Paris, realizado em 2015.

Somente no Rio Grande do Norte, o estado que mais produz esse tipo de energia no Brasil hoje, mais de R$ 15 bilhões foram investidos em parques eólicos.

O primeiro foi instalado pela Neoenergia em 2006, no município de Rio do Fogo, distante 80 quilômetros de Natal, com capacidade de 28 MW (megawatts). Hoje, o estado possui uma capacidade de 5.266 MW instalados, em mais de 180 parques.

Além dos investimentos, empresas têm buscado cada vez mais adquirir energia gerada em parques eólicos, de acordo com a presidente da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Elbia Gannoum. Em 2020, cerca de 3 GW (gigawatts) foram comprados por companhias.

Dois fatores contribuem para isso: a perspectiva de uma energia mais limpa, com menos passivos ambientais, e o preço competitivo.

“Hoje a energia eólica é a mais barata do país. Por isso, a perspectiva é que os investimentos aumentem nos próximos anos”, diz Gannoum.

Segundo a presidente da Abeeólica, o Brasil já está entre os países com as matrizes energéticas mais limpas do mundo, mas o setor eólico continuará em expansão. Os investimentos até 2029 devem chegar a R$ 72,3 bilhões.

“O Brasil tem a melhor posição do mundo em energia porque é o país mais rico em recursos renováveis”, diz ela.

A perspectiva é que essa energia passe a ser comprada de forma cada vez mais intensa pelas indústrias movidas a combustíveis fósseis, que emitem carbono.

No entanto, o país precisa avançar se quiser reduzir ainda mais a emissão do poluente na geração de energia, na opinião do pesquisador Mário Gonzalez, docente da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

Ele explica, por exemplo, que a própria indústria eólica precisa gerar carbono para fabricar os aerogeradores, que são feitos de aço.

“Algumas pesquisas buscam que, nessa fabricação do aço, não haja emissão de carbono. É uma emissão mínima, se comparamos com a indústria e a matriz de outros países, e mostra que ainda precisamos avançar”, afirma o professor, que é um dos representantes do país no Grupo de Trabalho de Energia Renovável dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

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